Resumo da notícia
- Game de estúdio francês nasceu em financiamento coletivo e foi lançado no Steam
- Ele se destaca com belos gráficos e muitas opções de personalização, mas ainda está cheio de bugs e problemas técnicos
- Modo campanha é dividido em três atos e rende cerca de 20 horas de aventura
Após um financiamento coletivo de sucesso e um período de acesso antecipado no mínimo conturbado, Wolcen: Lords of Mayhem finalmente recebeu a sua versão final no Steam. De lá para cá o jogo mudou de nome (antes se chamava Umbra), teve várias promessas quebradas e alterou bastante a sua proposta.
Mesmo longe do prometido em outros tempos, Wolcen pode ser considerado um sucesso, já que conta com picos diários de mais de 100 mil jogadores e não sai dos mais vendidos da plataforma da Valve desde o lançamento oficial. Os motivos são diversos e vão desde a estagnação de um gênero que clama por novidades há duas décadas, até gráficos impressionantes que ajudam muito no marketing.
Mas nem tudo são flores. A equipe da Wolcen Studio ainda é pequena para as suas ambições, e o poder de investimento para servidores e estabilidade no modo online deixa a desejar, o que criou um mar de problemas no lançamento oficial do jogo.
Gráficos excelentes, animações ruins
Desenvolvido na Cry Engine, a mesma do mitológico Crysis (já roda no seu PC?), Wolcen tem gráficos impressionantes para o gênero. Como os RPGs de ação nesses moldes são vistos de cima, geralmente se dedica pouca malha tridimensional para detalhes como os rostos dos personagens. Mas Wolcen é exceção. Ao focar tanto em recursos gráficos, ele se tornou o que provavelmente é o jogo mais bonito do gênero no mercado, atraindo olhares dos fãs de Diablo e Path of Exile.
Com o uso bem feito da câmera e de objetos em segundo plano, cada capítulo dá uma sensação de escala que é rara em jogos do tipo
Um bom exemplo de detalhe que chama a atenção é ótima utilização de luz e sombra, que em determinados locais, como o castelo de Stormfall, faz lembrar o uso do moderno Ray Tracing, tecnologia que ainda não está no jogo, mas é cogitada. Reflexões, texturas de materiais e especialmente os efeitos das magias no cenário me deixaram com aquele sorriso de leve, típico de quem está impressionado, por alguns momentos.
Esse apelo gráfico faz o jogo ser um colírio para os olhos também nos cenários que são visitados durante a jornada. Com o uso bem feito da câmera e de objetos em segundo plano, cada capítulo dá uma sensação de escala que é rara em jogos do tipo. Ver estátuas enormes ao fundo ou um maquinário ancestral repleto de energia tornam cada ambiente um local onde vale a pena parar e apenas observar.
Todo esse esforço da Wolcen Studio se deve à pegada cinematográfica do título. Antes da luta contra chefes e entre pontos importantes do capítulo, sempre rolam cinematics com os personagens. O áudio excelente, com uma dublagem que chama atenção, e os gráficos caprichados tinham tudo para tornar a experiência formidável, mas a variável mais importante nesse contexto é abaixo do esperado em Wolcen: as animações.
Em estúdios pequenos como o da Wolcen Studios, que conta com cerca de quarenta funcionários, geralmente a animação 3D é quem sofre e aqui não foi diferente. O ciclo de animação para a caminhada dos personagens é bem amador, especialmente nas personagens femininas, que rebolam com a armadura de forma constrangedora e mal executada. Nas cutscenes é comum ver os personagens girarem em torno do próprio eixo, o que lembra aqueles vídeos do Pokémon Sword que viralizaram antes de o jogo ser lançado. Os inimigos também não variam suas animações e quando introduzidos nas cutscenes fazem um papel de figurante que não sabe atuar. Como a história também não é lá das melhores, essas falhas contribuem para deixar tudo mais caricato e menos imersivo.
