"Castlevania Requiem" traz o melhor da série, mas extras fazem falta
Quando pensamos em coletâneas de franquias clássicas, duas ideias principais vêm à mente. A primeira delas, claro, é a presença dos principais jogos de determinada franquia. No caso de "Castlevania Requiem: Symphony of the Night & Rondo of Blood", esse requisito é cumprido plenamente.
A coletânea, lançada para PlayStation 4 no último dia 26 de outubro (R$ 61,50), traz dois jogos, como seu título deixa claro. "Castlevania: Rondo of Blood" e "Castlevania: Symphony of the Night".
Sem rodeios: esses dois games podem ser considerados, facilmente, como o suprassumo do que a franquia ofereceu até hoje. O mais curioso é que os títulos, apesar dos pouco menos de quatro anos entre seus lançamentos e de estarem intimamente ligados entre si, marcam duas fases bastante distintas da série.
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Já na segunda ideia, "Requiem" derrapa. Apesar de trazer alguns recursos interessantes, como uma suavização gráfica que não é excessivamente invasiva, a possibilidade de usar scanlines - que imitam a imagem das TVs antigas -, modos de tela distintos e molduras variadas, praticamente não há qualquer material bônus incluso no pacote.
Nada de artes dos games, materiais raros ou histórias referentes à sua produção (como vimos, por exemplo, nas coletâneas de "Street Fighter" e "Mega Man X" lançadas pela Capcom recentemente). É algo que, sem dúvida, faz falta, ainda mais considerando o quão rica e relevante a franquia é.
O melhor da era clássica
Se a Konami não foi tão generosa na hora de colocar materiais extras, ao menos os games inclusos no pacote cumprem bem o seu papel.
Começando por "Rondo of Blood", este é um game que ficou muito tempo restrito ao público japonês. Lançado em 1993 para o PC Engine CD, ele só desembarcou no Ocidente em 2007, em uma versão refeita para PSP.
Até então, o máximo que esse lado do globo tinha experimentado era uma adaptação bastante limitada para Super Nintendo, na forma de "Castlevania: Dracula X".
Há diversos aspectos a serem destacados neste game, mas o que é mais notado em um primeiro momento é a qualidade sonora. Não é exagero dizer que se trata do game com a melhor trilha da série e, à época, isso ficou ainda mais evidente pelo inovador uso do CD como mídia.
Em "Rondo of Blood", você controla Richter Belmont, provavelmente um dos personagens mais queridos pelos fãs da franquia - que estará entre os lutadores de "Super Smash Bros. Ultimate". A missão é resgatar a sua amada Annette e, claro, dar um fim a Drácula.
Além do belo visual e da trilha sonora primorosa, uma das grandes diferenças em relação aos games anteriores da série é uma exploração menos linear dos estágios. Ao todo, são nove até o confronto com Drácula, porém alguns estágios possuem rotas alternativas. Da mesma maneira, o final é impactado de acordo com o caminho que o jogador seguir.
Fora isso, elementos como o uso do chicote Vampire Killer e a presença de armas secundárias também ligam o game às raízes série. Richter ainda tem um super-ataque, que consome mais usos da arma secundária mas é capaz de causar mais danos aos inimigos.
A dificuldade é elevada e alguns chefes vão exigir uma boa dose de estratégia para serem derrotados. Da mesma maneira, a jogabilidade é precisa, porém mais dura do que os games da série a partir da geração seguinte, o que demanda uma certa adaptação dos jogadores.
O auge da franquia
O outro game que faz parte da coletânea "Requiem" é aquele considerado por muitos como o melhor jogo da franquia. Lançado em 1997 para PlayStation (o Sega Saturn recebeu, apenas no Japão, uma versão do jogo em 1998), "Castlevania: Symphony of the Night" definiu o que seriam os jogos 2D da franquia dali em diante.
Além disso, ele foi o primeiro da série a não ser dividido em fases, tendo um mapa único com trechos desbloqueáveis, de maneira similar ao que ocorre na série "Metroid" - e, com isso, ajudando a criar o termo "Metroidvania", tão em voga hoje em dia.
"Symphony of the Night" é uma sequência direta de "Rondo of Blood", tanto que o início do game nada mais é do que a porção final do jogo para PC Engine CD, colocando o jogador no controle de Richter Belmont em seu confronto derradeiro com Drácula.
A questão é que, no jogo para PlayStation, Richter está desaparecido e o jogador controla Adrian Fahrenheit Tepes, ou, simplesmente, Alucard, o filho de Drácula.
A progressão não-linear é apenas uma das novidades do jogo. Há um sistema de evolução que lembra muito o de RPGs, com Alucard ganhando experiência e níveis conforme derrota inimigos e, com isso, melhorando seus atributos. Novidade também é a possibilidade de equipar o personagem com diversos estilos distintos de armas, não deixando o game restrito somente ao tradicional chicote e às sub-armas.
Por fim, Alucard também pode se transformar em um morcego ou uma névoa e usar técnicas especiais para atingir os inimigos. Vários desses elementos influenciam games até hoje.
Vale o seu dinheiro?
Aqui, podemos analisar "Requiem" sob duas visões distintas. Em relação aos jogos contidos na coletânea, a resposta para a pergunta acima é um sonoro "sim". Tanto "Rondo of Blood" quanto "Symphony of the Night" são games fantásticos e que representam o auge de uma franquia muito importante.
Por pouco mais de R$ 30 cada, contar com eles em sua biblioteca de games acaba sendo algo que não pesa muito no bolso.
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O maior ponto negativo do pacote, no entanto, é a ausência de "mimos" para os fãs da série. Contar com uma galeria de artes e material adicional certamente agregaria valor a "Requiem".
As críticas nesse sentido só não são maiores porque os jogos incluídos são realmente muito bons. Resta torcer para que, em futuros pacotes do tipo, a Konami se esforce um pouco mais para agradar os fãs de suas franquias.
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