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Dossiê Fire Emblem: o que você precisa saber antes de jogar Three Houses

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Imagem: Divulgação

Tiago Alcântara

Colaboração para o START

26/07/2019 10h58

A série que definiu o gênero "RPG tático" está de volta. "Fire Emblem: Three Houses" chega nesta semana ao Nintendo Switch como um dos grandes lançamentos do console no segundo semestre.

"Fire Emblem" surgiu nos anos 90 no Japão, ficou famoso no portáteis e quase caiu no esquecimento, mas se reergueu e hoje volta a ser considerada uma das franquias de primeiro escalão da Nintendo. Se você está curioso para saber mais sobre o game e entender a importância dele na história, veio ao lugar certo!

Dê aquela polida na armadura, pegue sua espada, monte no cavalo e se prepare para a guerra. E não se assuste se algum dragão passar voando por você no meio do caminho.

Uma história lendária

O Ocidente passou um bom tempo sem contato algum com "Fire Emblem", que nasceu no Famicom, ainda em 1990. Por lá, a série ficou conhecida por seus jogos com visual e temática mais adultos. Outro ponto que sempre diferenciou o RPG tático da Intelligent Systems é o gameplay. Não se enganem, jogadores: "Fire Emblem" pode ser brutal, com uma curva de aprendizado acentuada e personagens que morrem de forma permanente.

Atualmente, a franquia principal tem 16 jogos, com 13 entradas originais e 3 remakes de versões anteriores, e é reconhecida como uma das precursoras do gênero RPG tático, com uma temática medieval. Porém, fora do Japão quem acabou ficando mais conhecido foram jogos influenciados por "Fire Emblem", como "Final Fantasy Tactics" e "Disgaea", por exemplo. Algumas de suas características também estão na base de referências de "XCOM" e "Mario + Rabbids: Kingdom Battle".

Jogos da série Fire Emblem (data de lançamento no mercado japonês)

  • Fire Emblem: Shadow Dragon and the Blade of Light (1990)
  • Fire Emblem Gaiden (1992)
  • Fire Emblem: Mystery of the Emblem (1994)
  • Fire Emblem: Genealogy of the Holy War (1996)
  • Fire Emblem: Thracia 776 (1999)
  • Fire Emblem: The Binding Blade (2002)
  • Fire Emblem (2003)
  • Fire Emblem: The Sacred Stones (2004)
  • Fire Emblem: Path of Radiance (2005)
  • Fire Emblem: Radiant Dawn (2007)
  • Fire Emblem: Shadow Dragon (2008 - remake)
  • Fire Emblem: New Mystery of the Emblem (2010 - remake)
  • Fire Emblem Awakening (2012)
  • Fire Emblem Fates (2015)
  • Fire Emblem Echoes: Shadows of Valentia (2017)
  • Fire Emblem: Three Houses (2019)

FF Tactics - Divulgação - Divulgação
"Final Fantasy Tactics" é uma das séries inspiradas em "Fire Emblem"
Imagem: Divulgação

Um cavaleiro, uma espada e um exército

A série começou como uma versão medieval do game "Famicom Wars", que também era desenvolvido pela Intelligent Systems - empresa fundada por ex-funcionários da Nintendo e que sempre trabalhou em parceria com a gigante japonesa. A ideia inicial era colocar os games em um cenário medieval, mas foi muito além disso. Curiosamente, o game de Famicom ficaria conhecido por aqui por conta de "Advance Wars", mas isso é assunto para um outro dia.

Os games da franquia têm elementos que se repetem: o cenário de fantasia e um protagonista - geralmente, da realeza - que se vê em meio a um conflito entre diversos países ou continentes e que precisa reunir um exército de guerreiros para lutar por sua causa. O game foi criado pelo designer Shouzou Kaga e combina aspectos estratégicos (com fases baseadas em mapas, como em um tabuleiro) com desenvolvimento de personagens e ações em estilo de RPG. Essa sensação de conexão entre o protagonista e seus aliados não só é uma das inovações de "Fire Emblem", como também é um dos pontos fortes da marca até hoje.

Guerra e Paz

As intrigas políticas também sempre fizeram parte da franquia e ajudaram a diferenciar o jogo desde seus primeiros títulos. Além dos cenários mais sérios e que, geralmente, envolvem protagonistas lutando por dias de paz, "Fire Emblem" tem um gameplay desafiador. Uma das inovações nesse sentido é a morte permanente de personagens, a famigerada "PERMADEATH". Se você estiver jogando um mapa e um de seus heróis ficar para trás, ele não só não poderá mais ser utilizado em fases posteriores como, em vários casos, fica de fora da história também.

Se você acha que os games da série Souls, como Dark Souls, são cruéis, experimente jogar alguns dos "Fire Emblem" mais antigos ou mesmo suas versões modernas com o modo de morte permanente ativado. Alguns mapas são tão desafiadores que você é quase obrigado a sacrificar algum dos seus amigos para avançar na história. O que, por vezes, faz com que seja extremamente difícil zerar o jogo com todos seus guerreiros. Sim, cada vez que você ficar preso em um mapa, você vai - provavelmente - querer voltar para o game da FromSoftware com um sorriso no rosto.

Fire Emblem Heroes - Divulgação - Divulgação
"Fire Emblem Heroes": batalhas táticas na tela do seu celular
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A chegada ao Ocidente e um fã ilustre

Curiosamente, antes mesmo de o primeiro jogo ser lançado fora do Japão, os jogadores do mundo todo já tinha contato com Marth - protagonista do primeiro "Fire Emblem" e personagem lendário da série, e Roy, protagonista da sexta edição do game. Ambos fazem parte do catálogo de "Super Smash Bros. Melee," game de luta dirigido por Masahiro Sakurai. Acontece que o desenvolvedor - criador do Kirby - era fã da série de RPG tático e sempre fez questão de ter os heróis de FE em seus títulos. A popularidade dos personagens entre os jogadores ocidentais fez a Big N dar o braço a torcer e lançar o game globalmente.

