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"Em 2020 você verá muitos jogos de nossos estúdios", diz chefe do Xbox

Phil Spencer, chefe de Xbox, falou sobre os anúncios da Microsoft e a nova geração de consoles - Renato Bueno/UOL
Phil Spencer, chefe de Xbox, falou sobre os anúncios da Microsoft e a nova geração de consoles Imagem: Renato Bueno/UOL

Renato Bueno

Do START, em Londres*

21/11/2019 04h00

Depois de passar os últimos anos adquirindo estúdios e sem muitas novidades para mostrar, a Microsoft tenta tirar o atraso. Na semana passada, em Londres, durante o X019, a produtora revelou três jogos inéditos e uma ampliação do catálogo do Game Pass, além de anunciar a chegada ao Xbox de jogos muito aguardados, como as séries Yakuza e Final Fantasy.

Segundo Phil Spencer, chefe da divisão de Xbox, a tendência vai ser intensificar esse movimento em 2020. "Você verá muitos jogos de nossos estúdios", diz em entrevista ao START, no dia seguinte aos anúncios. "Então muita gente vai estar falando de hardware e upgrades, mas um grande foco nosso para o próximo ano será ter novos jogos feitos pelos nossos estúdios e com uma frequência maior".

É justamente essa frequência maior que os jogadores gostariam de ver. Em 2018, a Microsoft foi às compras e voltou com o carrinho cheio de estúdios renomados como Ninja Theory (Hellblade: Senua's Sacrifice) e Playground Games (Forza Horizon). Em 2019 ela continuou com as aquisições e agora Double Fine (fundada por Tim Schafer, ex-LucasArts), inXile ("Wasteland") e Obsidian ("Fallout: New Vegas") fazem parte da Xbox Games Studios.

Nesse meio tempo, porém, nada muito expressivo foi revelado. Este ano, por exemplo, o maior lançamento exclusivo foi "Gears 5", enquanto "Crackdown 3" decepcionou, e jogos como "Battletoads" e "Ori and The Will of Wisps" ficaram para 2020.

Por isso um certo alívio tomou conta dos mais aflitos quando a empresa anunciou, na semana passada, "Tell Me Why", dos mesmos criadores de "Life is Strange", "Everwild", do estúdio Rare, e "Grounded", da Obsidian - este último, já disponível para testes durante a X019.

Confira a seguir os principais trechos da entrevista com Phil Spencer.

X019  - Renato Bueno/UOL - Renato Bueno/UOL
X019, em Londres, trouxe demos de jogos ainda não lançados, como "Bleeding Edge" e "Doom Eternal"
Imagem: Renato Bueno/UOL

Teremos mais jogos em breve? O que os jogadores podem esperar?

"Na nossa apresentação você viu que houve um foco maior em jogos, e como os estúdios Xbox são muito maiores agora do que há alguns anos. Em 2020 você verá muitos jogos de nossos estúdios. Então muita gente vai estar falando de hardware e upgrades, mas um grande foco nosso para o próximo ano será ter novos jogos feitos pelos nossos estúdios e com uma frequência maior. Com uma cadência mais regular de lançamentos, esperamos que os jogadores fiquem felizes".

A comunidade parece ansiosa, às vezes insegura com a falta de anúncios. Existe a hora perfeita para anunciar um jogo novo?

"É um equilíbrio difícil. Por exemplo, nós temos 'Grounded', que anunciamos ontem e já está disponível para jogar aqui no evento. Então, obviamente estamos bem mais próximos do lançamento. E temos 'Everwild', da Rare, que mostramos no início da apresentação e já está mais distante, não pode ser testado ainda. Eu acho que ainda estamos tentando descobrir o melhor momento para falar dos jogos."

"Eu gosto de pensar que você só pode anunciar um jogo uma única vez. E quando você anunciá-lo, precisa ter certeza de que existe espaço suficiente, que ele não tenha vários outros lançamentos ao redor. Porque aí as pessoas podem focar. Você tem uma história para acompanhar esse anúncio? São várias peças que precisam se encaixar, e acho que ainda estamos entendendo qual é o melhor momento".

O que podemos esperar da nova geração?

