Resumo da notícia
- Jogo de ação mantém o que deu certo no primeiro game, mas novas ideias não colam bem
- Gameplay intenso leva o jogador ao limite, exigindo concentração o tempo todo
- Game traz uma jornada de cerca de 40 horas para ser completado
Quando Nioh foi lançado, em 2017, trazia uma fórmula que era um verdadeiro convite ao prazer: visual e som maneiros, gameplay intenso, rápido e preciso, além de um enredo que misturava ambientação histórica e real com toques de fantasia.
Fez sucesso, angariou fãs e boas notas (88 de 100 no Metacritic), ganhando uma justa continuação. Chegamos então a Nioh 2, game que aterrissou no PlayStation 4 em 13 de março e que, como toda sequência de um bom jogo, causa um misto de ansiedade e apreensão nos jogadores. Será que a sequência faz jus à obra original?
Bem, o que posso adiantar de cara é que Nioh 2 entrega quase todo aquele pacote de qualidades que eu citei no primeiro parágrafo. Essa é a notícia boa. A ruim é que o que ficou de fora pode fazer diferença para muita gente.
Tire a katana do armário
Quem jogou Nioh vai se sentir em casa com o novo jogo. Estilo visual de menus, botões de ação e elementos básicos da jogabilidade —com botões de ação na face do controle, algo mais próximo de games como Ninja Gaiden e Devil May Cry do que Dark Souls e seus ataques mapeados para os botões de ombro — fora mantidos, bem como alguns tipos de monstros, estilo artístico do cenário e efeitos sonoros.
O sistema de posturas de armas está de volta, bem como a necessidade de gerenciar bem o uso de ki (que é a barra de "fôlego" do personagem e que o deixa inerte quando está vazia) garantiram sua presença no jogo. Já o multiplayer do game permite partidas cooperativas em tempo real. Também é possível invocar avatares de outros jogadores, que podem ser usados para te ajudar nas fases ou para duelar contra.
Fica com um ar de reciclagem? Não vou mentir que fica. Isso significa que Nioh 2 é um grande DLC do primeiro jogo? Nem de perto.
Nioh 2 te coloca sempre no limite e, consequentemente, exige altas doses de concentração. O mínimo vacilo pode fazer com que você morra até mesmo para os mais básicos dos inimigos.
Sem tempo pra brincadeiras
De forma até mais intensa que o primeiro game, Nioh 2 te coloca sempre no limite e, consequentemente, exige altas doses de concentração. O mínimo vacilo pode fazer com que você morra até mesmo para os mais básicos dos inimigos.
É um clima de tensão que se mantém no decorrer de toda a jogatina e passa uma sensação de opressão. Tá certo que depois de morrer várias vezes —nem se preocupe com isso, é algo totalmente natural — você acabará decorando o posicionamento dos inimigos e parte do nervosismo vai embora, mas mesmo quando isso ocorre você terá que lidar com a alta dificuldade do jogo.
Ainda assim, a principal característica do primeiro game se mantém: em nenhum momento Nioh 2 é injusto. Você vai morrer porque não estava forte o suficiente, porque não usou a sua arma corretamente ou, simplesmente, porque vacilou
Por falar nisso, admito que não consigo concluir se Nioh 2 está mais difícil do que o primeiro game. Tendo a dizer que são equivalentes nesse ponto, com a novidade ganhando pontos nesse quesito devido a algumas adições, como os trechos nos quais o jogador atravessa uma dimensão demoníaca na qual o equilíbrio de forças pende mais para o lado dos inimigos.
Ainda assim, a principal característica do primeiro game se mantém: em nenhum momento Nioh 2 é injusto. Você vai morrer porque não estava forte o suficiente, porque não usou a sua arma corretamente ou, simplesmente, porque vacilou. E, por mais difícil que seja, nenhum inimigo passa a sensação de ser invencível.
Em um game no qual os jogadores vão ver e muito a tela do "você morreu", dar a sensação de "vai lá, fera, na próxima você consegue" é fundamental para evitar que a frustração tome conta.
Nem só de passado vive o samurai
Salvo armas novas, como uma foice gigante, as principais novidades de Nioh 2 residem na forma como o enredo é apresentado e desenvolvido e nos momentos de intersecção entre a história do jogo e a jogabilidade.
