Diretor do BIG Festival fala sobre mudanças e o futuro do evento
Desde sua primeira edição, em 2012, o Brazil's Independent Games Festival, ou só BIG Festival, é um evento interessante para acompanhar o que está sendo criado por desenvolvedores brasileiros e de países vizinhos. Mas em 2019 surgiu uma preocupação: a suspensão do repasse de verbas pela Ancine, um dos principais patrocinadores do BIG, poderia comprometer as próximas edições?
Por isso o START conversou com Gustavo Steinberg, diretor do BIG Festival, para saber mais sobre as mudanças e o futuro do evento.
Para entender o BIG
Já imaginou uma exposição com dezenas de jogos, do mobile à realidade virtual, totalmente de graça para o público? Isso é o que o BIG proporciona. O festival também é importante para quem está do outro lado do controle: os programadores, designers e artistas que ralam para criar jogos têm a oportunidade de mostrar sua obra para um público que, talvez, nunca tivesse acesso a eles.
Em 2019, além da suspensão do repasse de verbas pela Ancine, veio a mudança na estrutura do evento. Em vez de São Paulo e Rio de Janeiro, como em 2018, o BIG se concentrou na capital paulista, e saiu do Centro Cultural São Paulo para ocupar um lugar diferente e por menos dias: em vez de uma semana, agora foram só quatro dias (de 26 a 30 de junho) no Club Homs, na avenida Paulista. A entrada, pelo menos, continuou sendo gratuita.
START - Indo direto ao ponto: o BIG Festival vai acabar?
Gustavo Steinberg: Não. Por quê?
START - Por causa do congelamento de repasses da Ancine e as mudanças que aconteceram este ano. A sensação que a gente tinha era de preocupação sobre o festival.
Steinberg: Foi um ano desafiador pra todo mundo, tanto pra quem usa recurso público e privado. Fazer um evento sempre foi um desafio e continua sendo. Sim, a gente sofreu cortes de apoios no Estado, mas a gente conseguiu ampliar os parceiros privados.
A gente está, na verdade, como sempre esteve, se adaptando aos tempos. Agora, estamos começando a nos aproximar das grandes marcas. Esse ano a gente tem o Facebook, que está realizando uma Game Jam aqui, o Google sempre foi parceiro... então são marcas que vêm se aproximando.
A gente sofreu cortes de apoios no Estado, mas a gente conseguiu ampliar os parceiros privados
Gustavo Steinberg, diretor do BIG Festival
START - Como o BIG é financiado? E qual a participação da Ancine na realização do evento?
Steinberg: O que a Ancine dá é um investimento no evento, porque eles participam dos lucros. O que poucas pessoas entendem é que o principal mecanismo de financiamento do audiovisual não é patrocínio, e sim um fundo de investimento, e a participação dele é proporcional ao investimento e o lucro que o evento tem. Então a Ancine é sócia no resultado financeiro do evento.
Agora, sim, a prefeitura de São Paulo investe, sempre investiu, através da SPCine. O governo de São Paulo apoia através de patrocínio de suas estatais, que é a DesenvolveSP e Prodespe. De Estado é isso.
START - Para o BIG existir e ser realizado todos os anos, quanto de investimento vem dos órgãos públicos?
Steinberg: A gente começou com 100% (de investimento público), hoje a gente ainda tá em 60% (públicos) e 40% (investimento privado). A gente espera inverter esses números a partir de 2020.
START - E sobre a mudança no espaço? Até ano passado acontecia no Centro Cultural São Paulo, e agora é no Club Homs, na avenida Paulista.
Steinberg: O que a gente não podia ter no Centro Cultural, e era um movimento que estávamos tendo há algum tempo, são essas lojinhas aqui [Ele aponta para uma loja que vendia bonecos, camisetas e outros itens geeks/nerds]. A gente não pode comercializar nada nem fazer ação e merchandising mais forte no Centro Cultural.
START - Então a mudança foi para vocês conseguirem realizar de venda de produtos com lojas?
Steinberg: Não só isso, como também para a gente se posicionar para o mercado patrocinador como um todo que somos um evento para o público. Nós sempre fomos um evento para o público, não é à toa que ano passado foram 30 mil pessoas, só que a gente ainda é muito visto só como um evento de negócios.
O que a gente está fazendo ao vir para cá (Club Homs) é comunicar para as marcas e o mercado que somos um evento para o público consumidor também. Isso sem comprometer a área de negócios.
Gustavo Steinberg, diretor do BIG Festival
START - Essas lojas e espaço para vender alimentos não poderiam estar no Centro Cultural?
Steinberg: Até seria possível, mas acabaria virando algo economicamente inviável porque, se comercializar no espaço público, é preciso pagar aluguel, o que era inviável.
START - Este ano há muitas novidades, como lojas, Game Jam, Cosplays... Vocês querem ser um evento mais parecido com a BGS?
Steinberg: Não tem por que a gente querer concorrer com BGS porque é outra pegada, o nosso é um evento de tendências. Para quem quer não só ver jogo, mas também conversar com quem faz jogo.
A estratégia é: vamos derrubar essa parede de que indie fica de um lado e os grandes publishers ficam de outro? Esses movimentos que estamos fazendo é para trazer aqui uma Microsoft, que está cada vez mais próxima.
Gustavo Steinberg, diretor do BIG Festival
O que queremos é dizer que somos, sim, um evento relevante para o público consumidor, além de manter a parte de negócios, que é a mais forte da América do Sul. Tanto que, este ano, mais de 2/3 dos gringos vieram por conta própria. Foi uma estratégia que a gente iniciou quatro anos atrás de se tornar um hub para a América Latina, e que tá funcionando.
Queremos que os anúncios (de jogos) indies sejam feitos no BIG.
Gustavo Steinberg, diretor do BIG Festival
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