Campanha sem sal
A campanha de Wolcen está dividida em três atos e dura cerca de vinte horas para quem explorar os mapas na totalidade. Em relação aos concorrentes Path of Exile, Diablo III e até Grim Dawn, é bem pouco. Se a qualidade da história contada fosse boa ou a forma de jogar fosse muito diferente do que já conhecemos, talvez a jornada parecesse menos dispensável, mas infelizmente não é.
Seu personagem foi treinado para ser um campeão e pertence a um grupo de inquisidores que serve ao Senado. A partir de eventos que envolvem o surgimento de demônios, seu personagem vai despertar poderes supremos que não sabe como controlar ou de onde vieram. No meio do caminho de descobertas você irá entrar em conflito com tudo e todos: sua ordem, um culto das trevas, antigos amigos, tribos, seres ancestrais e o que mais aparecer no jogo. Com um cardápio vasto de conflitos, Wolcen poderia ter desenvolvido bem cada um desses grupos, mas por conta do tamanho reduzido do escopo, acabou deixando tudo bem superficial.
Seja o que você quiser, como quiser
O forte de Wolcen é, definitivamente, a construção de builds e o seu endgame. Com uma estrutura complexa de sistemas, cheios de camadas para serem dominadas, o jogo permite uma quantidade incontável de possibilidades para criar seu personagem e deixá-lo exatamente da forma que você quer.
O primeiro passo dado nessa direção foi um sistema de classes fluido. Em vez de escolher logo de cara a sua classe e ficar engessado com habilidades e equipamentos específicos, o jogo pede apenas para que você escolha uma arma inicial, que dita apenas sua primeira habilidade em combate. A partir daí é com você, que pode modificar seu personagem a qualquer momento para jogar de formas totalmente diferentes.
O jogo permite combinações diversas de armas, das mais exóticas como pistolas e espadas, escudos e catalisadores de magia, até os clássicos, como armas de duas mãos, cajados e arcos. Após escolher seu equipamento, você terá cerca de quarenta habilidades ativas para encontrar e aprender. Cada uma dessas habilidades possui doze modificações que podem alterar totalmente a forma de jogar. Essas alterações na habilidade vão desde aumento de dano e área, até uma mudança completa de elemento no dano causado por ela e novos efeitos secundários como acertar mais inimigos ou explodi-los.
Com uma estrutura complexa de sistemas, cheios de camadas para serem dominadas, o jogo permite uma quantidade incontável de possibilidades para criar seu personagem e deixá-lo exatamente da forma que você quer
Em relação aos atributos, você terá apenas quatro opções, mas cada uma delas influi em sub-atributos importantes. O chamado "Ferocity" por exemplo, influencia na quantidade de críticos e no dano quando eles ocorrem. Em Wolcen esse atributo é importante até para magos, o que impossibilita aplicar tudo em "Wisdom", fazendo o chamado "mini max", padrão em outros jogos. O jogo evita de forma inteligente a padronização de builds.
Para fechar o sistema insano de customizações, ainda existe um mapa de habilidades passivas com centenas de opções para escolher, bem parecida com o mapa de Path of Exile. A diferença é que aqui ele é circular, permitindo que os anéis sejam girados para criar caminhos conforme a sua vontade. Com os diversos modificadores que existem, as possibilidades são infinitas.
Tudo isso em conjunto dá uma personalidade única para o seu boneco, que pode ter um combinação só sua e de acordo com as suas preferências e habilidades, já que a jogabilidade também possui elementos como esquivas, habilidades que precisam de mira e diversas outras nuances para quem gosta de treinar para ficar melhor no jogo.
