Resumo da notícia
- Série conta a história de Haruo Yaguchi, garoto japonês que curte games e aos poucos, descobre o amor
- Referências gamers e easter-eggs estão por toda parte, incluindo games como Street Fighter e Virtua Fighter
- Elenco de dublagem tem até Hiroki Yasumoto, o dublador original de Guile
Quem diria que a história de um garoto que gosta de fliperamas podia virar tema para um dos animes mais comentados —dentro dos círculos de jogadores de videogame— da atualidade. Hi-Score Girl coloca o universo dos fliperamas dos anos 90 em destaque contando a história de Haruo Yaguchi, um garoto japonês comum, viciado em videogames que, aos poucos, vai descobrindo o amor.
Atualmente, Hi-Score Girl está no catálogo de exibição da Netflix e você pode maratonar até mesmo dublado, se preferir. A segunda temporada foi lançada em abril e, ao todo, já são 21 episódios, mais três OVAs. Se você tinha idade para apreciar e lembrar do "boom" dos fliperamas que foram os anos 90, vai se identificar automaticamente com a vida do jovem Haruo.
Juventude, shoryuken e escolhas difíceis
Haruo Yaguchi é um viciado em videogames que surfou na onda de Street Fighter II no seu lançamento, em 1991. As casas de fliperamas lotadas, pessoas de todas as idades se enfrentando em partidas no game e, em alguns casos, na vida real (o sal na ferida do perdedor era intenso). Para evitar problemas, algumas regras eram criadas no boca-a-boca da comunidade para manter a paz no ambiente. Detalhe: apesar de o anime retratar apenas a cena japonesa, o mesmo tipo de comportamento se repetia em todo o mundo, inclusive no Brasil.
Não pegar tonto, não ser retranqueiro (?) e, principalmente, não abusar de 'macetes'. E foi por causa da quebra de uma dessas regras não-escritas que Haruo conheceu Akira Ono, garota de mesma idade que ele, e que demonstrava uma habilidade fora do comum no jogo, vencendo qualquer um que a desafiasse. Apenas mais um dia no fliperama, afinal todos sabemos que "há sempre alguém melhor", não é? Seria exatamente isso, não fosse o agravante de ela utilizar o Zangief para meter a porrada na galera.
Dali para frente, o relacionamento de Haruo e Akira se torna um misto de admiração, conflito e muito videogame. Completamente bitolado, Haruo não consegue ver as entrelinhas e entender os sentimentos de Ono. Para complicar ainda mais a situação, a personagem é completamente muda, não por uma deficiência nem nada, apenas porque ela não quer falar mesmo.
Assim como os jogos eletrônicos evoluíram na época, o relacionamento dos dois se tornava cada vez mais forte. Até o momento em que Ono precisou se mudar para os Estados Unidos por um tempo, abrindo caminho para uma nova personagem, Koharu Hidaka. Um triângulo amoroso gamer se formava.
Entre escolher gastar seu dinheiro num SEGA Saturn ou PlayStation, Haruo também precisava entender qual era a dinâmica desse novo relacionamento com Hidaka, garota simpática que aos poucos ingressava no mundo dos videogames, ao mesmo tempo que nutria uma admiração por Haruo (que acabou se transformando em paixão).
Óbvio que o retorno de Ono ao Japão seria o estopim para uma mudança drástica na vida de Haruo. Bem quando a SNK começava a investir mais e mais no nicho dos jogos de luta. Será que Haruo aguentaria o tranco?
Esses jovens, cada vez mais precoces?
A pesquisa apurada não serviu apenas para informar datas e aspectos técnicos das novidades eletrônicas da época. Ela fisga a audiência nos pormenores, com descrições de golpes, técnicas descobertas para abusar de bugs nos jogos e qualquer outro detalhe que só quem jogou vai lembrar
Semelhanças que doem
Em algum momento de nossas vidas como viciados em videogame, já fomos como Haruo (nem adianta negar). Essa é a parte engraçada que toca fundo no coração de todo mundo que assiste Hi-Score Girl, não só dos nostálgicos. E isso é o principal fator que faz o espectador ficar extremamente bravo com a falta de noção de Haruo em perceber a situação e tomar uma atitude.
