Mais games, menos consoles: E3 mostrou o que vamos jogar nos próximos anos
Para quem esperava o anúncio do próximo PlayStation ou Xbox, a E3 2018 pode ter sido decepcionante: a próxima geração de consoles foi apenas sugerida pelo chefão da divisão Xbox, Phil Spencer e pelo diretor de "Fallout 76", Todd Howard, que anunciou os dois primeiros jogos dos futuros videogames, "Starfield" e "The Elder Scrolls VI". As estrelas da E3 neste ano foram os jogos. E isso é muito bom para o consumidor.
Mais de uma centena de novos games foram anunciados nos últimos dias e é difícil destacar apenas um ou outro título mais impressionante tecnicamente. Todas as três fabricantes de consoles (Microsoft, Nintendo e Sony) dedicaram suas apresentações para mostrar novos jogos para os consoles atuais, justificando o investimento feito pelos jogadores em máquinas como o PS4 Pro, o Xbox One X e o Switch.
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Mesmo as principais produtoras optaram por apresentações longas e convincentes de seus principais games para este e o próximo ano: "FIFA 19", "Battlefield V" e "Anthem" na EA, "Assassin's Creed Odyssey", "Beyond Good & Evil 2" e "The Division 2" na Ubisoft. Em geral, se essas marcas não surpreenderam, ao menos não decepcionaram os fãs - a Square Enix foi a exceção que comprova a regra e deixou de fora novidades sobre os aguardados "Final Fantasy VII Remake" e o jogo dos Vingadores.
Com a sobrevida dada pelas versões mais potentes do Xbox One e do PlayStation 4 - e a chegada tardia da Nintendo à geração atual com o Switch - é justo que as empresas mostrem seus melhores jogos agora. Não é hora de vender novos aparelhos, mas de oferecer games para a comunidade que adquiriu os consoles atuais.
É provável que os sucessores deles só apareçam por volta de 2020 e com um modelo de negócios diferente do que os jogadores estão acostumados e mais parecido com o dos celulares. Não é a toa que Phil Spencer falou sobre "os próximos consoles Xbox" no plural na conferência da Microsoft no último domingo (10).
O efeito Fortnite
O sucesso de jogos como "PUBG" e "Fortnite" teve impacto nos jogos apresentados na E3 deste ano: os novos "Call of Duty" e "Battlefield" terão modos de jogo com partidas para 100 jogadores. O game "Maverick: Proving Grounds", anunciado na segunda-feira no ainda obscuro PC Gaming Show, quer levar a brincadeira ainda mais longe, com modalidades para 400 e até 1.000 jogadores simultâneos.
O próprio "Fortnite", game mais badalado dos últimos tempos, deu as caras na transmissão da Nintendo, com o anúncio de uma versão gratuita para o Switch e que já está disponível para download. Dois milhões de jogadores baixaram o game no Switch em menos de 24 horas, e um efeito colateral já pode ser sentido: contas de "Fortnite" criadas no PS4 são bloqueadas no videogame da Nintendo. Isso significa que todo o progresso, skins e mesmo itens pagos comprados nesta conta não são transferíveis entre as duas versões.
Uma das razões para o sucesso de "Fortnite" é justamente a compatibilidade entre plataformas: você joga junto com outras pessoas independente de estar no PC, Xbox One ou Switch, mas a Sony insiste em ficar de fora da festa - uma atitude que já é considerada esnobe pela comunidade e que pode ter um impacto nas vendas da próxima geração do PlayStation, conforme o chamado "crossplay" se consolidar como um padrão em jogos online.
Além do jogo de tiro, games populares como "Rocket League" e "Minecraft" permitem partidas entre jogadores em plataformas diferentes e o RPG "Elder Scrolls Blades", anunciado nesta E3, vai incluir até óculos de realidade virtual e celulares na brincadeira.
É o fim do mundo!
Certos temas costumam se tornar moda de tempos em tempos na indústria de jogos e este ano é a vez do fim do mundo. Grandes jogos com cenários pós-apocalípticos e catastróficos estão por todos os lados na principal feira de games de 2018, capitaneados por "Fallout 76", da Bethesda Softworks, primeiro jogo online da popular franquia ambientada na América pós-guerra nuclear.
O jogo da Bethesda é um prólogo para toda a rica história de "Fallout" e permitirá que os jogadores colonizem a região da Virgínia Ocidental, em um mapa quatro vezes maior do que o de "Fallout 4", jogo mais vendido da franquia. O mapa inclui a cidade de Washington, capital dos EUA e que foi cenário de "Fallout 3", lançado 10 anos atrás.
