Resumo da notícia
- Game de Switch e PS4 é o resgate de um jogo que originalmente havia lançado apenas no Japão
- Jogador pode controlar 14 personagens e conseguir mais de 80 finais diferentes para a história
- Sistemas "old school", porém, exigem paciência e muito tempo para avançar na longa história
O que você fazia no seu tempo livre em 1996? Se você fosse fã de videogames e ainda não tivesse comprado um console de nova geração - no caso, PlayStation, Saturn e Nintendo 64 - é bem provável que estivesse jogando em um Super Nintendo ou Mega Drive. Se formos ainda mais fundo nessa viagem no tempo e considerarmos que você tinha o videogame de 16 bit da Nintendo, é bem provável que você tivesse um RPG japonês (JRPG).
Agora eu tenho quase certeza que nenhum desses jogos era "Star Ocean". Explico: desenvolvido pela tri-Ace (de "Valkyrie Profile" e "Lightning Returns: Final Fantasy XIII") e publicado pela Enix (que, posteriormente, se fundiria à Square), o game era uma daquelas pérolas lançadas exclusivamente para o mercado japonês, caso também de "Bahamut Lagoon", outro excelente RPG.
Isso só foi "corrigido" em 2008, quando "Star Ocean: First Departure" foi lançado do lado de cá do globo, em versão para PSP. Tratava-se de um remake do primeiro jogo que adaptou todo o conteúdo do game para o motor gráfico de "Star Ocean: The Second Story" (lançado em 1998, para PlayStation).
Além dessa bem-vinda modernização técnica, o game ganhou conteúdo adicional em relação ao jogo de 1996, como novos diálogos dublados, a possibilidade de recrutar novos personagens, cutscenes em desenho animado etc.
É justamente essa versão que serve de base para "Star Ocean: First Departure R", game lançado no último dia 5 de dezembro para Nintendo Switch e PlayStation 4. Essa versão, basicamente, é um "remaster do remake", ou seja, trata-se de "First Departure" com gráficos em alta definição.
À frente do seu tempo
Quando "Star Ocean" foi lançado, ele encontrou nomes de peso no mercado, como "Final Fantasy VI" e "Chrono Trigger", mas acabava se diferenciando em relação à concorrência por características únicas e uma boa dose de complexidade.
Para começar, a dinâmica de lutas não usava um sistema por turno, mas ações em tempo real. O jogador controlava um único personagem e determinava o estilo de luta dos demais por meio de perfis pré-determinados, o que dava mais dinamismo à ação.
Soma-se a isso um sistema de habilidades que permite ao jogador distribuir pontos adquiridos ao subir de nível e personalizar os heróis da forma que quiser. É possível, por exemplo, criar "tanques" que partem para a porrada sem preocupações ou, ainda, personagens mais focados na recuperação da equipe durante as lutas.
Dependendo de como distribuir esses pontos, é possível conseguir habilidades específicas, como cozinhar (o que permite criar itens de cura, por exemplo), duplicar itens, criar armas e por aí vai, algo bastante inovador para a época.
Havia também um sistema de afinidade que usava as chamadas "Private Actions", que poderiam ser desencadeadas quando o jogador se encontrasse na entrada das cidades, para determinar o nível de relacionamento entre os personagens. O nível de afeição, por exemplo, influenciava detalhes no final do jogo - em "First Departure R" há mais de 80 finais diferentes.
E já que falei em personagens, originalmente eram 12 os controláveis, número que saltou para 14 em "First Departure R". Tirando alguns poucos que obrigatoriamente acabam entrando na sua equipe, todo o restante acaba sendo opcional - o que agrega ainda mais profundidade ao jogo.
Ópera espacial
A história de "Star Ocean: First Departure R" é idêntica ao jogo original e envolve viagens espaciais e temporais, além de momentos bastante emocionantes. Basicamente, você começa o jogo controlando o trio Roddick Farrence, Millie Chliette e Dorne Murtough, cujo planeta acaba sendo alvo de um ataque biológico, com uma doença que transforma todos em pedra. Na busca pela cura - e com Dorne infectado - eles acabam encontrando Ronyxis J. Kenny e Ilia Silvestoli, dois terráqueos que viajam pelo espaço.
Além de ficarem sabendo que há vida - muito mais avançada, diga-se - em outros lugares, Roddick e Millie, juntamente com Ronyxis e Ilia, partem em uma aventura ao passado em busca de um demônio que pode ser a chave da cura dessa doença misteriosa.
A história de "Star Ocean: First Departure R" é profunda, com uma trama que se desenvolve em algo muito maior do que aparentava ser. E ela se desenvolve ao longo de dezenas de horas de gameplay, portanto a recomendação é reservar um bom tempo se você quiser chegar ao fim.
Sistemas antiquados
Se a complexidade e inovação de "Star Ocean" representaram um tremendo avanço na época em que ele foi lançado, mais de 20 anos depois a coisa é bem diferente. E é aí que "First Departure R" pode cansar um bocado o jogador.
Um exemplo é o sistema de encontros aleatórios, que dá uma certa travada na fluidez do game e frequentemente coloca o jogador em apuros - como aquela típica situação na qual você está chegando em uma cidade, com pouca energia, e precisa lidar com uma batalha potencialmente mortal.
Outro ponto que pode causar frustração é a exigência do uso de save points para salvar o jogo sempre que você estiver dentro de alguma cidade ou dungeon. Bem, comigo aconteceu o pior: não salvei o jogo antes de colocar o videogame em stand-by para fazer uma refeição e uma queda de luz fez eu perder umas boas 2 ou 3 horas de avanço.
Quem conseguir fazer vista grossa ou simplesmente for capaz de lidar com essas "velhices" do jogo certamente terá a chance de experimentar um game que traz não apenas uma narrativa épica, mas que também acabou servindo de inspiração para muito do que se viu no gênero dos RPGs japoneses nos anos que se seguiram.
Resumo
"Remaster do remake", "Star Ocean: First Departure R" é uma viagem à época de ouro dos RPGs japoneses e a chance de muita gente experimentar um game que, originalmente, não veio para o Ocidente, mas que mesmo assim influenciou muitos outros jogos do gênero. Para aproveitar isso, porém, é necessário uma dose de paciência, especialmente com alguns sistemas de jogo datados e um tanto irritantes.
Lançamento: 05/12/2019
Plataformas: Nintendo Switch e PlayStation 4
Preço sugerido: US$ 20,99 (Switch, loja norte-americana), R$ 64,50 (PS4)
Classificação indicativa: 12 anos (Violência, Conteúdo Sexual, Drogas Lícitas)
Desenvolvimento: Square Enix
Publicação: Square Enix
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