Resumo da notícia
- Game segue o formato de Pokémon, com exploração e batalhas, mas introduz novidades interessantes
- Projeto nasceu de uma campanha no Kickstarter e ganhou um forte apoio da comunidade
- Quem for se aventurar pode encontrar bugs e falhas, mas aproveitará um preço mais baixo que do lançamento final
Em 2018, uma desenvolvedora chamada Crema fez uma campanha no Kickstarter para o seu ambicioso projeto. Temtem era um MMO nos moldes de Pokémon, mas com mudanças significativas em vários sistemas para atender desejos antigos dos fãs do jogo da Game Freak.
Com uma boa apresentação, o time conseguiu não só mais de 500 mil dólares para tocar o projeto, mas também o apoio da Humble Bundle como "publisher", o que alavancou o processo. No último dia 21 de janeiro, o jogo entrou finalmente em Acesso Antecipado no Steam, e desde então é o mais vendido da plataforma todos os dias.
Jogamos várias horas da versão atual e te contamos agora o que esperar desse título feito com tanto carinho para quem gosta de capturar monstrinhos e batalhar com treinadores do mundo inteiro.
Problemas do Acesso Antecipado
O programa de Acesso Antecipado (Early Access) do Steam foi criado para que desenvolvedores tenham uma proximidade com os jogadores, colhendo feedback desde o início, fazendo atualizações e refinando o jogo até o lançamento final. Isso significa que, em fases iniciais, o jogador é um aventureiro desbravando um game inacabado. Você pode esperar por diversos probleminhas e um conteúdo que ainda está em desenvolvimento.
Nas primeiras horas com Temtem, por exemplo, enfrentei um bug que deixava a tela preta ao sair de determinadas casas e pedia para reiniciar o jogo, o que era bastante frustrante. No dia seguinte, após várias reclamações dos jogadores, um update resolveu o problema. Assim funciona o Acesso Antecipado, mas nem sempre é possível corrigir algo de um dia para o outro.
Outro fator para você considerar antes de fazer a compra: os servidores. Como eles ainda são poucos, em determinados horários do dia é preciso esperar numa fila para jogar, o que muitas vezes pode demorar mais de 30 minutos. Se algo acontecer e o jogo for reiniciado, você irá para o fim da fila novamente.
Se por um lado existem esses percalços, por outro você tem a oportunidade de participar ativamente do desenvolvimento do jogo e ver as mudanças acontecendo em tempo real, como novos monstrinhos ou mecânicas pedidas pela comunidade. No caso de Temtem, há uma grande quantidade de conteúdo já presente, e mais de uma centena de monstros para capturar e treinar, o que é um bom conteúdo para esse modelo. Outra vantagem de comprar o jogo agora é que você consegue um preço mais em conta: no momento, Temtem está por R$ 65,90 no Steam, o que deve ser bem mais barato que o preço de lançamento no futuro.
Igual, mas diferente
O escopo de Temtem não é nada modesto. Por ser um MMO, nada mais natural que tenha um mapa extenso para ser explorado. No total, a região de Omnisea tem seis ilhas, cada uma com diversas cidades e seus Dojos, equivalentes aos Ginásios Pokémon.
A primeira ilha é cheia de nuances. Você começa em uma cidade pequena e bem amistosa, como nos jogos clássicos de Pokémon. O início é bem previsível: você descobre quem é seu rival, conhece o professor que vai te deixar escolher entre três monstrinhos e então começa a sua jornada como treinador Temtem. Ok, o nome não soa lá muito legal. Uma primeira diferença aqui é que, em vez dos clássicos Fogo, Água e Grama, os desenvolvedores escolheram três iniciais de tipos mais exóticos: "Melee", "Mental" e "Crystal".
A partir daí, há muita variação de ambientes e um design de níveis interessante, com locais escondidos com tesouros e vários caminhos para escolher. No percurso para a primeira cidade, passei por praias, rotas repletas de treinadores e gramas para capturar novos Temtem.
Diferentemente dos novos Pokémon, aqui eles não ficam visíveis. É como nos jogos clássicos, com batalhas aleatórias ao passar pelos matinhos.
No entanto, recursos que ficaram ausentes em Sword and Shield estão presentes aqui, como a opção de colocar um monstrinho para te seguir, sendo possível também usá-los de montaria (porém ainda não liberei essa opção). Após a primeira cidade tive que subir uma montanha, com vista bonita, e um ambiente totalmente diferente. Nesse momento descobri que há caminhos bloqueados para uso de habilidades específicas, nesse caso a de subir paredes rochosas. Como vi outros jogadores descendo o rio com uma prancha de surf, itens também devem abrir novas possibilidades.
Há vários NPCs interessantes pelo caminho, com histórias próprias bem mais legais do que eu estou acostumado em Pokémon. Os diálogos, embora não sejam memoráveis, são bem menos dispensáveis que os da série da Game Freak, tanto que há até opções de resposta para o seu personagem e sidequests que aprofundam histórias paralelas. Existe até uma interface própria para elas, já que muitas vezes exigem viagens longas e idas e vindas para serem completadas e portanto podem ser esquecidas. Não falo por toda a base de fãs de Pokémon, mas é algo que sempre quis ver no jogo e pontuei na nossa análise de Sword e Shield.