A capital norte-americana também é cenário de "The Division 2", em uma versão só um pouco menos devastada: no game, agentes de uma força especial devem lidar com rebeldes e terroristas nas ruas de Washington após um ataque biológico de grandes proporções.
O impressionante "Metro Exodus" pode ser considerado a versão russa de "Fallout", mas com uma ênfase maior no tiroteio. O game deixa os túneis de metrô dos dois jogos anteriores para trás e explora a superfície devastada e cheia de criaturas mutantes do que sobrou da União Soviética depois que as bombas caíram.
Outro jogo que merece destaque é "Dying Light 2", que traz uma grande metrópole como cenário em um mundo onde zumbis levaram ao fim da civilização. O destaque vai para o sistema de escolhas do jogador, que influenciam a evolução do território e o desenrolar do jogo.
E, claro, "The Last of Us 2", principal destaque da Sony na E3, mostra que a produtora Naughty Dog (de "Uncharted"), domina o PS4 como ninguém: o jogo segue a jornada de Ellie, agora uma moça crescida, pela América devastada por um fungo que transforma as pessoas em zumbis.
Na demonstração da E3, Ellie explora cenários ricamente detalhados enquanto luta desesperadamente pela vida. Ela luta contra oponentes humanos usando facas, marretas e armas de fogo. E, pelo jeito, o game vai explorar a vida pessoal da nova protagonista (nem sinal de Joel, do primeiro "The Last of Us", neste game) e seu romance com outra personagem.
Grandes produções
Com consoles potentes no mercado e a experiência acumulada em desenvolver para PS4 e Xbox One, as produtoras mostraram muitos jogos bonitos e ambiciosos na E3 deste ano, perpetuando tendências como mundos abertos para explorar e jogatina online - de "Anthem" e "Destiny 2: The Forsaken" até "Forza Horizon 4" e "Fallout 76", a interação online constante já é regra nas grandes produções. E pensar que em 2013, os jogadores torciam o nariz para o aviso de "sempre online" nos primeiros games do Xbox One!
No Switch, o principal destaque foi "Super Smash Bros. Ultimate", o jogo mais ambicioso da série de pancadaria: com mais de 60 lutadores para escolher, o game vai contar com todos os personagens que já apareceram em algum "Smash Bros.", além de muitas arenas inspiradas em jogos dos consoles Nintendo e outros conteúdos para fã nenhum botar defeito.
Mas no quesito super produção, a polonesa CD Projekt roubou o show ao revelar "Cyberpunk 2077", próximo grande game do estúdio de "The Witcher 3". O trailer da E3 mostrou um mundo futurista e cheio de vida, com personagens incríveis e uma ambientação que lembra "Blade Runner", "Matrix" e outros clássicos da ficção científica. E, segundo jornalistas que viram uma demonstração de quase uma hora a portas fechadas, o game entrega tudo o que é visto no trailer. Embora esteja confirmado para PC, PS4 e Xbox One, não seria estranho se "Cyberpunk" fosse lançado também para a próxima geração de consoles.
Corrigindo o rumo
Entre tantas tendências vistas na E3 deste ano, as mudanças no modelo de negócios da Electronic Arts talvez sejam as mais importantes e com potencial para impactar bastante a indústria dos games no futuro próximo: a produtora de "FIFA" está deixando para trás as infames "loot boxes" e até mesmo os passes de temporada em seus próximos lançamentos. "Battlefield V" não terá o famigerado passe com conteúdo pago extra após o lançamento e "Anthem" só venderá conteúdo cosmético e, segundo os produtores, "o jogador saberá exatamente o que está comprando".
As mudanças são uma reação às críticas pesadas (e vendas ruins) do sistema de microtransações implantado em "Star Wars: Battlefront 2" e presente em todos os games da produtora norte-americana, mas que pode ser visto em praticamente todos os principais jogos lançados nos últimos anos, de "Overwatch" e "Halo 5" até "Rocket League" e "Call of Duty". Se a atitude da EA se reverter em vendas melhores, é possível que mais produtoras adotem o novo formato, para a felicidade dos jogadores.
Por fim, a EA anunciou uma nova versão do serviço Origin Access, onde o assinante paga uma mensalidade e tem acesso a todos os jogos da empresa, inclusive lançamentos, de forma idêntica ao Xbox Game Pass, da Microsoft. Por enquanto, o novo serviço está disponível só para computadores. Resta saber se o EA Access ganhará uma versão e aguardar que mais empresas adotem o formato de "jogo por assinatura" nos próximos anos.
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