Keiji Inafune: a ascensão e queda do "pai" de Mega Man
Há 55 anos nasceu Inafune Keiji (assim como é referido no Japão), o game designer, ilustrador e produtor que deixaria sua marca na indústria dos videogames. Com um longa carreira quase toda dedicada à Capcom e a seus títulos, Inafune foi responsável e/ou teve participação direta em grandes sucessos como Mega Man, Street Fighter e Dead Rising.
Por outro lado, ele também foi alvo de críticas, teve uma saída conturbada da empresa onde passou a maior parte de vida profissional e acumulou controvérsias envolvendo sua carreira como desenvolvedor independente.
Desenhando o sucesso
Após se formar como ilustrador, Keiji Inafune entrou para a Capcom em 1987 e logo começou a trabalhar nos desenhos dos personagens de Street Fighter (sim, o primeiro), um dos títulos para arcades que a Capcom desenvolvia na época. Inafune contribuiu em vários personagens, mas sua maior colaboração foi no personagem Adon, inteiramente criado por ele, e que ganharia popularidade anos mais tarde, em 1995, com a série derivada Street Fighter Alpha.
Embora a Capcom fosse uma empresa focada em jogos para arcades, o indiscutível sucesso do Famicom incentivou a empresa a se dedicar ao mercado de jogos para consoles domésticos, inicialmente com o lançamento de conversões de títulos previamente lançados para arcades, como Commando, 1942 e Ghosts and Goblins, geralmente desenvolvidos por empresas terceirizadas.
Porém, justamente na época em que Keiji Inafune entrou para a Capcom, a empresa começou a projetar internamente títulos inéditos para o console da Nintendo, e como a empresa ainda tinha recursos limitados e pouco pessoal, o ilustrador foi transferido para um novo projeto que viria a ser conhecido como "Rockman".
Rock and roll all nite
Em Mega Man, Keiji Inafune foi responsável pelo design de praticamente tudo, como inimigos de fase, o logo do jogo, os chefes de fase e até mesmo desenhos para a arte da caixa e ilustrações promocionais.
Além disso tudo, Inafune também teve que fazer todos esses desenhos em pixel para o jogo, pois como já mencionado, os times de desenvolvimento eram pequenos, e o acúmulo de funções era a regra. Por outro lado, o próprio Inafune esclareceu um mito que surgiu há alguns anos, que citava o designer como o "pai de Mega Man". Em um painel da Tokyo Game Show de 2007, ele disse:
Eu costumo ser chamado de pai do Mega Man, mas na verdade seu design já havia sido criado quando eu entrei na Capcom. Meu mentor, Akira Kitamura, foi quem desenhou o Mega Man. Ele havia feito um esboço de como o personagem deveria se parecer. Então eu só fiz metade do trabalho de criação dele
Vejam mais sobre os bastidores da criação de Mega Man:
O jogo terminou sendo lançado como Rock Man no Japão, principalmente pelo fato de o Rock and Roll ser um gênero com grande influência sobre as músicas presentes no jogo. Mas o título precisou ser mudado para o lançamento ocidental porque o Vice Presidente Sênior da Capcom USA achou o nome horrível. Inafune, então, bolou o título "Mega Man", que acabou sendo aceito e passou para a história. Entretanto, assim como aconteceu com Street Fighter, o primeiro Mega Man se saiu um bom jogo, mas muito difícil e falho. Embora tenha obtido boas vendas, não emplacou.
Ciente de que ainda havia muito potencial a ser explorado, Keiji Inafune e os demais membros da equipe convenceram a Capcom a apostar em uma continuação, que viria a ser lançada em 1988, como Mega Man II.
Mega Man II foi um sucesso mundial fenomenal, catapultando para sempre o personagem ao panteão dos grandes mascotes dos videogames. Catapultou também a carreira de Inafune, que passou a trabalhar em vários títulos de sucesso da Capcom, como Duck Tales, Chip and Dale Rescue Rangers e Breath of Fire. Na franquia Mega Man, Inafune foi acumulando funções até se tornar o produtor, a partir de Mega Man 8, da maioria dos títulos da série, incluindo derivados como Mega Man Battle Network e Mega Man Zero.
Além de Mega Man
Para além de Mega Man, Inafune, também trabalhou como produtor em outros títulos de grande sucesso da Capcom. No início dos anos 2000, foi o produtor de Onimusha, um dos primeiros títulos lançados para PlayStation 2, e um dos grandes sucessos do console. Emprestando alguns elementos de Resident Evil, como os ângulos de câmera fixos, mesclando com ação à "hack and slash", Onimusha vendeu mais de 1 milhão de unidades e se tornou uma franquia de sucesso. Em 2006, a Capcom lançou outra produção de Inafune que se tornaria uma franquia bem-sucedida: Dead Rising, em que o jogador tem que sobreviver a uma horda de zumbis em um shopping center.
Keiji Inafune também foi o produtor de aclamado Street Fighter IV, que após anos de jogos derivados e crossovers, enfim recebeu um título da série principal em 2008.
Há controvérsias
Mas nem tudo foram flores na trajetória de Keiji Inafune. Em 2010, o ilustrador, game designer e produtor deixou a Capcom após 23 anos. A saída foi ruidosa, com críticas públicas tanto à companhia quanto à indústria japonesa de videogames, que, segundo ele, tinha uma cultura engessada e tratava criadores de jogos como "meros assalariados".
Inafune também declarou em várias entrevistas na época que se sentia esgotado e não tinha mais motivação em continuar produzindo games para a Capcom, e então desejava "recomeçar a vida" como um desenvolvedor independente. Inafune fundou sua própria companhia, a Comcept Inc (fusão das palavras "Computer" e "Concept"), trabalhando inicialmente em colaboração com outras desenvolvedoras. O título mais conhecido desse período foi Yaiba Ninja Gaiden Z, um derivado da famosa franquia Ninja Gaiden.
Porém, o caminho de Inafune se tornaria complicado com o fiasco que viria a ser Mighty Number 9. Projetado como uma espécie de novo Mega Man, mas dessa vez livre de supostas amarras por parte da Capcom, Mighty Number 9 de cara bateu o recorde de projeto que mais rapidamente atingiu o orçamento previsto na plataforma de financiamento coletivo Kickstarter.
A expectativa dos fãs e dos financiadores do projeto foi às nuvens, após as primeiras informações e materiais prévios mostrarem uma promissora mistura de Mega Man e Mega Man X, protagonizada por um personagem que se esforçava para emular o carisma do mascote da Capcom. Mas após uma série de atrasos, adiamentos e até acusações, Mighty Number 9 se provou um verdadeiro desastre. O resultado foi um game com visuais e controles pobres e mal implementados, cheio de problemas técnicos, bugs e vários recursos prometidos que acabaram sendo cortados da versão final.
O desastre foi tal que o próprio Keiji Inafune assumiu a responsabilidade e admitiu ser merecedor de todas as críticas. Apesar de tudo, a Comcept conseguiu se recuperar e continuou com outros projetos, até ser comprada pela desenvolvedora japonesa Level 5, sendo rebatizada então de Level-5 Comcept, e hoje faz parte do guarda-chuva de desenvolvedores da Level 5.
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