Apex Legends, um ano depois: Os altos e baixos do Battle Royale da EA
Daniel Esdras
Do GameHall
08/02/2020 04h00
Apex Legends foi um dos cases mais enigmáticos de 2019. Lançado sem nenhum marketing (quando os fãs da Respawn estavam esperando o anúncio de Titanfall 3) o jogo simplesmente caiu nas graças dos gamers e acumulou 2,5 milhões de jogadores logo no primeiro dia, e 10 milhões no terceiro. Em um momento em que muitos já davam o mercado para o gênero Battle Royale como saturado, foi realmente interessante ver como Apex buscou seu lugar ao sol e até mesmo ameaçou os gigantes Fortnite e PUBG.
De lá para cá já se passaram 365 dias e muita coisa mudou no jogo. Com vários altos e baixos durante esse primeiro ano, Apex conseguiu se consolidar com 70 milhões de jogadores, segundo a Electronic Arts. Se por um lado ainda está longe do impacto de Fortnite, por outro se tornou uma segunda força que ainda tem muita lenha para queimar. Monte seu squad e venha conosco relembrar os melhores e piores momentos do primeiro ano do Apex Legends.
O lançamento de Apex Legends vai ficar marcado para sempre na história da indústria, tanto por conta da forma arriscada como foi anunciado, como pelas mecânicas que introduziu no gênero Battle Royale. Descendente direto da franquia Titanfall, o jogo conta com o mesmo arsenal do irmão mais velho e um sistema de tiro igualmente bom e recompensador.
Ao contrário dos concorrentes, Apex Legends só permitia que os jogadores entrassem em partidas em equipes com os outros jogadores, nos chamados squads. O movimento seria arriscado (já que exige comunicação para vencer) não fosse o bem implementado sistema de "pings" no mapa: os jogadores podem facilmente marcar inimigos, armas e locais para os outros companheiros através de marcações no cenário. A comunicação fácil e que quebrava até mesmo as barreiras dos idiomas foi uma das grandes responsáveis pelo sucesso do jogo —e logo os concorrentes pegaram a ideia emprestada.
Outra novidade que pegou bem foi o uso de personagens com habilidades próprias. Em vez de personagens genéricos montados pelo próprio jogador, Apex Legends apostou em um elenco diverso e cheio de personalidade. Os jogadores se identificaram com seus favoritos e passaram dezenas de horas tentando aprender a como jogar com cada um. Foi quase como fazer a junção do que há de melhor nos MOBAs (como já tinha feito Overwatch) com o que de melhor existia no Battle Royale. A junção de todos esses fatores fez de Apex Legends o sucesso que é hoje.
PIOR: Fronteira Selvagem
O que impediu Apex Legends de acompanhar o gigante Fortnite foi a diferença gritante de frequência de atualizações de conteúdo. Enquanto Fortnite seguiu firme e forte ao trazer temporadas regulares, com passes de batalha e diversas aparições especiais de franquias famosas, Apex Legends demorou meses para trazer a primeira temporada, Fronteira Selvagem, e mais ainda para sair dela.
Vale lembrar que a Respawn se comprometeu a trabalhar com menos carga nos desenvolvedores, reduzindo o chamado "Crunch" e permitindo que seus funcionários tenham uma vida mais saudável e menos estressante. O problema foi que, além da demora, as primeiras decisões foram bem ruins.
Ao mesmo tempo, nós queremos manter a nossa cultura enquanto um time de desenvolvimento e evitar o 'crunch', que pode rapidamente causar burnout ou coisas pior Texto de Drew McCoy, produtor executivo de Apex Legends, no blog do jogo
O primeiro passe de batalha não veio com desafios, o que dificultou subir de nível e acabou desanimando vários jogadores. O personagem que veio em Fronteira Selvagem, Octane, mudou muito pouco da dinâmica do jogo, e a ausência de alterações no mapa fez tudo ficar repetitivo, derrubando a base de jogadores.
Para piorar tudo, foram quase 11 semanas até o primeiro evento após o lançamento de Fronteira Selvagem, o que deu um aspecto de jogo abandonado para os fãs. Esse foi, definitivamente, o pior período para Apex Legends no primeiro ano. Mas muita coisa aconteceu depois, e o jogo deu a volta por cima.
MELHOR: Carga de Batalha
Somente no final de junho, durante a E3, vimos o que os desenvolvedores estavam planejando para a segunda temporada de Apex. Nesse período o jogo já tinha ganhado alguns conteúdos narrativos que indicavam mudanças significativas, e foi exatamente isso que aconteceu com Carga de Batalha, uma das melhores temporadas do jogo até o momento.
A primeira boa novidade foi a chegada da Wattson, que mudou bastante o jogo com suas habilidades defensivas, trazendo novas estratégias e sendo o "counter" para várias lendas antigas. Era o frescor de que a franquia precisava. Além disso, o mapa recebeu modificações interessantes, o que trouxe velhos jogadores de volta. Apex Legends tinha voltado aos trilhos.
