Nem os maiores heróis dos mangás salvam "Jump Force" da mediocridade
Se tem algo que qualquer fã dos mangás da Jump sabem - este que vos escreve é um deles - é que, invariavelmente, seus heróis sempre dão um jeito de salvar o dia, mesmo que saiam feridos ou mortos no processo. É, portanto, uma pena que essa máxima não tenha se aplicado a "Jump Force".
O game da Bandai Namco, que chega em versões para PC, PlayStation 4 e Xbox One, parecia ser aquele tipo de ideia maluca, mas com potencial de divertir.
Afinal, a mistureba entre uma história reunindo personagens carismáticos do calibre de Goku, Naruto, Luffy, Yusuke, Seiya, entre outros, trocando sopapos em um game de luta "simples de jogar, mas profundo", e com um visual inédito, mais "realista", tinha tudo para dar certo, não é?
Bem, não deu.
Escalação não ganha jogo
Como dito aqui acima, a lista de lutadores é, provavelmente, o principal ponto positivo de "Jump Force". Há, claro, ausências sentidas, mas poder colocar personagens de "Dragon Ball", "One Piece", "Naruto", "Yu Yu Hakusho", "Cavaleiros do Zodíaco", "JoJo Bizarre Adventures", "My Hero Academia" e "Bleach", só para citar alguns, uns contra os outros é algo digno de nota e uma boa amostra do que a Jump produziu em 50 anos de história.
Por outro lado, a similaridade - considerando escala de força - entre esses personagens faz com que eles acabem sendo um tanto genéricos.
Isso acaba por impactar o desenvolvimento das lutas, já que elas se resumem a um apertar frenético de botões em busca de brechas na defesa do adversário, aproveitar qualquer chance para disparar um Kamehameha, um Meteoro de Pégaso ou um Rasengan e esperar sua barra de energia diminuir o suficiente para usar as técnicas despertas, que são mais poderosas e podem virar uma luta quase perdida.
Se essa fórmula ajuda a suavizar a curva de aprendizado para novatos em jogos de luta, ela acaba tendo um efeito negativo por dar ao game um aspecto genérico e torná-lo incapaz de manter o interesse de jogadores intermediários e avançados por muito tempo.
História arrastada
O que poderia servir de incentivo a mais para os jogadores mergulharem em "Jump Force", a história, acaba sendo contada de maneira bem arrastada e sonolenta. Basicamente, Jump Force é o nome de uma organização que reúne os heróis na tentativa de proteger a nossa realidade de vilões do calibre de Freeza.
E é nessa luta que o jogador entra, ao se encontrar no meio de uma batalha em um cenário que lembra Nova York, e acabar atingido por um golpe de Freeza. Para salvar sua vida, Trunks implanta um tal de Cubo Umbras em você, o que permite que você tenha superpoderes.
Parabéns, de cidadão comum você transformou em um membro da Jump Force! Maneiro, não é?
Bem, se considerarmos que isso significa passar bons minutos andando por um hub para poder comprar um novo golpe e em seguida descobrir que o "quiosque" no qual você inicia as missões está do outro lado da estrutura, perder muito tempo com carregamentos extremamente lentos e interfaces confusas, talvez você pediria para o Trunks deixar você morrer em paz.
Brincadeiras à parte, o jogo peca sim, por ter loadings excessivos e interface confusa, mas, por outro lado, a ferramenta de criação de personagem é robusta e não se resume à personalização do visual. É possível escolher, também, quais poderes o seu avatar poderá usar. Se você deseja controlar um guerreiro capaz de disparar um Reigun, um Cólera do Dragão, usar um Raikiri e criar uma Genki Dama, saiba que em "Jump Force" você pode fazer isso.
Uma vez criado o personagem, boa parte das primeiras horas será gasta recrutando novos membros para a equipe em lutas repetitivas. E se você espera interações explosivas pelo fato de personagens tão distintos estarem ocupando o mesmo espaço, esqueça. Os diálogos são triviais a ponto de apagar a personalidade de heróis tradicionalmente marcantes.
Fórmula saturada
Por fim, temos a parte técnica. Aqui, destaque para os efeitos visuais das técnicas dos lutadores, que usam e abusam de efeitos de luz. Os cenários, inspirados em locais do mundo real, também são bem-feitos.
O visual dos personagens, no entanto, é do tipo ame ou odeie. É bacana, de fato, ver essa interpretação mais realista, mas o resultado final é um pouco estranho. Por vezes, Goku, Naruto e cia parecem ter um aspecto plastificado demais, se assemelhando vagamente a algo como "bonecos colecionáveis capazes de se mexer". Não é algo que compromete o jogo, porém.
Além de todos os pontos expostos acima, há algo importante que "Jump Force" ajuda a expor: esse estilo de jogo de luta com personagens de mangás - ou seja, em uma arena na qual é possível se movimentar livremente, com comandos simples e elementos de jogabilidade mais voltados ao "fan service" do que à experiência do game - já está saturado.
Prova disso é o sucesso de "Dragon Ball FighterZ", um caprichado game de luta com jogabilidade 2D, e a intenção de se produzir um RPG baseado no universo de Goku e companhia.
Ainda há, sim, muito espaço para ser ocupado por jogos baseados em mangás e animes, o ideal é que jogos do tipo passem por uma completa reformulação. Do contrário, a decepção proporcionada por "Jump Force" tende a se repetir.
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