Novos games da Riot estão distantes, mas já mexem com a comunidade
Os novos jogos anunciados pela Riot Games na última semana surpreenderam os fãs de "League of Legends", mas também devem causar impacto no mercado de games de tiro, cartas e luta, na visão de profissionais dessas áreas ouvidos pelo START.
Jogadores, treinadores e streamers brasileiros estão empolgados com as novidades prometidas pela desenvolvedora de "LoL". Além de esperarem investimento pesado no cenário competitivo, eles comentam a seguir quais características dos games da Riot mais chamaram a atenção.
Na semana passada, o estúdio com sede em Los Angeles (Califórnia, EUA) começou as celebrações de 10 anos de "LoL". Foi uma transmissão ao vivo que revelou adaptações do bem-sucedido "Lolzinho" e do "Teamfight Tactics" (TFT) para celular, além do jogo de cartas "Legends of Runeterra" (LoR), o jogo de tiro "Projeto A" e o game de luta "Projeto L". São gêneros importantes nos eSports, e que hoje são dominados por produtoras concorrentes da Riot, como Valve, Capcom e Blizzard.
Entre "Hearthstone" e "Magic"
"Legends of Runeterra" é o que tem o desenvolvimento mais adiantado, com previsão de lançamento para 2020. Até lá vão acontecer alguns testes abertos: o primeiro aconteceu em outubro, e o próximo está agendado para novembro - jogadores podem se inscrever pelo site oficial. Trata-se de um jogo estratégico de cartas gratuito ambientado no mundo de "League of Legends", com decks baseados nos campeões do jogo e em novos personagens.
O streamer Fernando "Ness" Torigoe, que se envolveu com jogos de cartas a partir de 1999, com "Magic: The Gathering", diz estar tendo ótimas impressões iniciais sobre "Legends of Runeterra".
"Ele aproveitou diversos elementos que já deram certo em outros card games e introduziu um sistema de mana incrivelmente sólido", analisa. "A mana é praticamente o recurso principal dos jogos de carta, e muitos deles têm uma enorme dificuldade em balanceá-la. O 'LoR' possui um dos melhores sistemas de mana. Além disso, os jogadores interagirem a todo momento deixa o jogo bem menos cansativo e mais interativo".
O 'LoR' possui um dos melhores sistemas de mana. Além disso, os jogadores interagirem a todo momento deixa o jogo bem menos cansativo e mais interativo
Fernando "Ness" Torigoe, streamer
Ele acredita que "LoR" chegará em um momento favorável para alcançar o sucesso, visto que "Hearthstone" está "em sua pior fase" e que "Magic", embora seja economicamente acessível, "é complexo demais para o público geral". "Quanto mais concorrência, melhor para os jogadores", conclui.
Da Romênia, onde está para o Masters Tour de "Hearthstone", a jogadora Nayara "NaySyl" Sylvestre conta ter visto streams do jogo de cartas da Riot no dia do anúncio e o considera "bem bom", com "mecânicas e design diferentes".
Para o pro-player Leo ''leomane'' Almeida, "Legends of Runeterra" inova com a mecânica de turnos simultâneos e a interação natural entre os oponentes em todas as fases de uma partida.
"Um jogo com a ideia de ser acessível e ter profundidade suficiente para ser competitivo sem se tornar amedrontador para os competidores novos é incrível e inédito", comenta leomane. "Eu acredito que a possibilidade de abrigar qualquer jogador, ser realmente free-to-play e ter uma curva de aprendizado, são elementos que contribuem muito para o sucesso do jogo", completa o pro-player, apostando ainda na atenção que a Riot Games pretende dar ao balanceamento do jogo, como acontece com "LoL" e "TFT".
Tiros e habilidades mágicas
Para entrar no mercado de "FPS", a Riot Games está desenvolvendo um "jogo de tiro tático competitivo que será ambientado na Terra em um futuro próximo, contando com um elenco de personagens letais, cada um com habilidades únicas capazes de criar oportunidades para que a pontaria possa brilhar", conforme descrição da desenvolvedora. "Projeto A", como está sendo chamado provisoriamente, tem características de "Counter-Strike: Global Offensive (CS:GO)" e "Overwatch", na avaliação de profissionais ouvidos pelo START.
Veterano do "CS", Renato "nak" Nakano, hoje na RED Canids Kalunga, chama atenção para o envolvimento do norte-americano Salvatore "Volcano" Garozzo, ex-jogador profissional, na criação do jogo. "Eu acho bem legal, porque querem trazer um pouco da mecânica do 'CS', mas também de jogos 'battle royale'. Eu vi as imagens e fiquei empolgado para testar. Tem tudo para ser um grande jogo, se a Riot cuidar dele como faz com o 'League of Legends'. Será mais um game para o pessoal se profissionalizar, com novos jogadores e equipes".
Na visão do pro-player Felipe "delboNi" Delboni, da equipe de "CS:GO" da Imperial e-Sports, as promessas da Riot de o jogo contar com ping baixo e bom anti-cheat são importantes para o sucesso. Outro diferencial destacado por ele é o uso de habilidade mágicas, as quais a desenvolvedora garante que serão apenas para criar diferentes situações e não para eliminar os adversários. O tiro representará a única maneira de conseguir abates.