O passe de batalha introduziu, finalmente, os desafios diários e semanais. As recompensas e skins agradaram os jogadores e até mesmo o modo ranqueado foi efetivado. Os eventos, quase inexistentes na primeira temporada, aqui foram mais frequentes e bem mais recheados de conteúdo. Quase tudo perfeito, não fosse o problema com as microtransações.
PIOR: Microtransações
Com a segunda temporada foram introduzidas as "loot box" especiais, que continham as skins mais desejadas de Carga de Batalha e exigiam sorte dos jogadores para conseguir o que queriam. Sorte e dinheiro, já que essas só podiam ser compradas com uma moeda premium, e não acumulando horas jogadas.
A comunidade reagiu muito mal à novidade, especialmente por conta dos US$ 150 necessários para garantir que você iria conseguir a skin necessária. Para conter os ânimos, a Respawn assumiu o erro e decidiu mudar a estratégia. Agora os jogadores podem comprar a skin que desejam por um preço maior que as convencionais, ou arriscar nas caixinhas pagando um preço menor que pode ficar bem alto dependendo da sorte.
Embora a solução não seja a ideal e muitos jogadores ainda estejam longe de satisfeitos, pelo menos serviu para acalmar os ânimos e desde então virou uma tradição das temporadas, que contam com esse mesmo "novo velho" sistema.
MELHOR: Experimentação
O que veio a seguir com as outras temporadas (a quarta foi lançada no último dia 04 de fevereiro) foi muita experimentação da Respawn. A equipe do estúdio brincou com novos modos de jogo que saíram do conceito do Battle Royale, criou um mapa novo que mudou totalmente as estratégias dos jogadores e lançou eventos constantes e diversos que trouxeram novidades interessantes, como o teste do modo Solo, tão pedido pela comunidade e que pode pintar de novo este ano.
Muita coisa agradou, algumas novidades dividiram os fãs, mas o fato é que a Respawn mostrou que não tem medo de inovar e deixar Apex Legends sempre interessante para os jogadores. Se por um lado o estúdio cometeu alguns deslizes, também demonstrou humildade para aprender com eles. Tudo indica que teremos um segundo ano ainda mais intenso e cheio de novidades.
Profissão pro-player: 10 games para quem busca uma carreira em eSports
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Um cenário gigantesco
Os eSports deixaram de ser um hobby e já movimentam mercados e carreiras ao redor do mundo. Segundo estudos da agência Newzoo, em 2019 as diversas modalidades de esportes eletrônicos deveriam atingir uma audiência de 450 milhões de pessoas, o que mostra o alcance da "brincadeira". (Foto: torneio MSI, de League of Legends, disputado no Brasil em 2016).
Divulgação/Riot Games
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Ao alcance de todos
Se você sonha em ser um jogador profissional, não faltam opções para começar: jogos de carta, tiro, no computador ou no celular. Separamos dez games que estão em alta e contam com um cenário competitivo já estabelecido, com organizações e torneios disponíveis até no Brasil. (Foto: Corinthians, campeão mundial de Free Fire em 2019).
Divulgação/Garena
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Fortnite
Um dos jogos mais populares do mundo, com milhões de jogadores ativos todos os dias. Fácil de entender, mas difícil de dominar, Fortnite é um Battle Royale que, além de tiros e explosões, envolve construções e coleta de materiais pelo cenário. Está disponível em diversas plataformas: computadores, consoles e até celulares.
O mundial de Fortnite em 2019, em Nova York (EUA), foi um sucesso, distribuindo um total de US$ 30 milhões em prêmios. Além disso, existem outros torneios online ao longo do ano, dando muitas chances aos amadores de jogarem competitivamente e até conseguirem se destacar rumo a torneios maiores.
Para quem prefere jogar no celular, Free Fire é a opção perfeita. Um dos games mais jogados no Brasil hoje, ele funciona em uma ampla quantidade de smartphones e segue os padrões de Battle Royale: jogadores caem em uma ilha e precisam se enfrentar até que somente um saia com vida. O jogo é grátis e está disponível para iOS e Android.
No Brasil, Free Fire vem crescendo a cada dia. O Mundial 2019 foi realizado no Rio de Janeiro, e o Corinthians foi o campeão. Em 2020, o jogo acaba de ganhar uma Liga oficial, que será disputada em um estúdio de São Paulo. Em breve, serão formadas as Séries B e C, dando oportunidade para futuros talentos aparecerem.
O MOBA da Riot Games já tem 10 anos de vida e não dá sinais de cansaço. LoL é um jogo de estratégia em equipes: 5 jogadores de cada lado, com o objetivo de derrubar a base inimiga. Parece simples, mas no fundo é como um xadrez cheio de ação e possibilidades. O jogo é grátis e está disponível para PC e Mac, com uma versão adaptada para celulares chegando em breve.
