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OPINIÃO

XCOM: Chimera Squad se beneficia por ser um jogo menor e experimental

XCOM: Chimera Squad foi lançado de surpresa no início de 2020 - Divulgação/2K Games
XCOM: Chimera Squad foi lançado de surpresa no início de 2020
Imagem: Divulgação/2K Games

Daniel Esdras

Do GameHall

20/05/2020 04h00

Existem diversas interpretações sobre o que um spin-off de uma franquia deve ser. Uma extensão da linha principal que explique eventos do futuro ou passado? Uma porta de entrada para novos jogadores? Uma experimentação com mecânicas que não são padrão na série? XCOM: Chimera Squad é um pouco disso tudo: um jogo que ousa bastante, mesmo em áreas cristalizadas na série e, ao mesmo tempo, tenta ser palatável para um novo público.

Com um escopo reduzido, alguns cortes, mas com novidades que são interessantes e podem fazer parte de um XCOM 3 no futuro, Chimera Squad perde um pouco da essência e acaba derrapando, mas no fundo, bem lá no fundo, ainda tem muito para ser aproveitado pelos amantes de estratégia.

Paz passageira

XCOM: Chimera Squad se passa anos depois de XCOM 2. A Advent War acabou e agora humanos, alienígenas e até híbridos coexistem. Isso significa que o seu esquadrão é diverso e conta com membros que têm o melhor de todos os mundos.

A grande novidade é que, em vez de criar seus soldados, todos os personagens são fixos, onze deles no total, sem possibilidade de modificar nome ou aparência, como nos antecessores. Se por um lado você perde o apego de uma equipe criada por você, por outro, ganha em qualidade narrativa, com cada um tendo sua própria história e personalidade mais definidas.

A City 31 é o local marcado para a ação rolar e, mesmo que aparentemente pacificada, ainda conta com gangues e grupos paramilitares que buscam trazer a guerra de volta a todo o momento. Perseguir cada uma dessas organizações e evitar que a anarquia tome conta da cidade é o papel da Chimera Squad.

XCOM Chimera Squad 4 - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Por conta desse objetivo mais focado, em vez de um mundo inteiro para fazer incursões, você tem apenas a própria City 31. A cada novo dia há acontecimentos nos bairros da cidade e você precisa escolher para onde enviar seus recursos escassos. Onde você intervir, cai o nível de anarquia. Em locais que você deixar a coisa desandar, ele sobe.

O desenvolvimento de cada gangue e dos próprios personagens não é muito profundo, o foco mesmo fica sempre no gameplay, que também traz novidades interessantes, como você verá a seguir.

Passar e fatiar

O Esquadrão Chimera tem uma abordagem bem mais parecida com uma unidade tática no estilo da S.W.A.T. do que um exército global que parte para o enfrentamento em campo aberto. O foco aqui é sempre lutar em ambientes menores e lidar com situações mais críticas com tomadas de decisões rápidas. Por conta disso, a forma como você irá fazer a intervenção é essencial para um bom resultado.

Antes do início de cada fase, você tem uma série de opções para escolher por onde invadir. Quebrar uma porta e dar de cara com os inimigos é sempre a opção mais simples e caótica, mas por vezes também é possível mandar parte do seu esquadrão por um local menos convencional, como uma porta escondida ou mesmo explodindo uma parede lateral.

A escolha por onde invadir garante vantagens e desvantagens e deve ser pensada para tirar o melhor de cada personagem. Pela porta da frente, um membro do seu esquadrão com escudo pode aguentar o dano dos inimigos, enquanto pelos fundos alguém com uma escopeta pode ter acesso aos inimigos que geralmente ficaram mais longe.

XCOM Chimera Squad 2 - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Embora essa parte seja divertida, o foco nela fez todas as fases ficarem um tanto parecidas, mesmo em locais teoricamente bem diferentes. Além disso, foram cortadas as fases com cenários enormes. Em missões mais longas, o que ocorre são uma série de invasões dentro de cada sala do local, o que fica parecendo apenas várias fases aglomeradas em uma. Além de tornar o loop repetitivo, essa abordagem tira um pouco da essência da franquia e acaba por deixar poucos momentos impactantes e únicos.

Antes era parte emblemática da franquia os personagens morrerem, por exemplo. Aqui, isso quase nunca é tolerado. Se um deles morrer, é preciso reiniciar a missão. Dá para estancar o ferimento, o que os tira automaticamente de combate e, se tiver mais uma etapa na fase, substitui-los por androides. Bem mais acessível para novatos, essa abordagem pode ser um adeus para os veteranos.

Ainda é XCOM?

XCOM Chimera Squad mapa tático - Divulgação/2K Games - Divulgação/2K Games
Imagem: Divulgação/2K Games

Mesmo com todas essas diferenças, tanto na narrativa quanto no gameplay, no fim do dia XCOM: Chimera Squad ainda tem algo do original. Durante as missões você irá conseguir diversos recursos e equipamentos que poderá explorar no tempo entre as incursões, com um bom leque de gerenciamento de contingente.

Nessa fase pré-batalha é possível fazer pesquisas para criar novos armamentos e equipamentos táticos, enviar membros do esquadrão para missões que garantem mais recursos, comprar equipamentos raros de um bazar e até treinar personagens para ficarem mais eficientes no campo de batalha.

XCOM Chimera Squad personagens - Divulgação/2K Games - Divulgação/2K Games
Imagem: Divulgação/2K Games

No frigir dos ovos, a sensação que fica é que Chimera Squad é uma ótima porta de entrada para novatos no gênero, mas que talvez tenha ido longe demais nas modificações, ao ponto de poder decepcionar os veteranos.

Em um mês regado de estratégia, com o próprio XCOM: Chimera Squad e Gears Tactics, vi muita coisa com potencial para expandir o gênero, mas o que eu gostaria mesmo era de um XCOM 3. Ainda assim, se você queria um motivo para entrar nos combates táticos da franquia, esse é um bom primeiro passo.

Xcom Chimera Squad capa jogo - Divulgação/2K Games - Divulgação/2K Games
Imagem: Divulgação/2K Games
Lançamento: 24/04/2020
Plataforma: PC (via Steam)
Preço sugerido: R$99
Classificação indicativa: 18 anos (violência extrema, linguagem imprópria)
Desenvolvimento: Firaxis Games
Publicação: 2K Games
Jogue também: Gears Tactics, XCOM 2, Shadow Tactics: Blades of the Shogun

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL