[Review] Novo "Crash Team Racing" é um pacote de raiva e diversão
Desocupado que eu era em 1999, e sem ter um console da Nintendo, joguei o "Crash Team Racing" original até os carrinhos ficarem marcados na minha retina. Era, de longe, um dos melhores clones de "Mario Kart".
Vinte anos depois (até dói escrever isso) a Activision resolve reviver o game. Neste remake, além dos gráficos, sons e todo o pacote de novidades, veio um nome mais pomposo: "Crash Team Racing Nitro-Fueled" (Activision - PS4, Switch e Xbox). Mas a diversão, e a raiva, continuam tão intensas quanto antes.
Destruindo amizades
"Mario Kart" é aquele tipo de jogo que já destruiu amizades, terminou relacionamentos e deu início a guerras. É incrível o poder que o game tem de transformar o mais pacífico dos humanos em um "serial-arremessador-de-cascos-compulsivo", ou algo do tipo. E o novo "Crash Team Racing" faz jus ao legado do gênero. É um jogo alegre e divertido na aparência, com personagens cômicos e dublagem de desenho animado, mas que esconde mecânicas maquiavélicas debaixo do capô.
É um jogo alegre e divertido na aparência, mas que esconde mecânicas maquiavélicas debaixo do capô
Você começa pelo modo "Aventura", que é onde está a história do game. Sim, há toda uma narrativa explicando qual o motivo de correr em pistas esquisitas, coletar letras malucas e explodir adversários numa ilha tropical. Como se fosse um "Forza Horizon miniatura", você tem um terreno aberto que funciona como "hub" ligando você até as corridas que precisa disputar.
Aqui já ressurgiram as sensações que massacravam o Rodrigo de 1999: é algo que parece legal quando você começa, mas que enche a paciência após algumas horas de jogo, principalmente quando você quer correr em uma pista e não lembra muito bem onde ela fica. Ou então quando você passa muito perto de uma porta fechada e ativa uma ceninha que explica "veja bem, meu caro Rodrigo, você ainda não tem as chaves necessárias para etc...".
Libere o monge que há em você
Outra coisa que o Rodrigo de 2019 não lembrava sobre "CTR" é que ele era um game, digamos, exigente. Bastou uma corrida, porém, para essa lembrança vir à tona e eu questionar se realmente passei tanta raiva assim quando joguei o original há 20 anos.
O novo "CTR" é um game difícil. O modo "Normal" deveria se chamar "Introdução à raiva". Ele exige perícia do jogador desde o primeiro momento, e não se preocupa muito em explicar as dicas mais avançadas. Prepare-se para muita tentativa e erro.
Com exceção das pistas, que começam simples e ficam mais complicadas conforme se avança, não há uma curva de aprendizado. Está mais para um paredão de aprendizado, e o game não dá nenhuma corda para você escalar, como se desenhasse um gigantesco "SE VIRA, MERMÃO" nas areias da praia.
Pegue um copo de água com açúcar e prepare-se para repetir as corridas por diversas vezes
Situações como estar à beira de uma suada vitória e ser alvo de um míssil que veio do além são bem comuns, e até fazem parte dos jogos de kart. Ou, ainda, ser ultrapassado quase sobre a linha de chegada por um rival que parecia estar na última posição. Tudo isso vai testar o seu equilíbrio mental, então se você quer saber até onde vai a paciência de uma pessoa, dê a ela um controle, coloque "CTR" para rodar e prepare o cronômetro.
Por isso, a melhor recomendação que posso dar é: pegue um copo de água com açúcar e prepare-se para repetir as corridas por diversas vezes, bem como experimentar vários personagens para encontrar aquele que "casa" com o seu estilo de jogo.
Controle a sua ira (e o seu "boost")
O novo "CTR" praticamente exige que você domine a mecânica de derrapagens e o controle de "boost", mas não deixa claro que isso vai ser fundamental para você se dar bem no jogo. Quando você finalmente percebe a importância, é tipo "por que ninguém me falou antes???"
"CTR" também faz tudo isso parecer muito mais fácil do que é. Você pode gerar "boost" derrapando ou pulando, o que parece simples. Mas para dar certo, você precisa coordenar vários botões, além de monitorar o medidor de "turbo" no canto da dela para usar no momento certo -- e ainda fugir das bombas, coletar os itens e, se possível, chegar em primeiro lugar, por favor. Ou seja: tem um "Dark Souls" escondido no seu "Mario Kart".
Você também precisa dominar a localização de placas de aceleração pela pista, dos itens (e a melhor forma de utilizá-los) e, claro, dos atalhos disponíveis. Se você é novato no estilo, prepare-se para sofrer. Ou então tente usar alguns códigos para facilitar a jornada.
'Crash Team Racing' exige que você domine a mecânica de derrapagens e o controle de 'boost', mas não deixa claro que isso vai ser fundamental para você se dar bem nas corridas.
É só raiva?
Uma vez que você se acostuma com o novo "CTR", ele se torna um game bem divertido, principalmente com os amigos.
Por outro lado, ele não tem um controle tão preciso quanto o de "Mario Kart", é bastante limitado em termos de personalização e também não traz um elenco tão carismático quanto a turma de Mario e Sonic. Os tempos de carregamento, que nos fazem lembrar de como era jogar o original em um PlayStation em 1999, também não ajudam muito.
A boa notícia é que você, provavelmente, já terá passado tanta raiva até perceber esses detalhes que eles parecerão problemas muito menores do que realmente são.
Crash Team Racing: Nitro Fueled
"Um jogo alegre e divertido na aparência, com personagens cômicos e dublagem de desenho animado, mas que esconde mecânicas maquiavélicas."
Lançamento: 21/06/2019
Plataformas: PS4, Xbox One, Switch
Preço sugerido: a partir de R$ 180,00 (dublado em português)
Desenvolvimento: Beenox
Publicação: Activision
Na mesma vibe de: "Mario Kart", "Sonic Team Racing"
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