"Eles estão dispostos a arriscar tudo... Até mesmo suas vidas... Nas ruas da fúria!". Ok, não é exatamente pela trama que a introdução do primeiro Streets of Rage marcou toda uma geração nos anos 90. A música que saía ali do Mega Drive, assim como a Sega sempre fez questão de ser, era pura vanguarda. A assinatura do compositor Yuzo Koshiro logo na tela de "Press Start" indicava o grande diferencial de uma franquia nascida para rivalizar com Final Fight e Double Dragon na era de ouro dos beat'em ups.
Uma trilogia de jogos e mais de 25 anos depois, os estúdios Dotemu, Lizardcube e Guard Crush Games unem forças —com o joinha da Sega— para trazer Axel, Blaze e Adam de volta. Não é todo dia que franquias abandonam hiato de décadas para retornar, e ainda mais em tão grande estilo.
Streets of Rage 4 entende a importância de seu legado e se ergue para ir muito além da nostalgia e boas lembranças. É a própria besta enjaulada usando combo atrás de combo para resgatar os velhos fãs e conquistar novas gerações.
Olho roxo na balada
Mr. X está derrotado. Axel Stone, Blaze Fielding e seus comparsas de causa se certificaram dessa vez, para não haver retorno. Mas isso foi há dez anos? Agora, uma nova ameaça toma as ruas de Wood Aok City. Os malignos irmãos gêmeos Y têm planos de dominação mundial através da música. Uma grande ironia para uma franquia que ganhou seu lugar em meio aos grandes jogos de porradaria justamente por conta de sua trilha sonora.
O primeiro estágio (de doze disponíveis) joga seguro e pega pesado no Streets of Rage adormecido em cada sujeito que comeu frango da lata do lixo, pediu ajuda ao policial da bazuca ou (sem querer, claro) socou o amiguinho
Não que a narrativa de Streets of Rage 4 seja algo além de uma desculpa para encher os becos e ruas da cidade com os mais variados tipos de delinquentes. Alguns deles são velhos conhecidos, com seus nomes, barrinhas de energia e estilo de luta. Donovan, Galcia, Signal e até o insuportável Big Ben estão todos lá, revigorados, mas nem tanto assim. Só o suficiente para atuar naquela quase inalcançável zona cinzenta entre a nostalgia absoluta e algo totalmente novo.
O primeiro estágio (de doze disponíveis) joga seguro e pega pesado no Streets of Rage adormecido em cada sujeito que comeu frango da lata do lixo, pediu ajuda ao policial da bazuca ou (sem querer, claro) socou o amiguinho. Só que o neon refletido na poça d'água e que reverbera na batida da música, na mexida do pescoço e na porrada na cara, também reflete os novos tempos, que pedem por primor técnico e personalidade.
Todas as faixas da trilogia clássica também estão presentes, bastando selecionar 'som retrô' nas opções e jogar tudo de novo
Pra chamar os parças
Por mais que seja perfeitamente possível ir do começo ao fim de Streets of Rage 4 em total modo solo, o jogo não foi pensado dessa forma. Todo seu profundo e complexo sistema de combos fica muito melhor quando você chama os parças, seja online ou na mesma sala.
Por aqui, Cherry e Axel juntos fizeram um estrago: enquanto ela petecava os inimigos com sua investida rápida, ele puxava os personagens de volta com seus socos pesados. Enquanto isso, a dificuldade dinâmica vai se ajustando quando alguém entra ou sai da partida: desde a quantidade de inimigos na tela até a resistência e agressividade deles. Ou seja, juntar os amigos para encarar o modo "mania" uma opção, mas não significa que as coisas serão mais fáceis.
Foi-se o tempo em que Galcia, o ruivinho de colete jeans, se escondia no canto da tela, preparando sua investida com faca em riste. Agora, esse mesmo canto serve como "parede", e digo isso no melhor estilo jogo de luta mesmo. Assim, surgem sequências com algumas dezenas de golpes e com certa tranquilidade.
