A primeira impressão que muitos podem ter de Cloud Strife, o protagonista de Final Fantasy VII, é de um típico mercenário monossilábico, com pose de durão, foco no objetivo e nenhum apreço pelas pessoas. Afinal, quem não seria assim com uma espada enorme daquelas nas costas?
Porém, uma das qualidades do RPG da Square Enix é evoluir Cloud ao longo do jogo. Não só evolução em nível de poder, mas sim de personagem cativante. Em Final Fantasy VII Remake, mesmo sendo só a primeira parte, Cloud também passa por transformações e conflitos, que tornam o protagonismo dele ainda mais importante na nova versão.
Florescendo emoções
Nas primeiras horas do Remake é normal acharmos Cloud um cara mesquinho e pedante, totalmente alheio à causa de proteção ambiental da Avalanche. Ele está junto de Barret e os outros por ser mais um trabalho para o qual foi contratado. E só.
A missão inicial mostra que ele tem total aptidão para o combate, fazendo por merecer a posição de ex-SOLDIER, os combatentes de elite da Shinra, megacorporação que controla tudo e todos no mundo do game.
Acontece que SOLDIER não são pessoas normais. Para conseguir mais força e habilidades, experimentações celulares acontecem, e o brilho nos olhos revela o excesso de Mako injetado em suas veias —a energia vital do planeta, a Lifestream, transformada em produto pela Shinra e que faz com os SOLDIER também sejam uma mercadoria da empresa.
Essa explicação pode justificar muito dessa atitude fechada de Cloud no início do jogo. Como eles são tratados como ferramentas, isso os torna também menos humanos. Um discurso do President Shinra, na parte do reator Mako 5, deixa isso bem explícito.
Só que como agora que ele não faz mais parte disso, suas emoções e sentimentos podem finalmente aflorar. E ninguém melhor para despertar isso em Cloud do que alguém que cuida de flores.
É Aerith quem quebra a postura taciturna do personagem pela primeira vez, no breve encontro deles nas ruas do setor 8. Isso acontece não pelo charme incontestável da florista, mas porque nasce ali um elo invisível poderosíssimo.
Aerith não é uma pessoa comum, e Cloud também não. Quem jogou o original sabe disso e o remake usa dessa informação para construir momentos e quebras de expectativas no decorrer do jogo inteiro. De forma um tanto sagaz, o reformulado roteiro de Kazushige Nojima parece levar em conta os eventos do jogo original, como se postos em paralelo.
A partir daí, ser o protagonista dessa história e ter o poder de mudá-la se torna o grande papel de Cloud.
Um novo herói
Quando Cloud chega até o bar e quartel-general da Avalanche, o Sétimo Paraíso, e reencontra a amiga de infância Tifa após muitos anos, é perceptível o quanto isso o abala, apesar do esforço igualmente perceptível em manter a pose de mercenário, ou seja, indiferente a valores humanos, apenas a valores em Gil (a moeda em todo Final Fantasy).
Fica a cargo de Tifa terminar o que Aerith começou e expor o lado mais humano de Cloud, fazendo-o se abrir aos poucos e deixar de ser alguém assustador para crianças como Marlene, a filha de Barret, ou motivos para gatos ficarem eriçados de medo, o que acontece mais de uma vez com o protagonista.
É perceptível também o quanto Cloud já mudou ao chegar na cidade baixa do setor 5 e se reencontrar com Aerith. O mercenário vai amolecendo, tornando-se figura de admiração para as crianças órfãs que moram na região, ao ponto de muitas usarem espadas de madeira para brincarem de serem Cloud.
Conflito nas nuvens
Nos Final Fantasy mais antigos, o nome dos personagens nunca foi uma questão dentro do narrativa, tanto que poderíamos escolher chamá-los de qualquer coisa: Zé, loirinho, Doguinho. A criatividade corria solta.
Sequer saberíamos do sobrenome Strife de Cloud não fosse pelo manual de instruções do jogo ou as diversas publicações dedicadas da época. Em Final Fantasy VII Remake, no entanto, nome e sobrenome são citados e, quando analisados, oferecem pistas enrustidas sobre traços de personalidade e expiações futuras e passadas.
Strife (que significa "conflito", em inglês) diz muito sobre Cloud, suas dúvidas com relação ao seu próprio passado, medos e anseios quanto ao futuro e da luta interna que trava não só com seus sentimentos, mas também quanto a autoconhecimento, ao que de fato aconteceu com ele quando ainda era um funcionário da Shinra.
Quando a relação entre Cloud e Barrett se estreita, mais por conta de ações do que, propriamente, palavras, o líder da AVALANCHE revela ao mercenário suas impressões sobre ele: "Um merdinha com complexo de inferioridade". Mais sincero impossível, e isso nos prepara para revelações futuras, ainda não servidas no Remake.
Ao final do Remake, Cloud está bem longe de ser o sujeito sisudo e fechado do começo da aventura. Sua preocupação com seus novos amigos (e, em especial, com Tifa) é notável, inclusive, no calor das batalhas, onde comentários como "você é bom" e "isso é trabalho em equipe", são proferidos com certa naturalidade.
Toda a construção de um personagem mais interessante que acontece no jogo original já é toda feita nessa primeira parte do Remake. Se Cloud antes era um protagonista por mera decisão dos criadores, ao final ele conquista esse papel de figura principal pela importância e transformações que sofreu na aventura.
SIGA O START NAS REDES SOCIAIS
Twitter: https://twitter.com/start_uol
Instagram: https://www.instagram.com/start_uol/
Facebook: https://www.facebook.com/startuol/
TikTok: http://vm.tiktok.com/Rqwe2g/
Twitch: https://www.twitch.tv/start_uol
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.