"Acho que vamos continuar progredindo em termos visuais, mas onde eu gostaria de ver mais progresso é no 'sentimento'. Os jogos têm um visual impressionante, mas às vezes sinto que a capacidade de resposta ou a taxa de quadros não é exatamente perfeita. Eu não sei se um dia chegaremos à perfeição, mas conseguir um equilíbrio melhor entre gráficos e gameplay é algo que estamos buscando."

Algum jogo preferido, nesse sentido?

"Eu adoro Ori. Seja pelo visual, pela música, pelo gameplay e pelo 'feeling', para mim é quase o jogo perfeito. Quando você pula, ou quando ataca... os controles são suaves. É um ótimo exemplo de um jogo surpreendente tanto nos aspectos visuais quando no 'feeling' do gameplay. Acho que com o próximo 'Ori' vai ser igual".

Ori - Divulgação - Divulgação
"Ori and The Will of the Wisps" é uma das apostas da Microsoft para o Xbox One
Imagem: Divulgação

Como está o relacionamento com os estúdios Xbox e publishers em geral?

"Quando assumi esse cargo, encontrar as publishers e ir para o Japão construir relacionamentos era uma coisa nova para mim. Então nos últimos anos, seja com Codemasters, aqui no Reino Unido, Square Enix ou Ubisoft, na França, ou viajando ao Japão para conhecer a Capcom... tem sido algo muito importante para ter certeza de que temos conteúdo de qualidade na plataforma."

"A primeira coisa que faço, seja com nossos estúdios ou com 'third parties' é ouvir. Ouvir ao feedback dos criadores, saber do que eles precisam para contar suas melhores histórias, criar negócios para eles em nossas plataformas e criar soluções que permitam as melhores oportunidades."

"E apesar de eu ganhar muito crédito por trazer jogos japoneses para a nossa plataforma, na verdade é por causa do apoio da comunidade de Xbox que conseguimos progredir com essas publishers".

'Tell Me Why', da Dontnod, tem um protagonista transgênero, tema que ainda é muito delicado. Houve resistência na Microsoft ao seguir por esse caminho?

"Não, na verdade foi o oposto. Tivemos bastante apoio. Estamos há alguns anos nessa jornada de games para todos, com nosso controle adaptativo, proteção de conteúdo e coisas que fazemos online. Então o fato de esse ser o primeiro jogo com um homem transgênero no papel principal é algo que vale a pena ser falado. Não queríamos que o jogo fosse sobre isso, porque poderia parece exploração. Mas é parte da história no jogo. Então conversamos com a comunidade GLAD (entidade que luta pelos direitos dos transgêneros), e eles nos ajudaram. Como é uma empresa de Los Angeles, eles ajudam empresas de entretenimento e contar histórias, seja para TV ou cinema, e nesse caso acho que foi o primeiro jogo em que eles trabalharam."

"No elenco procuramos um dublador transgênero para interpretar o personagem principal, e coisas assim são muito importantes. Mas estamos sempre aprendendo. Não acho que vamos fazer tudo de um jeito perfeito, mas estou orgulhoso de termos dado esse passo, e feliz de poder estar aqui falando disso. A resposta da comunidade foi muito positiva, o que é algo muito legal".

Tell Me Why - Divulgação - Divulgação
Tell Me Why: jogo com protagonista transgênero será lançado em episódios
Imagem: Divulgação

Você já viu os memes que andam fazendo com você? "Quero que o Phil seja pai dos meus filhos", eles dizem.

"Hahaha, não! Eu não quero isso".

Como é sua relação com o público? Você recebe feedback da comunidade?

"Eu fico nas redes sociais o tempo inteiro, na Xbox Live o tempo inteiro, e as pessoas me mandam mensagens. Tenho três amigos no Brasil e jogo online com eles. Nós jogamos juntos, e eu ouço feedback, geralmente sobre coisas relacionadas ao trabalho. Mas estou sempre ouvindo. Eu me considero tanto um cliente do nosso produto quanto alguém que trabalha nesse produto. Então procuro me conectar com as pessoas e enxergar onde precisamos melhorar."

Phil Spencer E3 2019 - Divulgação/Microsoft - Divulgação/Microsoft
Phil Spencer na apresentação de Xbox durante a E3 2019, em Los Angeles
Imagem: Divulgação/Microsoft

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* O jornalista viajou a convite da Microsoft.