The Legend of Zelda: Link's Awakening é uma overdose de fofura no Switch
Você não precisa nem passar da tela de abertura de "The Legend of Zelda: Link's Awakening" para perceber que "adorável" é o adjetivo perfeito para o principal lançamento do Nintendo Switch em setembro. É tudo muito fofo e rico em detalhes, desde os cenários até os inimigos. Uma homenagem fantástica ao jogo original de Game Boy, lançando em 1993, e um dos melhores jogos do Switch em 2019.
Nesse mais novo remake que a Nintendo faz com a série Zelda, fica provado o comprometimento em melhorar as reedições, entregando jogos muito bonitos sem perder a essência da emoção para quem jogou os títulos originais.
Um naufrágio e várias surpresas
"Link's Awakening" é mais uma surpresa da casa de Mario para 2019. Esse remake do título de Game Boy foi anunciado de forma inesperada em fevereiro. E não poderia ser uma escolha mais estratégica, já que o game é um dos episódios mais irreverentes e adorados da série. Para melhorar, essa nova versão ficou a cargo do mesmo time que cuidou dos remakes de "Ocarina of Time" e "Majora's Mask" para o Nintendo 3DS.
Se você não está familiarizado com a história de 26 anos atrás, vai um resumo: Link sai para velejar sozinho após o encerramento do clássico "A Link to the Past" (1992) e enfrenta uma forte tempestade, naufragando com seu barco. Ele é resgatado por uma garota chamada Marin e acorda em uma pequena vila completamente desconhecida onde todos os habitantes se veem intrigados com a presença de um ovo gigante no topo da montanha. Esse lugar, chamado Koholint, é onde se passa toda a história, e cabe ao herói cumprir o chamado de despertar a criatura que está nesse ovo.
Trata-se de uma recriação fiel do jogo original, o que agrada aos puristas mas pode incomodar quem esperava mais por um jogo que custa o valor de um lançamento de primeira linha da empresa
Na edição de 2019, a Nintendo não inventou nem adicionou nada ao conteúdo da história principal. Trata-se de uma recriação fiel do jogo original, o que agrada aos puristas, mas pode incomodar quem esperava mais por um jogo que custa o valor de um lançamento de primeira linha da empresa. Além dos visuais, a única inclusão é um modo de desenvolvimento de dungeons que não empolga por ser extremamente simples.
Escorregão no desempenho
O game utiliza a Unreal Engine 4, poupando tempo e custos (trata-se do segundo jogo interno da Nintendo a utilizar a ferramenta de desenvolvimento, sendo "Yoshi's Crafted World" o primeiro). O fato é interessante por mostrar a Nintendo utilizando ferramentas terceirizadas e confirmar a versatilidade do console híbrido, que conquistou o mercado e os criadores de jogos mais variados. Especialmente, por conhecermos o quanto a companhia é fechada com suas próprias engines e seu foco em performance e equilíbrio com jogos próprios. Mas será que realmente saiu tudo bem aqui?
O game original de Game Boy mostrava todas as limitações possíveis do popular portátil na época, como telas independentes sem scroll, poucos inimigos simultâneos na tela, imagens em preto e branco (houve uma reedição de Game Boy Color em 1998 aproveitando o embalo do lançamento de "Ocarina of Time" com cores) e, por se tratar de um jogo portátil, uma aventura mais reduzida.
A Nintendo trabalha com a resolução dinâmica no game, trunfo comum dos desenvolvedores hoje em dia, e ele roda em até 1080p, focando nos 60 frames por segundo. Os gráficos em cel-shading e os truques com efeitos seguram muito bem a resolução, e o game roda nítido no modo portátil - bem diferente do game do Yoshi - mas há um dilema que tem incomodado as pessoas: o framerate solto.
Há, sim, casos de slowdown com gramas e muitos inimigos em partes específicas. Os desenvolvedores optaram por não travar o framerate do game e o que vemos, especialmente na transição de áreas, é uma queda acentuada e momentânea da taxa de 60 para 30 quadros, subindo repentinamente para os 60 atuais logo em seguida. É algo que deve ser considerado em um patch futuro e que deixa uma sensação estranha aos olhos do jogador.
A empresa é sempre lembrada por priorizar ao máximo a performance dos seus jogos, mesmo que sacrifique o visual (basta lembrarmos de "A Link Between Worlds" no 3DS com suas formas geométricas bem simples mas compensando na direção de arte esperta e sempre com estáveis 60fps), então o que vemos aqui talvez seja o custo exigido para se lançar um Zelda sem adiamento, em tempo curto e em uma engine que não seja própria.
