Imagine acordar, olhar no espelho e ver um Pikachu? Essa é a premissa de Pokémon Mistery Dungeon DX (Nintendo Switch), um remake que te coloca na pele dos seus monstrinhos favoritos da franquia. Em vez de lutar por glória em ginásios e ligas, o objetivo aqui é bem mais coletivo: ajudar os outros Pokémon que estão em perigo. Para isso você terá de montar uma equipe competente e explorar dungeons perigosas e cheias de andares.
A repaginada visual em relação aos jogos originais é visível e agrada, mas os problemas também vieram no pacote e em 2020 eles parecem ainda mais irritantes. Com alguns pontos interessantes e vários momentos de marasmo e repetição, não deve agradar muito nem os fãs da franquia e muito menos os novatos.
Aquarela Pokémon
O início de Pokémon Mistery Dungeon DX é poderoso. Após responder algumas perguntas sobre você, no melhor estilo quiz do Facebook, o jogo vai indicar qual, entre os disponíveis, é o Pokémon mais próximo da sua personalidade. Ao aceitar ou trocar por outro entre as diversas opções, você ainda poderá escolher um companheiro para te acompanhar na aventura.
Eu digo que é um início poderoso porque já, de cara, traz os monstrinhos mais amados da franquia para perto de você. Squirtle, Pikachu, Cyndaquil, todos estão lá para serem escolhidos ou te acompanhar como um amigo fiel. Além disso, a narrativa misteriosa sobre a força que te transformou em um Pokémon, suas memórias perdidas, a formação de um grupo de resgate e a sociedade dos Pokémon te prendem, já que foge do convencional.
Para completar a boa primeira impressão, a direção de arte faz um belo papel e encanta. Com texturas e shaders que dão um visual parecido com óleo em tela, os personagens favoritos da série vão parecer pinturas em uma cidadezinha para lá de aconchegante. A experiência soa bem e é sólida nos primeiros minutos, tanto que você fica ansioso pelo que virá a seguir, mas é só começar o gameplay que tudo desanda.
No papel há muito potencial, mas na prática o resultado é decepcionante. Mesmo com várias localidades diferentes, o design de níveis é sempre muito semelhante e a impressão que fica é que cada dungeon é uma cópia da anterior
Repetição à exaustão
Na essência, Pokémon Mistery Dungeon é um roguelike simplificado, com exploração de dungeons geradas de forma aleatória. Após coletar as várias missões de resgate disponíveis, você embarca para o local e começa a subir andares até chegar no monstrinho que precisa ser salvo. Ao completar a tarefa você consegue pontos para o seu time de resgate, recompensas em itens e até mesmo novos companheiros para encorpar a sua equipe.
No papel há muito potencial, mas na prática o resultado é decepcionante. Mesmo com várias localidades diferentes, o design de níveis é sempre muito semelhante e a impressão que fica é que cada dungeon é uma cópia da anterior que fica um pouco maior e com as bordas desenhadas de forma diferente. Ao repetir exaustivamente a exploração desses locais idênticos, a graça acaba rápido e a vontade de continuar vai ficando cada vez menor.
Se o combate fosse interessante, talvez o resultado fosse mais animador, mas não é. Ele bebe bastante das mecânicas originais da franquia, com quatro ataques por Pokémon e as ações divididas em turnos, mas tira toda aquela estratégia que você tem ao escolher os movimentos em uma batalha convencional. Isso porque aqui o turno é definido por movimentos, e a cada novo movimento, os monstrinhos envolvidos na batalha fazem as suas ações e seu controle sobre isso é mínimo.
Na maior parte do tempo, a melhor saída é sempre pressionar 'A' e deixar o jogo escolher o melhor ataque por você (e ele faz um bom papel nisso). Após isso você verá uma série de outros Pokémon. Você pode ter até oito e lutar contra vários outros ao mesmo tempo, atacando em um sequência longa e sem graça.
Isso se repete até chegar o chefe da dungeon, no caso de missões principais, onde o combate é idêntico, mas dura ainda mais e a melhor saída ainda é pressionar 'A' até ele acabar. O jogo até mesmo cura os aliados para você e a falta de desafio nesse gênero não é o esperado. Isso inclusive destrói uma das partes legais do jogo que é a estratégia de composição de time, que tem uma boa profundidade mas pouco importa com essa simplificação do combate.
Toda a movimentação é bem esquisita também, já que se faz por "Tiles", aquela divisão do cenário por quadradinhos, onde cada movimento leva seu personagem para o próximo quadrado. Eu adoraria ver como tudo ia funcionar caso adotassem as regras do Cadence of Hyrule em algumas partes, com os monstros todos atacando juntos, em vez da espera longa por cada movimento. A dinâmica provavelmente seria menos travada e o processo mais divertido.
Após finalizar a dungeon, você terá um processo de uso do seu dinheiro, alguma melhoria das habilidades dos seus Pokémon e em pouquíssimos minutos vai estar em mais uma dungeon igual. O processo é tedioso e o jogo acaba se estendendo demais.
Capturar todos?
O que segura a sua vontade de jogar, além da história interessante, é a possibilidade de trazer todos os tipos de Pokémon para o seu grupo. Após um tempinho de jogo, a Wigllytuff vai abrir a sua loja na cidade e permitir que você compre áreas para abrigar os monstrinhos que decidirem entrar para o seu grupo.
Você pode recrutar novos ajudantes dentro das próprias dungeons. Ao vencer um inimigo, ele pode se impressionar com o grupo e pedir para te acompanhar. Se ao final da dungeon você possuir a área necessária para ele morar, como uma usina elétrica para o Voltorb, ele vai se unir ao seu grupo e poderá ser escolhido nas próximas missões.
O lado bom é que a história é interessante e recrutar todos os monstrinhos para o seu time um desafio recompensador e que lembra os melhores momentos da série principal, mas é pouco
Há uma variedade boa de Pokémon, das mais diversas gerações e virar amigo de todos, já que aqui não há a captura, é tão divertido quanto na linha principal da saga. Uma pena que não exista muitas opções para customizar as áreas que eles vivem ou visitá-los, pois seria uma adição interessante e deixaria mais coisas para fazer e ver entre as cansativas dungeons.
Como o jogo tem um bom conteúdo endgame, você ainda vai poder encarar dungeons novas e repletas de Pokémon raros e lendários após terminar a história principal. Se você gosta bastante dessa parte, pode ser que supere o lado fraco do jogo e consiga se divertir.
Resumo
Pokémon Mistery Dungeon DX é bonito, tem um início animador, mas perde fôlego após as primeiras horas. Com dungeons muito parecidas, um combate datado e pouco desafiador, a repetição se torna quase insuportável.
O lado bom é que a história é interessante e recrutar todos os monstrinhos para o seu time um desafio recompensador e que lembra os melhores momentos da série principal, mas é pouco. Se você não for um grande fã da franquia e especialmente do spin-off original, não indicamos.
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