Um ponto brilhante que vale o destaque é a forma como desconstruíram a famosa barra de MP, que é a energia que possibilita usar habilidades especiais. Em vez de uma barra que se esgota e pode ser preenchida com poções, há um limiar entre os chamados "Rage" e "Wisdom". Explicando de forma simples, quando você usa habilidades mágicas, esse limiar vai mudando para "Rage", quando você usa habilidades físicas, ele vai para "Wisdom". Durante o combate, você vai alternando as habilidades para mudar a barra para o seu gosto e nunca parar de atacar. Isso abriu um leque de possibilidades de builds enorme, especialmente porque várias habilidades passivas têm relação com a quantidade dessas duas variáveis. Wolcen incentiva com isso a criação de personagens híbridos e a experimentação dos jogadores para se expressarem como acharem melhor no gameplay e isso é louvável.
Tudo isso só fica mais evidente após o final da campanha, quando novas missões e o controle de Stormfall cai nas suas mãos. Ou seja, aquela piada do "fica bom depois de umas 20 horas" aqui é uma verdade.
Nessa fase você terá novas missões desafiadoras em dungeons com restrições aplicadas ao seu personagem e inimigos cada vez mais fortes, o controle de Stormfall para construir edificações que geram bônus para os seus atributos e habilidades, além da capacidade de chegar até o nível noventa, o máximo do jogo.
No fim, mesmo com as promessas que foram descumpridas após o financiamento coletivo, a Wolcen Studio conseguiu entregar um jogo profundo e que vai agradar os fãs tradicionais do gênero em relação ao gameplay. Se por um lado ele não é revolucionário, por outro juntou o que de mais interessante há nos concorrentes e fez uma mistura que deu certo.
Problemas no lançamento
Se após ler até aqui você decidiu por comprar o jogo, é hora de saber o que te espera em relação aos problemas. Por ser um estúdio pequeno, a Wolcen Studio não possui uma quantidade grande de servidores dedicados pelo mundo, o que com mais de 120 mil jogadores ao mesmo tempo em picos diários, não combina. Por conta disso, espere por desconexões, problemas de autenticação e até mesmo a impossibilidade de jogar online.
É possível criar um personagem no modo offline, o que fiz para conseguir jogar, mas depois não será possível levá-lo para o online, por motivos óbvios como cheats e a possibilidade de utilizar mods quando não está conectado. Ainda assim essa é a melhor opção para quem vai comprar o jogo agora e não quer correr o risco de perder progresso por desconexões ou ficar sem jogar com seu personagem por queda de servidores.
Outro problema que incomoda bastante são os bugs. Existem muitos deles no momento, que vão desde problemas com colisores e detecção de dano até travadas em cinematics que te obrigam a fechar o jogo. Há inclusive uma sensação constante de lag ao clicar nos controles, que é agravada pela escolha ruim de movimentar somente por cliques no mouse, como mesmo botão utilizado para atacar, o que vai te deixar meio irritado em batalhas contra chefes mais poderosos. Essa parte é meio difícil de desculpar, já que o jogo passou quatro anos em acesso antecipado e ainda conta com problemas crônicos antigos e que parecem que não vão sumir tão cedo.
Se você estiver com estômago para superar esses percalços e encarar o jogo, vá fundo, mas quem for esperar um pouquinho para os primeiros patches e adição de novos servidores também não vai ter feito uma má escolha.
Resumo
Wolcen passa longe de ser inovador como prometia nos tempos de Umbra, mas ao menos consegue entregar uma mistura bem feita do que de melhor existe no gênero no momento. Com um sistema de customização insano e cheio de personalidade, aliado a gráficos que chamam a atenção, o sucesso do jogo só é atrapalhado pela quantidade enorme de bugs, problemas de servidores e animações que deixam muito a desejar.
Plataforma: PC
Lançamento: 13/02/2020
Preço sugerido: R$ 75,49
Classificação indicativa: 16 anos (Violência, Violência Fantasiosa, Violência Extrema)
Desenvolvimento: Wolcen Studio
Publicação: Wolcen Studio
Jogue também: Diablo III, Path of Exile, Titan Quest, Darksiders Genesis
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