Esqueça o lance do protagonista definido: Nioh 2 lança mão do bom e velho sistema de criação de personagem, com detalhes como gênero, aparência e biotipo definidos pelo jogador. Em termos de história de origem, você é um híbrido entre humano e yokai, os demônios japoneses que assumem diversas formas e que não são, necessariamente, malignos. O nome do personagem é Hideyoshi, que acaba sendo uma referência ao sucessor do senhor feudal Oda Nobunaga, responsável por unificar o Japão ao final do período Sengoku.
Esqueça o lance do protagonista definido: Nioh 2 lança mão do bom e velho sistema de criação de personagem, com detalhes como gênero, aparência e biotipo definidos pelo jogador.
Em termos cronológicos, Nioh 2 é uma "prequela" do primeiro game e se passa em meados do Século XVI, um dos momentos mais turbulentos e sangrentos do Japão. Novamente, a Amrita, pedras que concedem poder aos seus usuários - e que o jogador usa para subir de nível, por exemplo - ocupam parte central da trama e são objetos desejados por humanos e yokais.
Por mais que seja um game ancorado na jogabilidade e na busca por itens cada vez melhores, não ter como protagonista um personagem definido joga por terra uma das principais qualidades do seu antecessor, que é o desenvolvimento do enredo.
É, de longe, o maior problema do game.
Por outro lado, o fato de o jogador controlar um mestiço entre humano e yokai abriu espaço para novos elementos de jogabilidade. Agora, ao invés da "arma viva", é possível um "modo super", com o seu personagem ficando mais yokai do que humano e ganhando atributos momentaneamente.
Também é possível equipar almas de yokais derrotados junto ao seu espírito guardião, que garantem golpes especiais que consomem a barra de Anima, uma novidade do jogo. Outra novidade é um contragolpe especial, que também consome essa barra e que, se usado contra as técnicas mais fortes dos inimigos, é capaz de virar a maré de uma luta.
Por fim, além de uma árvore de habilidades refeita (e enorme), há um novo atributo no qual o jogador pode gastar pontos para subir de nível, que é o "Coragem". Da mesma forma que os outros atributos, ele determina quais características do personagem serão aprimoradas.
Boa dose de conteúdo
Assim como ocorre no primeiro game, em Nioh 2 o jogador avança no jogo completando as missões principais. Além delas, há missões secundárias e estágios crepusculares, que consistem em variações muito mais difíceis das missões principais.
De maneira geral, as missões principais são longas - algumas, demasiadamente demoradas. Já as secundárias acabam utilizando trechos dos cenários principais, o que deixa, novamente, um ar de reciclagem.
O que não decepciona são os confrontos com chefões, embates capazes de fazer qualquer jogador sentir na beirada do sofá e ter suas habilidades colocadas à prova. Nessas horas, além de estar bem equipado e municiado de itens de cura, é importante não ter pressa, analisar o padrão de ataque do inimigo e atacar nas brechas, de preferência utilizando suas vulnerabilidades.
Assim como o antecessor, Nioh 2 tem um prazo de validade que vai além das cerca de 40 horas necessárias para fechar o game. Além do incentivo a coletar equipamentos cada vez melhores —um toque de Diablo que já estava presente no primeiro game da série -, a possibilidade de ajudar outros jogadores em tempo real também contribui para essa durabilidade. E, mais do que pagar de bom samaritano, fazer isso também garante bons equipamentos.
Qualidades mantidas, mas poderia ir além
Entre uma espadada e outra, Nioh 2 se mostra um jogo divertido e competente. É um prato cheio para jogadores que gostam de colocar suas habilidades à prova e, ainda que pegue uma ou outro elemento de jogos consagrados, é capaz de manter tanto a originalidade da série como a solidez de um bom hack'n slash.
Nesse ponto, ele é um sucessor extremamente digno.
Há tropeços, claro, sendo a história o principal deles. Os cenários, por sua vez, são um tanto repetitivos, o que acaba sendo um desperdício da alta qualidade gráfica do game.
Não são, porém, fatores determinantes para aconselhar manter distância do jogo. Ao contrário, a recomendação é bem direta: se você jogou o primeiro e gostou, Nioh 2 é um prato cheio para agradar aquele samurai destemido que habita a sua alma.
Nioh 2
Lançamento: 13/03/2020
Plataformas: PlayStation 4
Preço sugerido: R$ 250
Classificação indicativa: 16 anos (Violência)
Desenvolvimento: Team Ninja
Publicação: Sony Interactive Entertainment
Jogue também: Nioh, Sekiro, Bloodborne, Code Vein, Nier: Automata
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