Em tempos de Coronavírus, jogar The Division 2 fica mais real e assustador
Resumo da notícia
- Games tem premissa em cidades em quarentena após o surto de um vírus
- Cidades de Washington D.C. e Nova York já foram retratadas
- Lixos, sujeira e ruas abandonas fazem parte do cenário
Em 2016, quando The Division foi lançado, o cenário pós-apocalíptico do jogo parecia mais um que encontramos em videogames. A premissa era até fraca: epidemia de um vírus? Surto de uma misteriosa doença? Tudo parecia mais desculpa só para ambientar o jogador em uma Nova York em caos com uma quarentena.
Corta para 2020 e a pandemia do novo coronavírus está cada vez mais séria, espalhando-se pelo mundo, deixando todos preocupados. Agora, jogar a recente expansão de The Division 2, Warlords of New York, lançada para Xbox One, PS4 e PC, traz um sentimento até alarmante. De repente, o que deveria ser só ficção ficou um pouco mais perto da realidade.
Assim como está acontecendo em outras áreas da cultura e entretenimento, o coronavírus está afetando bastante o mundos dos games: torneios de eSports no Brasil e no Mundo estão sendo adiados ou cancelados e eventos importantes, como a E3, também não vão mais acontecer este ano.
As consequências da pandemia também podem afetar como encaramos certos jogos. Plague Inc, um jogo de estratégia sobre destruir a humanidade com um vírus, foi banido em certos países, por exemplo.
A expansão de The Division 2 não deve chegar a tanto, mas, querendo ou não, explorar uma recriação tão bem feita de Nova York em quarentena, ainda mais por causa de um vírus, faz com que tenhamos novas perspectivas sobre o game.
Epidemia em Nova York
A premissa do primeiro The Division pinta um quadro de caos e desesperança quando o surto de uma nova doença, chamada "Veneno Verde" ou "Gripe do Dólar", se espalha por Nova York. É nesse contexto que os jogadores, membros de uma agência adormecida pelo governo, entram em ação para tentar trazer ordem ao caos, sendo juiz, júri e executor dentro de uma cidade sitiada.
Após desviar o caminho para a capital Washington D.C. em The Division 2, a Ubisoft lançou a expansão Warlords of New York, que traz os jogadores novamente à ilha de Manhattan. A cidade é atacada uma segunda vez por uma arma bioquímica, um vírus sintético chamado Eclipse. Por ser um videogame, é preciso sempre uma figura vilanesca, e o ataque é orquestrado por uma célula rebelde da Division.
É bom deixar claro que a série The Division nunca teve a pretensão de debater profundamente esses temas. Não espere um game que queira passar uma mensagem ou crítica mais direta como um Spec Ops: The Line ou Nier: Automata.
É bom deixar claro que a série The Division nunca teve a pretensão de debater profundamente esses temas. Não espere um game que queira passar uma mensagem ou crítica mais direta como um Spec Ops: The Line ou Nier: Automata.
O surto de vírus serve mais para dar ambientação ao real foco dos jogos: a ação de tiroteios aliada a sistemas de RPG que podem ser bem complexos. Nisso, Warlords of New York continua entregando um conteúdo de qualidade.
Ainda assim, o jogo contém muitos aspectos da realidade. A expansão não acontece em uma cidade fictícia em um planeta alienígena, e sim Nova York, com lugares como Chinatown e a ponte do Brooklyn como paisagem. O boneco que controlamos também não possui superpoderes, ele (ou ela) é um agente treinado, que usa armas de fogo e equipamentos tecnológicos, como um drone.
Com esse pé mais próximo da realidade, não tem como o contexto do mundo real, com uma crise que se agrava todo dia ao ponto das pessoas agora se isolarem em suas casas, não refletir na hora em que seguramos o controle e exploramos ruas abandonas, passamos por lixos acumulados e até corpos em sacos plásticos pelo chão.
Em certas missões, o personagem até mesmo entra em áreas infectadas e precisa usar máscara de oxigênio, um item que, inclusive, se torna um elemento de gameplay por dar vantagens ao jogador, como mais dano a armas ou resistência a explosivos.
Gangues de Nova York
Esse novo olhar para The Division também coloca os holofotes em certos aspectos do jogo que poderiam ser ignorados antes, mas agora destacam certas falhas na construção de mundo do game.
Um exemplo são as facções, os grupos de inimigos que o jogador enfrenta pelas ruas. Como não é possível eliminar o vírus com as balas de um fuzil, esses inimigos precisam existir para ter no que atirar no game, mas as justificativas para isso ou são fracas ou só ruins mesmo.
Uma dessas facções que está presente no primeiro jogo e retornam em Warlords of New York são os cremadores, um grupo formado por ex-membros do departamento de saneamento da cidade que passam a empunhar lança-chamas para "limpar" o contágio do vírus, matando tudo e todos.
É como se, no meio da pandemia do Coronavírus que estamos passando, os catadores de lixo, zeladores e garis pegassem em armas para matar todos que estão apresentando sintomas da gripe. Faz sentido? Não. No jogo também não.
A pandemia de Coronavírus é uma infeliz coincidência para o período de lançamento de Warlords of New York, que não chega fazer dele uma expansão pior ou melhor para The Division 2, mas certamente tem um impacto ao jogá-lo e não tem como ignorar.
O que chega a ser irônico é que a Ubisoft, produtora de The Division, sempre tenta desviar de posições políticas ou ideológicas em suas obras. Agora, se o jogo tenta fugir de temas políticos, a política é que chega involuntariamente ao jogo.
The Division 2 Warlords of New York
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