Análise: "Assassin's Creed Odyssey" é uma viagem fascinante à Grécia Antiga
“Assassin’s Creed Odyssey” marca uma mudança temporária de comportamento da Ubisoft, que voltou ao lançar um título de sua franquia mais popular pelo segundo ano consecutivo. Antes de “Origins”, a empresa francesa tinha tirado um ano de hiato, para dar mais tempo de respiro e desenvolvimento às enormes equipes que cuidam da série. Deu certo com game situado no Egito e isso se repetiu no novo jogo, que tem como tema a Grécia Antiga.
Disponível no PC (R$ 159,99), PlayStation 4 (R$ 199,99, versão digital) e Xbox One (R$ 199,00, versão digital), o novo game se passa durante a Guerra do Peloponeso, que colocou Esparta de um lado e Atenas do outro.
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O jogador assume o controle de Kassandra ou Alexios, descendentes de Leônidas, rei de Esparta e protagonista do filme “300”. Mercenário, sem uma pátria em meio aos conflitos, o protagonista escolhido vive na ilha de Cefalônia, alheio da grande guerra que afeta o território que hoje corresponde à Grécia.
A região funciona como um tutorial para as mecânicas básicas do jogo e já dá uma ideia da dimensão do que será explorado ao longo da história. Cefalônia é grande por si só e representa um porcentual pequeno do gigantesco mapa de “Assassin’s Creed Odyssey”, que trouxe de volta, para valer, as viagens de navio que estrearam em “Assassin’s Creed IV: Black Flag”.
Jogabilidade redonda
Nesta região inicial já é possível se familiarizar com o combate, deslocamento por terra, seja a pé ou a cavalo, e a estrutura de missões principais que o jogo traz. Em termos de jogabilidade, o game é competente em todos os sentidos, mas não chega a se destacar como o melhor, exceto os combates navais.
As lutas no mano a mano trazem uma grande variedade de armas, cada uma com particularidades, e permitem que o jogador dê um golpe forte ou fraco, cada um designado a um botão do controle. Ir para cima do adversário com tudo não é recomendado, já que o resultado disso vai ser levar muita porrada e provavelmente acabará em game over.
Para evitar isso, é necessário acertar o tempo das esquivas e bloquear os golpes inimigos no momento exato. Uma esquiva bem-sucedida deixa a ação em câmera lenta, enquanto os bloqueios tornam os adversários totalmente vulneráveis a ataques.
Ao contrário dos primeiros jogos da franquia, agora é desafiador e divertido lutar frente a frente contra rivais, não repetitivo e robótico. Por outro lado, “Odyssey” não abandonou o lado sorrateiro dos primeiros “Assassin’s Creed”. Só que em vez da hidden blade, Alexios e Kassandra utilizam a lança de Leônidas como a arma para as mortes sorrateiras.
Tentar atuar como espião nem sempre funciona, já que o jogo não permite a instalação de armadilhas como em “Horizon: Zero Dawn”. Tentar surpreender adversários com ataques vira um exercício de paciência se você não quiser ser descoberto. É difícil invadir uma base sem iniciar um combate generalizado em algum momento.
Uma forma de atacar das sombras é usar o arco e flecha, que é uma forma eficiente de desestabilizar as posições das tropas adversárias sem que elas saibam, necessariamente, onde você está.
Tanto o combate à distância quanto o mano a mano podem ser modificados com habilidades especiais, que são adquiridas conforme o jogador sobe o nível do protagonista. Existe toda uma árvore de escolhas, que incluem golpes novos como chutes ou a aplicação de elementos como veneno e fogo às armas.
Se no passado “Assassin’s Creed” era uma série de ação e aventura, “Odyssey” só reforça o que “Origins” já tinha sinalizado, que agora se trata de uma franquia de RPGs de mundo aberto. Além das habilidades aprendidas com o passar dos níveis, o jogador pode coletar e editar todo o equipamento de Alexios e Kassandra, da cabeça ao pé.
As armaduras e armas seguem um padrão de raridade, que são categorizadas em cores diferentes, do tipo comum ao lendário. Sim, é do mesmo jeito que acontece em “Diablo” e “Destiny”.
O que diferencia “Odyssey” dos demais jogos de mundo aberto é a navegação no Mar Mediterrâneo, que traz combates empolgantes e uma boa variedade de customização para o navio.
História caprichada e envolvente
Jogos com foco na narrativa dão ao jogador cada vez mais a opção de escolher o comportamento do personagem. No caso da série “Assassin’s Creed”, isso estreou com “Odyssey”, que faz um ótimo trabalho ao dar opções nem sempre óbvias do impacto que as decisões da Kassandra e Alexios têm no mundo do game.
Missões secundárias podem ter um impacto significativo na forma como você é tratado por certos personagens, na linha de um pacifismo ou uma postura mais violenta. Já a narrativa principal começa devagar, mas ganha corpo principalmente quando o jogador sai de Cefalônia.
Ela mistura elementos do conflito da Guerra do Peloponeso, figuras históricas como Sócrates, Péricles e Pitágoras, além de questões familiares dos irmãos protagonistas – falar mais do que isso é dar spoiler.
O jogo também estimula as chamadas narrativas emergentes, que surgem conforme o jogador vai explorando o gigantesco mapa. Se você atacar soldados gregos em uma região dominada por eles, uma recompensa é colocada na sua cabeça e mercenários independentes passam a te procurar pelo mundo.
Ao mesmo tempo, você pode fazer um lado da guerra ganhar territórios, desestabilizando forças de regiões e partindo para uma batalha específica de dominação – que soa mais divertida do que é na prática.
E não para por aí. Com mais de uma dezena de horas jogadas, uma outra modalidade de missão é apresentada. Por ser diretamente ligada à história, também não vamos estragar a surpresa contando exatamente do que se trata. O que dá para dizer é que estas tarefas trazem recompensas que justificam pegar o barco e ir até uma ilha inexplorada.
“Odyssey” ainda traz a ligação de sempre com a história dos assassinos e templários nos tempos atuais, mas ela é bem supérflua quando comparada com a narrativa principal.
Pequenos problemas de desempenho, mas irrelevantes
O novo jogo da franquia “Assassin’s Creed” é o mais ambicioso já feito pela Ubisoft, trazendo cenários belíssimos que seguem uma marca registrada da série: a ótima direção de arte e recriação de lugares icônicos do mundo.
Tendo jogado o game em um PlayStation 4 original, sofri com repetidas travadas de alguns segundos enquanto viajava pelo território a cavalo. A imagem paralisava durante instantes, mas depois voltava a rodar com naturalidade. Foi um inconveniente, mas não isso não aconteceu em momentos de combate, seja marítimo ou em terra.
Também não houve quedas perceptíveis na taxa de quadros por segundo, o que é impressionante dada a quantidade de elementos presentes nos cenários, desde objetos estáticos, como potes e árvores, até humanos, animais e a maré, que em áreas litorâneos sempre está ativa.
“Assassin’s Creed Odyssey” é um jogaço de mundo aberto, que se destaca pelo mapa enorme e variado, além da ótima história e mecânicas competentes. Existem pequenos problemas técnicos no desempenho, nas abordagens sorrateiras de combate e na estrutura de certas missões, só que esses são detalhes discretos em um pacote que é uma viagem no tempo para um dos momentos históricos mais fascinantes da história humana.
Se aventurar pela Grécia Antiga com Alexios e Kassandra é uma garantia de dezenas de horas de diversão, que fazem a gente nem se preocupar com quando vai chegar o próximo "Assassin's Creed", que a Ubisoft já avisou que não será lançado em 2019.
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