Em cada cidade a exploração por conta dessa novidade é bem mais recompensadora. Dentro de uma casa há alguém com uma história interessante ou um pedido de ajuda que leva para uma missão legal, ao contrário das conversas tediosas que rendem um item de graça do Pokémon, uma fórmula que vem desde os primeiros jogos do início dos anos 90 e foi pouco modificada.
Outros elementos também são semelhantes, mas com uma estética diferente. Em vez de centros Pokémon, há máquinas especiais espalhadas pelo mundo que curam seus Temtem. Em vez de Pokébolas, eles ficam em cartões tecnológicos, mas o processo de captura é o mesmo. Igual também é o número deles que você pode carregar, apenas seis. Os excedentes vão para seu banco que pode ser acessado através de outra máquina.
Para o endgame, os desenvolvedores prometem a possibilidade de comprar casas e mobiliá-las da forma como achar melhor. Quem sabe o que pode vir no futuro, talvez a possibilidade de treinar os Temtem no aconchego do seu lar?
Com semelhanças e diferenças marcantes, Temtem lembra o que de melhor existe no Pokémon, mas adiciona novidades suficientes para ter sua própria identidade.
Batalhas com dois Temtem
É nas batalhas que Temtem mais se distancia de Pokémon. Em vez do clássico um contra um, o convencional aqui é usar sempre dois monstros. Segundo os desenvolvedores do jogo, o objetivo em relação às batalhas foi retirar ao máximo o fator sorte e adicionar o várias camadas possíveis para valorizar a estratégia, premiando sempre a habilidade.
Esse uso de dois Temtem muda tudo. Não há a janela de oportunidade para trocar de monstrinho quando você abate um Temtem inimigo. É possível decidir entre focar somente um dos inimigos ou dividir para conquistar, usando status negativos (como dormir) para levar vantagem.
E há várias outras novidades. Uma diferença que modifica bastante as estratégias é o uso de estamina no lugar do clássico PP do Pokémon. Os ataques não têm limite de uso, mas, se o seu Temtem ficar zerado de estamina, vai receber dano de recuo pelo ataque dado. Em alguns casos, é preciso alguns turnos para um ataque ficar disponível e, ao usá-lo, às vezes é preciso descansar no turno seguinte.
Quanto a fraquezas e vantagens, o jogo funciona tal qual em Pokémon. Há diversos tipos de Temtem, e uns são mais fortes que os outros, mas é bem raro conseguir eliminar um oponente com um só ataque, como é básico na jornada Pokémon. Isso, inclusive, fez muita gente dizer nas análises do jogo do Steam que está achando a campanha difícil demais, já que vencer um líder de Dojo não é nada fácil. Até mesmo os monstros que você coloca em conjunto para batalhar influenciam no combate. Temtem do mesmo tipo por exemplo, ampliam o dano de ataques desse tipo.
Algumas coisas ficam meio estranhas com essa abordagem. Capturar um Temtem, por exemplo, exige bem mais cuidado, já que uma combinação de dois ataques pode matar o monstrinho que você quer antes da abertura para a captura.
Em relação à evolução dos bichinhos, funciona de maneira diferente do Pokémon também. Em vez de evoluir assim que chegar em um determinado nível, o seu Temtem vai evoluir "X" níveis após você capturá-lo (varia de acordo com cada Temtem). Isso significa que capturar um monstrinho de nível menor fará a evolução ser mais rápida. Não cheguei a notar se há pedras evolutivas ou ocasiões especiais, como trocas, para poder fazer algumas evoluções.
Há também no jogo a possibilidade de criar ovos de Temtem ao cruzar monstrinhos compatíveis. A novidade seria uma degradação de DNA no caso de uso excessivo dos mesmos monstrinhos na hora de fazer o cruzamento. Ainda assim, eles deixam claro que essa é a melhor forma de fazer um Temtem com os atributos perfeitos ou com uma habilidade única, já que ele herda partes de ambos os pais.
O modo competitivo do jogo permite picks e bans e vai contar com um sistema de ranqueamento de jogadores. Como é um MMO, você pode esperar muita competição entre os jogadores.
Temtem
Modo cooperativo já está disponível
Com o foco nas batalhas de dois contra dois, jogar o game em modo cooperativo ficou bem mais natural. Ao entrar em uma batalha, temos um Temtem de cada jogador. O modo foi disponibilizado recentemente, pouco antes do lançamento do Acesso Antecipado, quando o jogo ainda estava em Alfa. Isso significa que ainda podem aparecer problemas de balanceamento e alguns bugs.
De qualquer forma, o fator multiplayer deve fazer ainda mais jogadores entrarem na festa, fazendo de Temtem um dos destaques de vendas deste ano. Se você é apaixonado por Pokémon, está meio chateado com a Game Freak ou só quer ver como é uma abordagem diferente para a fórmula, Temtem é o jogo para você nesse início de 2020.
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