Uma overdose de fofura
De fato, a parte visual é a que mais empolga. Os gráficos são lindos, com aquele visual isométrico clássico dos Zeldas 2D exaustivamente copiados, mas com uma cara de maquete 3D, com animações que usam e abusam de partículas, efeitos de glow e luz, além de uma borda esfumaçada que realça o sentido de miniatura do mundo.
A cada novo item conquistado ou a cada interação de Link com o jogador, há uma sensação de divertimento e, de certa forma, um senso de aventura nessa versão do game.
Com exceção da queda na taxa de frames, "Link's Awakening" realmente é lindo como qualquer foto e vídeo mostram. Não são raros os momentos em que estive jogando o game no modo portátil e algum colega soltou algum tipo de exclamação sobre o quão fofo era o conteúdo. É nesse modo, inclusive, que o visual e a temática de certa forma descompromissados brilham mais.
O enredo também conta com cenas de animação, deixando claro que o visual é um dos pontos-chave dessa nova versão. Outro ponto alto fica por conta da trilha sonora, recriada de maneira orquestrada, como já esperado pelos fãs da franquia.
É divertido ser Link
A combinação de todos esses elementos é um gameplay no qual os controles do Switch permitem que você adicione itens aos botões e acesse bem menos os menus que o game original, o que favorece muito a jogatina.
A bússola dentro das cavernas agora funciona como um pequeno radar que indica se aquela sala possui ou não um tesouro e o herói Link pode se movimentar tridimensionalmente, mas apenas com o analógico e em 8 direções (como a Nintendo fez em "Super Mario 3D World", 2013). Talvez fosse mais adequado para o remake a movimentação livre em 360° graus, mas é possível dizer que essa foi uma opção de design dos criadores.
'Link's Awakening' se destaca por parecer algo novo e completamente atual, provando que o design dos jogos clássicos de Zelda é realmente atemporal
Por falar em design, o jogo é realmente um teste de tempo. É um título de Game Boy recriado em uma geração muito mais moderna e para um público mais exigente. Mesmo assim, "Link's Awakening" se destaca por parecer algo novo e completamente atual, provando que o design dos jogos clássicos de Zelda é realmente atemporal.
Para quem teve "Breath of the Wild" como ponto de entrada na série, essa é uma ótima lição de como os game designers da marca japonesa sempre conseguiram fazer arte apesar de todas as limitações de hardware. No remake de "Link's Awakening", o senso de exploração e progressão é bem diferente do game de 2017, com elementos que acontecem em momentos chave da trama.
Por outro lado, o título segue com várias das marcas registradas da série: a sensação de descoberta a cada novo quebra-cabeça resolvido, o senso de exploração e de que o protagonista, assim como o jogador, se preparam a cada nova conquista para um desafio maior. O que, por si só, torna fácil entender por que a série é uma das mais bem-sucedidas entre público e crítica do mundo dos videogames.
Ao que parece, a gigante japonesa está decidida a manter seu console abastecido de conteúdo da franquia Zelda.Após "Breath of the Wild", que estreou com o videogame, a empresa já trouxe uma edição definitiva de "Hyrule Warriors" e se juntou com a equipe de "Crypt of Necrodancer" para realizar o criativo "Cadence of Hyrule". Além de tudo, temos ainda os games clássicos por meio de seu serviço de assinaturas, e por isso fizemos um breve guia explicando por onde começar.
Para o público que nunca se aventurou nos títulos mais antigos ou que realmente não conhece a marca, "Link's Awakening" é um título mais conciso e, sob vários aspectos, menos assustador que o grandioso "Breath of the Wild".
The Legend of Zelda: Link's Awakening
Apesar dos problemas técnicos que podem ser resolvidos no futuro, "Links Awakening" é um dos melhores games do ano, tanto por sua carga de nostalgia quanto por ser uma aula de como arriscar ao fazer um remake. Trata-se de uma recriação fiel do jogo original, o que agrada aos puristas mas pode incomodar quem esperava mais por um jogo que custa o valor de um lançamento de primeira linha da empresa.
Lançamento: 20/09/2019
Plataformas: Nintendo Switch
Preço sugerido: R$ 250,79
Classificação indicativa: Livre
Desenvolvimento: Nintendo
Publicação: Nintendo
*O Review foi realizado com uma cópia do jogo cedida pela Nintendo.
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