Assédio e preconceito: Valorant recebe onda de denúncias, Riot responde
Antes mesmo do lançamento oficial, Valorant ultrapassou a marca 1,6 milhão de espectadores na Twitch após início do Beta, mas a empolgação da comunidade logo deu lugar a problemas. Tanto no exterior quanto no Brasil, começaram a surgir relatos de toxicidade, racismo e assédio nas partidas do jogo de tiro —quase sempre envolvendo o chat por voz, ferramenta de comunicação entre os jogadores.
O caso de maior repercussão veio de uma desenvolvedora da própria Riot Games. Tea "Greenily" é designer de Teamfight Tactics e foi assediada ao vivo na última sexta-feira (24), durante uma transmissão que fazia na Twitch.
A discussão começou quando a designer postou um exemplo de alguns dos comportamentos inadequados que ela presenciou enquanto jogava Valorant, observando que silenciar o jogador por seus comentários não seria suficiente para impedi-lo de assediar outras pessoas.
Logo depois, a produtora executiva de Valorant, Anna Donlon, respondeu as mensagens no Twitter dizendo que o comportamento do jogador havia sido "nojento e assustador". Além disso, revelou não jogar partidas no modo solo por conta disso.
Donlon também confirmou que os desenvolvedores do jogo estão buscando soluções para tornar o jogo mais saudável e seguro a longo prazo para todos todos os jogadores, seja em time fechado ou solo.
No Brasil não é diferente
No Brasil, onde Valorant desembarcou no começo de maio, a discussão aumentou após a streamer Bruna "einebru" Carvalho também publicar um vídeo em que era alvo de inúmeros xingamentos de um jogador.
Mesmo depois de ela usar a ferramenta "silenciar" (o famoso "mutar"), outro integrante do time começou insultá-la no chat de voz, usando usando o termo "mongoloide" com intenção de prejudicar a transmissão. O uso da expressão foi responsável, também em maio, pela suspensão ou banimento de outros streamers da Twitch.
Em entrevista ao START, a influenciadora contou como já perdeu a conta de quantas vezes presenciou esse episódio: "Jogo League of Legends desde 2013 e já tô inserida nesse meio tóxico há um tempinho já", conta.
Isso se repetiu, sempre acontece, inclusive no dia seguinte ao ocorrido, eu falei no chat de voz que meu amigo estava tendo problemas pra conectar no jogo, e outro jogador já riu e falou 'é mulher, é?'
Bruna "einebru" Carvalho
Com as publicações, outras mulheres prestaram apoio e também desabafaram. "Muitas falaram sobre não jogar mais porque não aguentam mais", revela Bruna. "É triste, você se sente inferior em um jogo que você abre para se divertir e acaba recebendo discurso de ódio totalmente gratuito".
O mesmo aconteceu com a streamer Gabriella "gabruxona" Antunes. Segundo ela, o jogador pediu desculpas no fim da partida depois de ouvir de outros jogadores sobre o risco de ser banido.
A streamer Gabi Cattuzzo também falou sobre como responder os insultos pode ser tão ruim quanto ouvir calado, transformando a vítima em vilão.
A caster de League of Legends e comentarista do programa Depois do Nexus, Letícia Motta, também falou para o START sobre como o sistema de denúncias ainda se mostra fraco.
Segundo ela, a falta de apoio do próprio jogo é um agravante que pode até diminuir o número de jogadoras. "Nós, mulheres, já entramos no jogo receosas porque o cenário e o mundo são machistas, e aí fica sempre aquele medo de falar, de usar a nossa voz e tal pra dar call", explica Letícia.
"Um player tóxico incomoda muita gente..."
O protesto não vem apenas do público feminino. Para o jornalista e podcaster, Rique Sampaio, é dever da desenvolvedora responder com soluções a esses problemas.
O diretor de Valorant, Joe Ziegler, convidou a comunidade a ser civilizada. Respondendo a um tweet da influencer Pokimane — que pedia gentileza com mulheres em chats de voz — ele contou como abusos continuam arruinando a experiência de muitos jogadores.
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