Junto desse triângulo amoroso, o anime conta a história dos jogos eletrônicos no Japão de forma bastante precisa. Seja nas datas de lançamentos de cada jogo ou console, como também em peculiaridades que só quem jogou acaba se tocando.
A pesquisa apurada não serviu apenas para informar datas e aspectos técnicos das novidades eletrônicas da época. Ela fisga a audiência nos pormenores, com descrições de golpes, técnicas descobertas para abusar de bugs nos jogos e qualquer outro detalhe que só quem jogou vai lembrar. Sutileza acima de dados numéricos, esse é o trunfo do anime.
Vemos muitas dessas referências durante as conversas aleatórias dentro das casas de fliperama. Discussões sobre qual personagem é mais forte, estratégias de como vencer certos chefões, "técnicas proibidas" — do tipo abusar do blockstun (quando travamos na animação de defesa) em SFII — e cartazes do tipo "Quem socar a máquina será banido".
Tem referência de games até nos conselhos amorosos. Numa das ocasiões, Makoto, a irmã mais velha de Akira compara a relação com o que aconteceu dentro da franquia Street Fighter: "Então esse é o Street Fighter Alpha 2? E quando é que sai o Street Fighter III? É como se os jogos evoluíssem sem andar para frente, tipo o relacionamento entre você e a Ono?", ela brinca.
Outros detalhes, mais bobos, como quando Akira e Hidaka se enfrentam em Virtua Fighter II no Sega Saturn: "Mas eu só tenho um stick, não tem problema?", pergunta Haruo, preocupado por deixar uma das amigas em desvantagem. Na ocasião, Ono não se importou em deixar o stick com a rival, e mesmo no controlinho, acabou com a raça da adversária, sem dó. Em português ele diz que não tem um controle, sendo que aparece com dois na tela, é meio bizarro.
Esse tipo de diálogo passa quase sempre batido na versão dublada, infelizmente. Pelo menos a legenda do anime tem um cuidado melhor na adaptação, entregando o máximo do que aconteceu de fato no diálogo. Um pouquinho de cuidado extra na dublagem não faria mal a ninguém.
Pixels de ouro
Outro aspecto que chama muito a atenção em Hi-Score Girl é a quantidade de cenas capturadas de videogames antigos que pipocam durante o anime. Quando os personagens estão jogando é tudo o mais real possível, e sempre na melhor qualidade de captura que existe.
Nesse sentido a obra animada supera em muito a versão mangá que é vendida no Japão. Rensuke Oshikiri, o autor da obra, desenha todas as sequências de cenas de videogame ao invés de usar capturas de imagem, por exemplo. O mangaká publica suas histórias numa revista mensal chamada Shonen Gangan, e chegou a sofrer um processo da antiga SNK Playmore por uso indevido de alguns personagens do seu catálogo. O mangá foi tirado de circulação por algum tempo, mas depois os envolvidos entraram em um acordo.
O anime inclusive conseguiu inserir no elenco de dublagem Hiroki Yasumoto, o dublador original de Guile, personagem de Street Fighter. No anime ele é o melhor amigo (imaginário) de Haruo. Na segunda temporada eles foram além e contrataram também Kenta Miyake, o dublador de Zangief para servir de voz da inspiração de Akira Ono.
Hi-Score Girl é aquele show de nostalgia e romance que a sua quarentena precisa em formato anime. Não estranhe se, depois de assistir, você notar uma vontade maluca de querer encontrar um SEGA Saturn usado ou tirar o pó daquele Super Nintendo velho de guerra. Faz parte da experiência. E que venham mais produções do tipo, algo que também englobe situações que envolvam os jogos de hoje. Já pensou algo parecido, mas com o cenário de MOBA ou FPS em destaque? Aposto que ia dar bom.
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