Finalmente, em 2003, depois de vender milhares de cópias no Japão, o primeiro jogo da série a ser lançado no resto do mundo foi "Fire Emblem: The Blazing Blade", que ficou conhecido no Ocidente apenas pelo título de "Fire Emblem". O título de Game Boy Advance já não conta conta com a participação do criador da marca, Shouzou Kaga. O desenvolvedor trabalharia em outros games parecidos, caso de "Tear Ring Saga", lançado em 2001 para o concorrente PlayStation.

Ao longo da história, vários outros personagens da série fizeram parte de "Super Smash Bros.", notadamente, Ike, o protagonista de "Radiant Dawn" e "Path of Radiance", lançados nos consoles GameCube e Wii. Apesar do nome, os jogos não tiveram muito brilho nas vendas e fizeram com que a série se voltasse para os consoles portáteis.

Awakening salva o mundo (e a franquia)

Fire Emblem Awakening - Divulgação - Divulgação
Awakening: o game de Nintendo 3DS que salvou a franquia
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Depois de alguns lançamentos não tão bem sucedidos no Nintendo DS, a Intelligent Systems recebeu um ultimato: fazer um game da franquia que efetivamente vendesse. "Fire Emblem Awakening", para o Nintendo 3DS, não decepcionou e trouxe personagens memoráveis, como o príncipe Chrom e a princesa Lucina, em uma história que aproveitava o melhor da franquia, além de acrescentar um visual de anime aos seus personagens.

As cenas animadas, algumas bastante imersivas, tornaram-se marcas registradas da série dali em diante. O design de personagens também impulsionou o sucesso de "Awakening". A nova estética deu uma merecida camada de verniz para mecânicas que já existiam, como a possibilidade de usar personagens como suporte e desenvolver seus relacionamentos por meio de diálogos. Além de aumentar seus poderes combinados, os personagens desenvolviam amizades e até podiam se casar na história - tendo filhos, que seriam unidades combinando as características dos pais.

Além de ser um dos jogos mais bem avaliados da série, "Awakening" teve mais de 1,9 milhão de cópias vendidas, estabelecendo um recorde para um jogo da série.

O gigante acordou?

O sucesso de "Awakening" fez com que o 3DS recebesse mais dois títulos: "Fire Emblem Fates" e "Fire Emblem Echoes: Shadows of Valentia". O primeiro é uma história original, dividida em três partes: "Birthright", "Conquest" e "Revelations", com perspectivas diferentes para os mesmos acontecimentos, enquanto "Shadows of Valentia" é um remake do segundo game da série. Apesar de receberem boas críticas, os games não conseguiram superar a aventura de Chrom em vendas ou em popularidade com os fãs.

Antes de "Three Houses", o game ainda ganharia dois spin-offs menos famosos, como "Tokyo Mirage Sessions #FE" (Wii U) e "Fire Emblem Warriors" (Switch), este último um game do estilo musou - gênero criado pela série "Dynasty Warriors", no qual você controla um general e derrota milhares de inimigos. No entanto, foi um terceiro jogo que ajudou a ampliar o conhecimento do público para a Mara: o app "Fire Emblem Herores".

Chamando todos os heróis

Se levarmos em conta que "Pokémon GO" é produzido e publicado pela Niantic - apenas em parceria com Nintendo e Pokémon Company - podemos dizer que "Fire Emblem Heroes" é o game mobile mais bem sucedido da companhia japonesa. Lançado em 2017 para smartphones com os sistemas Android e iOS, o jogo bateu a marca dos 14 milhões de downloads e já arrecadou mais de US$ 500 milhões até fevereiro deste ano.

O RPG mobile traz uma versão mais simplificada do gameplay dos jogos tradicionais, com um roteiro que arruma uma desculpa para trazer os lendários guerreiros de todas as eras de "Fire Emblem" para o time dos jogadores. Ao longo das partidas contra outros jogadores pelo mundo, você vai juntando Orbes que são utilizadas para convocar personagens novos, que chegam de maneira aleatória, além de garantir outros itens durante o game. As orbes podem ser adquiridas jogando ou por meio de compras no aplicativo. Em entrevista ao site especializado Nintendo Life, o diretor do game, Shingo Matsushita, explica que o time da Intelligent Systems dedica para o game participava da criação dos títulos para console e que o sucesso com os fãs fez com que a companhia expandisse a história original de "Fire Emblem Heroes" e até pense em implementar novos modos de jogo.

"Three Houses" e a volta aos consoles

Fire Emblem Three Houses - Divulgação - Divulgação
O novo game atualiza mecânicas e coloca a história em um cenário à la Harry Potter
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Em uma situação bem diferente da vivida na última década, "Three Houses" chega ao Switch sem precisar provar nada para os críticos e com uma legião de novos fãs. O novo título promete implementar uma nova mecânica de calendário ao gameplay, parecida com o sistema de administração de tempo da série "Persona", da Atlus.

Como o nome já dá a entender, o RPG tático vai fazer o jogador escolher entre três casas para defender em uma guerra cheia de intrigas e conflitos. Pela primeira vez, a franquia terá gráficos em alta resolução já que "Three Houses" representa o retorno aos console de mesa depois de duas gerações e mais de uma década.

A história também parece se inspirar em um dos títulos antigos mais famosos da série, "Genealogy of the Holy War", lançado apenas no Japão. Os desenvolvedores prometem três histórias sob pontos de vista separados e até 80 horas de gameplay. Ou seja, altas doses de drama e escolhas marcantes para quem aceitar o desafio.