No Brasil, é um dos cenários mais ativos, com dezenas de times já bem estabelecidos. O principal torneio é o CBLoL, que tem duas etapas por ano e dá vaga para o Mundial. Antes de chegar lá, os times passam pelo Circuito Desafiante, que revela novos talentos. Como sempre, as partidas ranqueadas no próprio jogo são o melhor caminho para começar e tentar se destacar.
Se você gosta de jogos do estilo MOBA mas não curtiu muito League of Legends, a sua outra opção é DOTA 2, da Valve. O jogo, grátis, é descendente direto de Warcraft e foi moldado pela comunidade até chegar na versão atual. Bastante complexo e cheio de nuances, DOTA 2 tem uma longa, porém recompensadora, curva de aprendizado.
Reprodução
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DOTA 2
DOTA 2 não tem torneios fixos no Brasil, mas conta com uma comunidade dedicada. O cenário competitivo é bastante forte em países asiáticos e europeus. Entre os diversos torneios ao longo do ano destacam-se a ESL One, a DreamLeague e o almejado The International.
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Street Fighter V
Um dos jogos de luta mais famosos do mundo evoluiu e encontrou seu lugar nos torneios profissionais. Street Fighter V, da Capcom, além de ser um ótimo jogo é uma boa opção para quem sonha em ser jogador profissional. Como é uma modalidade individual, permite que os jogadores comecem jogando em casa e se destaquem nos rankings online.
Existem vários torneios internacionais com a presença do jogo, sendo o EVO e a Capcom Cup os principais. Brasileiros como Keoma e Zenith mostram que não é impossível chegar lá, mas é preciso ter muita dedicação para disputar contra norte-americanos e japoneses, que estão entre os melhores do mundo.
Se você gosta mais de Fatality do que de Hadouken, vá direto para Mortal Kombat 11. O game vem sendo atualizado e melhorado pela produtora, com novos personagens como Coringa e Spawn chegando ainda em 2020. É um estilo de jogo mais "travado" que Street Fighter, mas também exige bastante preparo e treinamento.
Graças aos rankings online, é cada vez mais comum ver jogadores "anônimos" se destacando e conquistando vagas para competir em torneios maiores. Recentemente tivemos a Liga Latina, em São Paulo, e o brasileiro Konqueror se consagrou campeão, garantindo vaga no torneio mundial, que acontece em março, nos Estados Unidos.
Embora Overwatch tenha perdido uma parte de sua base de jogadores para jogos como Fortnite, ainda tem um público fiel. É um jogo de tiro em equipes bastante frenético. São diversos personagens, cada um com poderes e habilidades especiais, então não basta ser bom de mira: é preciso colaborar com o time e pensar estrategicamente.
Através do Overwatch Contenders, aspirantes do mundo inteiro podem competir para tentar uma chance de entrar na Liga Overwatch. Há também a Copa Mundial de Overwatch, sediada na BlizzCon, onde os melhores do mundo disputam o título máximo.
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Counter-Strike (CSGO)
Está para nascer um jogo de tiro em primeira pessoa mais jogado que CS:GO. Ele é uma evolução do Counter-Strike lançado em 2000, e está sempre entre os mais populares da plataforma Steam. O formato não mudou: times de terroristas e contra-terroristas se enfrentam em rounds, alternando os lados entre ataque e defesa. É uma das comunidades mais ativas dos eSports.
Os torneios nacionais, como o Campeonato Brasileiro de Counter-Strike, ganharam força nos últimos anos, fortalecendo o cenário. Enquanto isso, times brasileiros como MiBR e FURIA continuam tendo projeção internacional e representando o país. Nesse cenário, a busca por novos talentos nunca termina.
O jogo de tiro tático da Ubisoft continua fazendo sucesso na comunidade de eSports. É uma versão moderna dos tiroteios em equipe: Siege pega a fórmula de "defesa e ataque" e incorpora drones, câmeras, rapel, equipamentos especiais e uma série de novidades táticas. Trabalho em equipe é fundamental para um bom resultado.
No Brasil, os principais eventos são a Pro League LATAM, onde os dois primeiros colocados garantem vaga pro Mundial, e o Brasileirão, que serve como uma maneira de chegar aos Majors. No exterior, o Six Invitational é a principal vitrine, reunindo os melhores times do mundo.
Quem prefere um jogo mais estratégico e calmo pode ir de Hearthstone. O jogo de cartas da Blizzard continua recebendo bastante atenção da produtora, graças às diversas atualizações de conteúdo. De acordo com a empresa, o jogo tem atualmente 100 milhões de jogadores registrados. Hearthstone é grátis, e está disponível para PC, Mac e plataformas mobile (iOS e Android).
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Hearthstone
O jogo tem partidas ranqueadas, que são o primeiro passo para quem pensa em se profissionalizar. Os principais torneios são o Hearthstone Masters e Hearthstone Grandmasters.
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