"Acordo chorando de noite", diz cosplayer que teria sido agredido na BGS
"Acordo chorando no meio da noite quando me lembro das agressões", desabafou o motorista de Uber Michael Giordano, de 34 anos, que fez uma denúncia acusando 12 pessoas de agressão, ameaça e roubo. Elas supostamente trabalhavam como seguranças do BGS (Brasil Game Show), no domingo (13), no Expo Center Norte, em São Paulo.
Na ocasião, ele foi ao evento vestido como Coringa, o vilão do Batman. Michael contou que faz cosplay do vilão há 12 anos e nunca havia passado por situação parecida. Ele contou que precisou ficar internado em um hospital durante dois dias por conta dos ferimentos que teriam sido provocados pelas agressões.
Segundo Michael, as agressões começaram após ele sair do evento e, depois, tentar retornar. O motorista afirmou que, antes de deixar a BGS, pediu autorização para os seguranças que estavam em uma das portarias. Os mesmos teriam dito que ele poderia voltar e entrar novamente.
"Fui até o carro pegar minha maquiagem e tomar água. Perguntei para os seguranças que estavam lá dentro se poderia voltar, eles disseram que sim. Liguei para o meu sobrinho, que estava com o dinheiro, ele disse que não poderia entrar. Fui até o mesmo portão que entrei, disseram [os seguranças] que eu não poderia voltar. Em seguida, comecei a ser atacado violentamente", lembrou.
O cosplayer do Coringa alegou que a entrada também foi impedida por um problema no QR Code que estava no smartphone dele. De acordo com Michael, a irmã dele comprou os ingressos e os deu para ele de presente. No dia do evento, ele estava com um sobrinho e a namorada dele.
Conforme uma tomografia feita por Michael na segunda-feira (14), no Hospital Geral de Taipas, foram constatadas diversas fraturas nas costelas, além de pneumotórax, presença de sangue no pulmão e secreção na traqueia.
Ameaça de estupro
Para o cosplayer, os agressores teriam achado que ele era homossexual, pois estava usando saia. No dia do BGS, Michael estava vestido com uma roupa de enfermeira, mesmo traje usado pelo Coringa no filme "Batman: O Cavaleiro das Trevas", em 2008. Na cena, o vilão explode um hospital.
Michael contou ainda que, durante a tortura, os homens diziam que usariam um cabo de vassoura para estuprá-lo. Ele também disse que teve um cigarro apagado na parte de trás dos joelhos e que os suspeitos teriam afirmado que eram policiais, algo em que ele não acredita.
"Fiquei morrendo de medo de morrer. Eles me ameaçavam de morte a todo o momento e zombaram de mim. Uma mulher cuspiu na minha cara, sofri todo tipo de humilhação", relatou.
Michael pretende entrar com uma ação judicial contra a BGS e já contratou uma advogada para o caso. Além das agressões, ele afirmou que os suspeitos levaram partes da fantasia, cigarros e R$ 4, além de terem danificado o celular dele.
"Não tem dinheiro no mundo que pague o estrago que isso fez, não estou conseguindo trabalhar como Uber. Não quero ficar milionário, não quero o dinheiro deles, só quero justiça".
Na terça-feira (15), o cosplayer fez uma live no Facebook:
Seguranças foram afastados
Por meio de nota, a assessoria de imprensa da BGS afirmou que a organização da feira está "debruçada" sobre o caso, para que possa apurar e colaborar com os órgãos competentes sobre a investigação das denúncias, sem comprometer nenhum dos envolvidos.
A organização da BGS também informou que está em contato com a advogada da vítima para auxiliar naquilo que for necessário. Ainda conforme com o posicionamento da feira, a empresa terceirizada responsável pela segurança do evento no dia ocorrência teve contrato suspenso até que a apuração do caso. Os seguranças foram afastados da empresa.
A Secretaria de Segurança Pública, por sua vez, informou que o caso é investigado pelo 9º Distrito Policial de São Paulo e que um inquérito policial está aberto. Uma equipe também faz buscas para identificar os agressores.
Ainda de acordo com a pasta, Michael esteve no 74º DP na tarde de ontem, alegando que havia sido vítima de roubo e lesão corporal. O motorista ainda deve ir ao Instituto Médico Legal (IML) para se submeter a um exame de corpo de delito.
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