"É bom, pois abre janelas para estratégias novas de jogo. Parece que a mistura de jogos ficou muito interessante", opina o jogador, para quem os gráficos e a jogabilidade lembram bastante "Overwatch".
"O jogo parece apresentar um estilo gráfico amigável, não exigindo muito dos computadores, mas sem perder o estilo e o impacto visual positivo, enquanto a jogabilidade me lembrou uma mistura dos estilos de jogos mais 'sérios' com os do estilo 'Overwatch'. No estado atual em que vários jogos se encontram com ping abusers, cheaters e problemas de conexão, o jogo vem a agregar, principalmente para quem é fã do gênero e que gostaria de ver jogos como 'Paladins' um pouco mais realista e sem nenhum desses problemas citados", comenta o treinador da equipe de "Rainbow Six: Siege" da FaZe Clan, Marlon "Twister" Mello.
Membro da equipe Fury de "Overwatch", Lucas "KnighT" Cabral não gostou do que viu inicialmente, mas diz que daria uma chance ao jogo. "Para mim, os gráficos estão muito similares ao 'Team Fortress 2', um estilo meio simples, mas ainda assim bem feitos. Não me agradaram de primeira, talvez porque o jogo ainda está em desenvolvimento", comenta o jogador, ressaltando que "Projeto A" deverá ser muito popular. "Não acho que derrubaria 'CS:GO' ou 'Overwatch', mas seria uma coisa nova e única".
Já Edgar "Edigas" Camargo, que passou pelos times de "Overwatch" Dogma e-Sports, RevoltZ e-Sports Club e UP Gaming, está empolgado com "Projeto A". "Estou me hypando para tryhardar", conta. "A empresa que está produzindo o jogo é bem conhecida e vai ter muita gente querendo jogar e provavelmente se viciando".
O jogador profissional Gustavo "SHOOWTiME" Gonçalves, da Vivo Keyd, vê que "Projeto A" pode pressionar a Valve, que é acusada por membros da comunidade de não dar a devida importância ao cenário competitivo de "CS:GO". "Eu acho interessante o impacto do novo jogo, pois 'obriga' a Valve, por exemplo, a dar mais atenção ao 'CS'. Desbancá-lo, sinceramente, eu acho difícil, mas o jogo pode, sim, conquistar um público, assim como há os públicos de 'Overwatch', 'CrossFire', entre outros".
Luta pela popularização
Outra aposta da Riot Games é o "Projeto L", para um mercado cheio de opções. São muitos os jogos de "Fighting Games". Prova disso é a variedade de campeonatos no Evolution Championship Series (EVO), o principal evento deste segmento de eSports, onde, aliás, a desenvolvedora confirmou pela primeira vez que estava desenvolvendo o game. Os detalhes iniciais, ainda que escassos, vieram nas comemorações de 10 anos do "LoL".
Pelo que se pôde ver das imagens divulgadas, o jogo incluirá campeões do "LoL", como Jinx, Katarina, Darius e Ahri, lutando em um cenário 2D.
Único brasileiro a conquistar uma medalha no EVO, no jogo "Samurai Shodown", em 2019, Renato "Didimokof" Martins vê um gameplay familiar em "Projeto L". "Não é 3D igual ao 'Tekken' e não é anime como o 'BlazBlue'. Assim o jogo fica mais fácil de entender. Pelas características, está mais parecido com 'Street Fighter V'".
Ele acredita que o jogo terá bastante impacto no mercado, principalmente por conta da importância da Riot e se houver o suporte necessário. "A empresa tem uma base de como o público gosta. Eu vi no vídeo que vão ter golpes igual 'The King of Fighters' e 'Street Fighter'. O que irá diferenciar serão as mecânicas. Seria bom, por exemplo, na seleção dos personagens, você poder colocar uma habilidade igual ao 'LoL', como flash, incendiar e escudo, que só poderia ser usada uma vez por round".
Jogador de "Fighting Games" das antigas, Eric "ChuChu" Moreira diz que a maior parte do hype vem da expectativa de a Riot investir no cenário competitivo como faz no "League of Legends". "Eu acredito que campeonatos e apoio das empresas para realização deles e para produção de conteúdo influenciam demais para o sucesso do jogo de luta. Quanto mais competição, mais apoio, mais vontade de jogar e competir dá".
Thomas "Brolynho" Proença, que abandonou os torneios profissionais de luta virtual em 2019, está otimista com "Projeto L". "Eu acho que a Riot irá fazer o que as empresas de 'Fighting Games' não souberam fazer por mais de 30 anos: popularizar o gênero".
Ele alega que as desenvolvedoras de games de luta não elaboram estratégias para popularização dos jogos ou, quando o fazem, "a abordagem é completamente errada, achando que a popularidade de um jogo é inversamente proporcional à sua dificuldade". "O que nós precisamos, mais do que investimento, é organização".
Os novos jogos da Riot Games têm longos caminhos pela frente até serem lançados oficialmente, mas os impactos com as novidades são sentidos desde já.
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