"Minas Gamedevs" se reúnem em livro com relatos sobre a indústria de games
Histórias com tons e traços de fantasia, mas com uma dose forte de realidade. Assim é "Crônicas de Minas Gamedevs", livro ilustrado que traz relatos de mulheres que trabalham com games no Brasil, e as dificuldades que elas enfrentam na profissão.
O livro, escrito pela jornalista e colunista do UOL TAB Flávia Gasi e ilustrado por Kaol Porfírio, foi lançado oficialmente durante a CCXP19, e o START conversou com as autoras para conhecer os bastidores da obra.
Um pé na fantasia
Flávia conta que a ideia surgiu entre ela e Kaol enquanto comentavam sobre outras profissões. Elas decidiram por uma abordagem diferente: unir crônicas com aquarela e quadrinhos. "A gente poderia comentar sobre como é o dia-a-dia, então da ideia de cotidiano vieram as crônicas, mas não jornalísticas, mais líricas com toques de fantasia."
A produção durou cerca de oito meses, e a jornalista explica que o processo foi fluído. Elas conversavam com as mulheres, em relatos que poderiam vir desde entrevistas até em tweets. "Eu escrevia o texto da crônica, as próprias mulheres aprovavam esses textos antes, e chegava tudo à Kaol, que dava essa visão artística. Alguns foram escritos em texto corrido, alguns mais como roteiro de HQ", explica Gasi.
O processo de passar pela mão das fontes antes da publicação foi muito importante, destaca Flávia. Apesar de apresentarem as histórias de uma forma lúdica e subjetiva, as autoras queriam, antes de tudo, retratar a representatividade.
"Eu não queria que elas não se sentissem representadas. Estamos falando de representação, e se vou escrever um negócio e não dou a possibilidade de elas me dizerem se sentem representadas é estranho".
"A gente se importa com elas"
Cada história aborda um pedaço da vida das personagens, indo desde obstáculos que as mulheres enfrentam ao decidir trabalhar no mercado de jogos, até situações como medo, insegurança e até raiva, que podem afetar profissionais de diferentes áreas.
Um dos contos é sobre a síndrome de impostor, por exemplo. É difícil, duro e é uma coisa com a qual me relaciono. Então foi difícil de escrever, e para a menina ler também, mas acho que isso cria uma conexão muito humana entre nós duas
Flávia Gasi, escritora
Além de sentimentos, o livro mostra como o mercado de jogos, apesar de ser uma das indústrias mais lucrativas do mundo, ainda oferece resistência a profissionais com ideias e perfis diferentes.
Kaol Porfírio, ilustradora do livro, quer que as mulheres da área sejam acolhidas. "Garotas desenvolvedoras de jogos são poucas na indústria, [o livro] não é para desanimar as garotas que estão entrando, é para dizer que a gente se importa com elas e quer que se sintam acolhidas nessa área", conta em entrevista ao START.
A ilustradora também trabalha como desenvolvedora de jogos, e confessa que mesmo afastada desse meio fica feliz por ver cada vez mais mulheres indo trabalhar com games. Ela considera o futuro promissor.
"Eu as vejo representando jogos, apresentando jogos, aparecendo muito mais do que antes, e isso me deixa muito satisfeita e feliz com essa área que não tinha salvação. Dava um pouco de receio antigamente, e eu estou vendo que está mudando", conta.
Eu quero que mais meninas reconheçam que tem uma indústria da qual podem fazer parte
Kaol Porfírio, ilustradora
União com a comunidade
Raquel Motta é desenvolvedora de jogos, programadora e fundadora da Sue the Real, estúdio focado em narrativas afro-brasileiras. Ela é uma das minas retratadas na obra, e diz que ficou feliz em ser chamada para participar do projeto.
"Foi muito gratificante para mim porque eu comecei a acompanhar conteúdos de jogos a partir do canal que a Flávia tinha, admirava muito ela", conta Raquel. É um pedacinho de mim que está espalhado para outras pessoas saberem a nossa história".
A programadora revela que o livro aborda as delicadeza e assuntos sensíveis no cotidiano presentes na vida e que "se fosse em outras épocas eu não me sentiria bem para falar sobre isso, pois as cicatrizes estavam abertas". Ela acredita que o livro carrega uma importância para o mercado de quadrinhos e de games.
Saber que existem trabalhos como esse é olhar para outras mulheres e dizer 'olha, aqui acontece coisas não tão legais, mas a gente está com vocês e estamos continuando o nosso trabalho
Raquel Motta, desenvolvedora
"Crônicas de Minas Gamedevs" pertence ao selo de quadrinhos "Bast!", também fundado por Flávia Gasi com a escritora Rebecca Puig. O selo editorial tem como foco "publicar literatura e quadrinhos criados por mulheres e por minorias".
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