Então Streets or Rage 4 se aproxima de um jogo de luta clássico, não só pelos golpes "por default" de cada boneco ou pela profundidade do sistema de combos, mas pelo peso que existe ali: você sente o soco na boca do estômago e o chute na ponta do queixo. Não à toa, o Modo de Batalha está de volta para apostar no 1 x 1 com profundidade, além do semi-impossível Desafio dos Chefões.
Trilha sonora de peso
E pensar que a trilha sonora de Streets of Rage foi encomendada para rivalizar com a de Street Fighter II, o auge da época. Dessa vez, Yuzo Koshiro e Yoko Shimomura (a responsável pelo tema do Guile —que funciona com qualquer coisa— e o de todos os outros lutadores de rua) unem forças com outros grandes compositores da indústria, como Keiji Yamagishi (de Ninja Gaiden) e Harumi Fujita (de Final Fight, perceba como o mundo dá voltas), para entregar uma das mais memoráveis trilhas sonoras já ouvidas num videogame.
E vai além: todas as faixas da trilogia clássica também estão presentes, bastando selecionar "som retrô" nas opções e jogar tudo de novo. E de novo e de novo, porque Streets of Rage é bem do tipo viciante, não por resgatar tudo que fez da franquia um dos carros-chefes do Mega Drive, mas por fazer jus a esse legado, reintroduzindo-o a toda uma nova geração.
Domine o seu personagem
Ao contrário da outra grande retomada dos beat'em up com Castle Crashers, o novo Streets of Rage abre mão por completo de qualquer tipo de evolução no personagem e aposta na evolução de quem o controla. Não à toa, difícil, dificílimo e a insanamente absurda mania, já estão disponíveis de pronto. Encara a bronca?
Os golpes disponíveis para cada um dos quatro personagens iniciais (de dezessete no total, no melhor estilo "todo mundo está aqui!") são munição o suficiente. Enquanto Axel bate forte, arremessa longe e tem ótimo alcance com seu especial, Cherry, a filha roqueira de Adam, corre em disparada e desliza de joelhos pelo concreto, levando tudo pelos ares. Pete Townshend e Jimi Hendrix ficariam orgulhosos.
A sempre muito popular Blaze é um balanço perfeito entre domínio de área próxima, não tão próxima e voadoras precisas para derrubar ou dar início a novas possibilidades de combo. Já Floyd, o polinésio com braços biônicos, é tipo um Max misturado com Dr. Zan - pega qualquer um pelo colarinho da camisa e ergue com extrema facilidade.
É tão fácil entender como realizar cada um dos movimentos quanto indicam as breves telas de tutorial, mas é só jogando na roleta-russa das ruas para criar afinidade. Bater ainda mais forte é desgastante e a barra de vida se torna verde, dando início a essa história de "risco e recompensa". É possível recuperar toda essa energia, mas um perdigoto inimigo na fronte já é mais que suficiente para levar tudo ladeira abaixo.
Streets of Rage 4 promove pequenas revoluções nas minúcias de seus sistemas de jogo. Tipo apanhar aquele cano ainda no ar, depois de um arremesso bem dado na face de Donavan ou com os especiais de estrelinha, particulares para cada boneco. Pega emprestado o que o segundo e mais aclamado jogo da franquia fez, ao distinguir, e muito, seus personagens e faz dos pontos adquiridos, vida extra - cobiçadíssima nas dificuldades mais altas, sempre rumo aos 8 mil! - além de servir de ranking para leaderboards e para destravar novos personagens.
É inteligente quando limita essas vidas por estágio, a fim de instigar o entendimento daqueles inimigos, obstáculos e chefões, que, assim como todo resto do jogo, dosa tão bem novidade com resgate.
Lançamento: 30/04/2020
Plataformas: PC, PS4, XBO, Switch
Preço sugerido: R$ 92,45 (PC)
Classificação indicativa: 10 anos (Violência Fantasiosa, Atos Criminosos)
Desenvolvimento: Lizardcube, Guard Crush Games, Dotemu
Publicação: Dotemu
Jogue também: Castle Crashers, Mother Russia Bleeds, River City Girls, Double Dragon: Neon
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