Topo

"Castlevania Requiem" traz o melhor da série, mas extras fazem falta

Rodrigo Lara

Colaboração ao UOL

05/11/2018 04h00

Quando pensamos em coletâneas de franquias clássicas, duas ideias principais vêm à mente. A primeira delas, claro, é a presença dos principais jogos de determinada franquia. No caso de "Castlevania Requiem: Symphony of the Night & Rondo of Blood", esse requisito é cumprido plenamente.

A coletânea, lançada para PlayStation 4 no último dia 26 de outubro (R$ 61,50), traz dois jogos, como seu título deixa claro. "Castlevania: Rondo of Blood" e "Castlevania: Symphony of the Night".

Sem rodeios: esses dois games podem ser considerados, facilmente, como o suprassumo do que a franquia ofereceu até hoje. O mais curioso é que os títulos, apesar dos pouco menos de quatro anos entre seus lançamentos e de estarem intimamente ligados entre si, marcam duas fases bastante distintas da série.

VEJA TAMBÉM

Já na segunda ideia, "Requiem" derrapa. Apesar de trazer alguns recursos interessantes, como uma suavização gráfica que não é excessivamente invasiva, a possibilidade de usar scanlines - que imitam a imagem das TVs antigas -, modos de tela distintos e molduras variadas, praticamente não há qualquer material bônus incluso no pacote.

Nada de artes dos games, materiais raros ou histórias referentes à sua produção (como vimos, por exemplo, nas coletâneas de "Street Fighter" e "Mega Man X" lançadas pela Capcom recentemente). É algo que, sem dúvida, faz falta, ainda mais considerando o quão rica e relevante a franquia é.

Richter em Castlevania Rondo of Blood - Reprodução - Reprodução
"Castlevania: Rondo of Blood" é o último do formato antigo da série
Imagem: Reprodução

O melhor da era clássica

Se a Konami não foi tão generosa na hora de colocar materiais extras, ao menos os games inclusos no pacote cumprem bem o seu papel.

Começando por "Rondo of Blood", este é um game que ficou muito tempo restrito ao público japonês. Lançado em 1993 para o PC Engine CD, ele só desembarcou no Ocidente em 2007, em uma versão refeita para PSP.

Até então, o máximo que esse lado do globo tinha experimentado era uma adaptação bastante limitada para Super Nintendo, na forma de "Castlevania: Dracula X".

Há diversos aspectos a serem destacados neste game, mas o que é mais notado em um primeiro momento é a qualidade sonora. Não é exagero dizer que se trata do game com a melhor trilha da série e, à época, isso ficou ainda mais evidente pelo inovador uso do CD como mídia.

Castlevania Rondo of Blood - Reprodução - Reprodução
Game introduziu uma exploração menos linear das fases
Imagem: Reprodução

Em "Rondo of Blood", você controla Richter Belmont, provavelmente um dos personagens mais queridos pelos fãs da franquia - que estará entre os lutadores de "Super Smash Bros. Ultimate". A missão é resgatar a sua amada Annette e, claro, dar um fim a Drácula.

Além do belo visual e da trilha sonora primorosa, uma das grandes diferenças em relação aos games anteriores da série é uma exploração menos linear dos estágios. Ao todo, são nove até o confronto com Drácula, porém alguns estágios possuem rotas alternativas. Da mesma maneira, o final é impactado de acordo com o caminho que o jogador seguir.

Fora isso, elementos como o uso do chicote Vampire Killer e a presença de armas secundárias também ligam o game às raízes série. Richter ainda tem um super-ataque, que consome mais usos da arma secundária mas é capaz de causar mais danos aos inimigos.

A dificuldade é elevada e alguns chefes vão exigir uma boa dose de estratégia para serem derrotados. Da mesma maneira, a jogabilidade é precisa, porém mais dura do que os games da série a partir da geração seguinte, o que demanda uma certa adaptação dos jogadores.

Alucard em Castlevania Symphony of the Night - Reprodução - Reprodução
Com Alucard como protagonista, "Castlevania: Symphony of the Night" renovou a série
Imagem: Reprodução

O auge da franquia

O outro game que faz parte da coletânea "Requiem" é aquele considerado por muitos como o melhor jogo da franquia. Lançado em 1997 para PlayStation (o Sega Saturn recebeu, apenas no Japão, uma versão do jogo em 1998), "Castlevania: Symphony of the Night" definiu o que seriam os jogos 2D da franquia dali em diante.

Além disso, ele foi o primeiro da série a não ser dividido em fases, tendo um mapa único com trechos desbloqueáveis, de maneira similar ao que ocorre na série "Metroid" - e, com isso, ajudando a criar o termo "Metroidvania", tão em voga hoje em dia.

"Symphony of the Night" é uma sequência direta de "Rondo of Blood", tanto que o início do game nada mais é do que a porção final do jogo para PC Engine CD, colocando o jogador no controle de Richter Belmont em seu confronto derradeiro com Drácula.

Castlevania: Symphony of the Night - Reprodução - Reprodução
"Symphony of the Night" não tinha a divisão por fases de seus antecessores
Imagem: Reprodução

A questão é que, no jogo para PlayStation, Richter está desaparecido e o jogador controla Adrian Fahrenheit Tepes, ou, simplesmente, Alucard, o filho de Drácula.

A progressão não-linear é apenas uma das novidades do jogo. Há um sistema de evolução que lembra muito o de RPGs, com Alucard ganhando experiência e níveis conforme derrota inimigos e, com isso, melhorando seus atributos. Novidade também é a possibilidade de equipar o personagem com diversos estilos distintos de armas, não deixando o game restrito somente ao tradicional chicote e às sub-armas.

Por fim, Alucard também pode se transformar em um morcego ou uma névoa e usar técnicas especiais para atingir os inimigos. Vários desses elementos influenciam games até hoje.

Vale o seu dinheiro?

Aqui, podemos analisar "Requiem" sob duas visões distintas. Em relação aos jogos contidos na coletânea, a resposta para a pergunta acima é um sonoro "sim". Tanto "Rondo of Blood" quanto "Symphony of the Night" são games fantásticos e que representam o auge de uma franquia muito importante.

Por pouco mais de R$ 30 cada, contar com eles em sua biblioteca de games acaba sendo algo que não pesa muito no bolso.

Mais de "Castlevania"

O maior ponto negativo do pacote, no entanto, é a ausência de "mimos" para os fãs da série. Contar com uma galeria de artes e material adicional certamente agregaria valor a "Requiem".

As críticas nesse sentido só não são maiores porque os jogos incluídos são realmente muito bons. Resta torcer para que, em futuros pacotes do tipo, a Konami se esforce um pouco mais para agradar os fãs de suas franquias.

Nota: 8