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OPINIÃO

Tente não se emocionar com "Arise: A Simple Story" e falhe miseravelmente

Em "Arise", nosso herói é pequeno diante da natureza (e quem não é?) - Divulgação
Em "Arise", nosso herói é pequeno diante da natureza (e quem não é?)
Imagem: Divulgação

Makson Lima

Colaboração para o START

05/12/2019 04h00

2019 tem sido um ano incrível para os indies: da ação de "Katana Zero", passando pelo humor de "Afterparty" até e a aventura emotiva de "Knights and Bikes", são jogos com experiências dos mais diversos gêneros possíveis, contemplando um vasto espectro de emoções em narrativa e gameplay. Essa lista acaba de ficar maior com a chegada de "Arise: A Simple Story".

Trata-se do jogo de estreia do Piccolo Studio, localizado em Barcelona e comprometido em contar histórias bastante pessoais e tocantes. "Arise" é exatamente isso: numa experiência em plataforma 3D, a vida do líder de uma aldeia se desenrola diante de nossos olhos de maneira singela, sem uma única palavra falada ou escrita.

Lembranças dolorosas e felizes

"Arise" começa com despedida, no velório de nosso herói. Numa espécie de ritual viking, seu corpo é cremado e, em seguida, o corpulento senhor encontra-se no além, envolto em neve. Cada estágio do jogo representa um momento de sua vida, desde a infância até o inevitável e inexorável fim. São transições encrustadas em pedra, como se eternizadas pelas gerações que ainda estão por vir.

Visual e som são aliados nessa empreitada. A trilha sonora, orquestrada, muitas vezes toma a frente da jornada, conduzindo os tempestuosos caminhos como um maestro. São vários os momentos emotivos, mesmo que essa condução se torne um pouco roteirizada vez ou outra.

O visual também cumpre seu papel, indo da simples modelagem de seus personagens a uma natureza belíssima, e também assustadora. É a história da vida desse personagem, de seus entes queridos e suas escolhas, mas não há como ter controle de cada momento, ainda mais numa realidade selvagem.

Arise - Divulgação - Divulgação
Uma vida cheia de obstáculos
Imagem: Divulgação

Poderia, facilmente, ser um "First Person Experience" (FPX) da geração pós "Gone Home", comprometido apenas com sua narrativa. Mas "Arise" não cai nesse clichê, e faz questão de ir além da plataforma 3D convencional. Não temos controle sobre a câmera, o que gera efeitos dramáticos com direção pré-estabelecida, e isso abre espaço para um outro tipo de controle com o analógico da direita.

Algumas horas ou alguns meses

É como se tivéssemos acesso a janelas de tempo dentro dessa realidade pós-vida. Ir de inverno a primavera em segundos, transformando a natureza ao nosso redor, tal qual a ideia de termos nossa existência toda em retrospecto, diante de nossos olhos, no momento derradeiro. E é tão simples quanto direcionar o analógico para esquerda ou para direita.

O intervalo de tempo correspondido varia tanto quanto o estágio em si - o monte de neve, agora uma nova elevação, derrete, revelando um caminho antes escondido. Ou então, com nossa corda de escalada, pegamos carona em abelhas gigantes, entendendo suas rotas e progredindo com o jogo.

Os efeitos são diversos, e parte da diversão é entender o quanto podemos controlar e entender cada um de seus momentos. É como se observássemos a vida sob uma lupa, como se tivéssemos uma segunda chance, mesmo que sem efeito real de mudança, afinal, começamos pelo irremediável fim.

Arise - Divulgação - Divulgação
Quando o trajeto se faz tão simples
Imagem: Divulgação

Não há muito espaço para exploração, e alguns itens colecionáveis estão fora do caminho óbvio. São ilustrações complementares àquele momento específico, mas nada de realmente importante. "Arise" faz tanta questão de tornar cada pedaço de si especial, que poderia ter despendido mais atenção a esse detalhe, como fez uma de suas maiores inspirações, "Brothers: A Tale of Two Sons" — se você tem um carinho especial por esse jogo, aliás, terá uma experiência menos solitária em "Arise".

É possível, sim, jogar de forma cooperativa. Enquanto um jogador controla o protagonista ao rememorar sua própria existência, o outro assume as idas e vindas no tempo em si, resultando numa necessidade de comunicação constante, o que pode ser tão hilário quanto irritante, assim como a fragilidade de nosso personagem.

Não se trata de um jogo ágil, com pulos precisos ou momentos tensos, e não serão poucas as vezes frustrantes de tentativa e erro, com checkpoints constantes até demais.

Arise  - Divulgação - Divulgação
"Arise" não usa palavras: quem conta a história é a música, os cenários e o passar do tempo
Imagem: Divulgação

Como girassóis gigantes

Há uma beleza única na fragilidade de cada uma das etapas. Dos campos floridos a planícies estéreis, florestas sombrias e clareiras cheias de vida, montanhas perigosas e passeios por entre pétalas, corredeira abaixo, "Arise: A Simple Story" é como um lampejo, uma centelha, de vida, de morte, de lições aprendidas e de tudo aquilo que deixamos para trás.

Arise box art - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação
Lançamento: 03/12/2019
Plataforma: PC (Epic Games Store), PS4, Xbox One
Preço sugerido: R$ 37,99 (Epic Games Store), R$ 61,50 (PS Store), R$ 62,45 (Xbox Marketplace)
Classificação indicativa: Livre - Para todas as idades
Desenvolvimento: Piccolo Studio
Publicação: Techland

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL