"Katana Zero": tentativa e erro em busca do plano perfeito
Já pensou se "Sekiro" encontrasse "Hotline Miami"? A resposta poderia ser "Katana Zero" (PC, Switch), desde que a mistura tivesse também elementos de manipulação do tempo e um ritmo de combate alucinante.
O jogo da produtora indie Askiisoft, à primeira vista, parecia só mais uma boa diversão de plataforma com visual retrô. Mas depois de fritar o cérebro e entender que só a pancadaria não me levaria a lugar algum, posso dizer que "Katana" vai bem além da impressão inicial.
Fazendo o plano A funcionar
Controles precisos, história intrigante, visual maneiro e música retrowave que casa perfeitamente com a proposta artística. É possível elogiar "Katana Zero" em diversos aspectos e, pelo lado técnico, é uma mostra e tanto da capacidade de sua desenvolvedora. É muito raro você pegar um jogo, caçar algum defeito dentro de sua proposta - é importante frisar essa última parte - e não encontrar.
Em "Katana Zero" você é uma espécie de samurai contratado como assassino de aluguel, e cada missão envolve dar fim a um alvo. Para chegar até o infeliz escolhido, é preciso passar por salas repletas de inimigos.
Tudo isso seria algo normal e já visto por aí, não fosse um porém: há um forte componente de quebra-cabeças em cada sala, então siga meu conselho e não saia como uma "vaca louca", distribuindo a fúria de sua katana a esmo. Em alguns momentos, você terá de arremessar itens do cenário em inimigos distantes. Em outros, terá de usar rolamentos e uma mecânica de deixar o tempo mais lento para reagir às situações.
Contar com a sorte também é bom, aliás. Você tem só uma chance, e se for atingido, volta para o início da sala. Ou seja: não aceitamos nada menos que a perfeição. Parece frustrante, mas não é.
Usando a katana (e a cabeça)
A grande sacada das mentes por trás de "Katana Zero" foi aplacar a dificuldade do jogo com uma mescla de narrativa e design de fases. Cada porção do jogo tem inimigos em posições definidas, o que reforça a necessidade de você ter, no mínimo, um plano de abordagem.
Por outro lado, em termos narrativos, você nunca morre. Explico: o personagem principal tem uma habilidade de predição, isso é, de prever a reação para cada ação. Cada tentativa frustrada, portanto, é apenas uma possibilidade que ele imaginou que não daria certo.
Isso significa que, uma vez que você passa ileso pelos desafios de cada cena do jogo, o que aconteceu nada mais é do que o planejamento que deu certo. Como diria o sábio: "O plano B é fazer o plano A funcionar". O mesmo vale nos encontros com chefes: entender seus padrões é um passo básico para conseguir derrotá-los.
Ainda que "Katana Zero" se baseie em "planos que dão certo", é possível abordar cada cenário de maneiras distintas, o que não torna o jogo repetitivo. O jogador tem em mãos ferramentas limitadas: um botão de ataque, outro de pulo, além da esquiva e da habilidade de fazer o tempo passar mais lentamente. Como utilizar esse kit acaba sendo uma decisão pessoal, desde que o resultado seja positivo.
Uma boa porta de entrada
Com essa jogabilidade de "tentativa e erro", não existe uma estimativa científica de duração para "Katana Zero". As horas de jogo, no entanto, são permeadas por uma sensação de satisfação que, se não alcança os cascudos games da FromSoftware, como "Dark Souls" e "Sekiro", ao menos fica próxima.
Uma das partes mais interessantes e que tende a atrair jogadores menos afeitos a jogos difíceis é que o ciclo de tentativa e erro do jogo é curto: ele se limita a cada sala explorada pelo jogador. Ou seja: se você "morrer", não terá que refazer uma porção extensa do game, diminuindo consideravelmente a frustração.
É um raro caso que consegue equilibrar dificuldade e acessibilidade. Mais do que um competente jogo de ação, "Katana Zero" é uma boa porta de entrada para quem sempre quis se aventurar em experiências mais "hardcore", mas ainda se sentia intimidado na hora de encarar os pesos-pesados do gênero. Só pense bem antes de dar uma chance a esses games mais difíceis porque acaba sendo um caminho sem volta.
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