Tira-dúvidas: entenda como será a franquia do CBLoL a partir de 2021
Jogo Rápido
- Campeonato de League of Legends vai adotar sistema parecido com o da NBA em 2021
- Vaga no torneio custará a partir de R$ 4 milhões, e equipes passarão por "processo seletivo"
- Times terão remuneração por desempenho e bônus por boas atuações internacionais
- Modelo já é seguido em outras ligas de LoL, como Estados Unidos e Europa
Sai o formato de torneio, com times subindo e descendo, entra o sistema de franquias. É a grande mudança do Campeonato Brasileiro de League of Legends (CBLoL) a partir de 2021, que passa a movimentar cifras milionárias e adaptar-se a um modelo mais global.
Mas como funciona um sistema de franquias no cenário de eSports? Como o tema ainda provoca muitas dúvidas, o START montou tira-dúvidas sobre a implantação da franquia no CBLoL, a partir do que tem sido noticiado pela imprensa e das explicações do diretor de eSports da Riot Games Brasil, Carlos Antunes, em conversa com jornalistas.
O que é uma franquia?
Franquia esportiva é o modelo de organização de uma competição em que as equipes participantes são sócias. Elas, ao comprarem uma vaga, tornam-se coproprietárias do campeonato e, com isso, dividem as decisões administrativas.
Neste modelo, os participantes do torneio são fixos, com restritas opções de acesso por terceiros. Ou seja, em toda temporada há os mesmos times disputando o título. Não existe rebaixamento, assim como não é possível entrar para o campeonato sem adquirir uma franquia.
É comum um sistema de franquia?
No Brasil, o sistema de franquias é pouquíssimo utilizado nos esportes. Há dois exemplos: a Liga Nacional de Futsal e o Novo Basquete Brasil.
No exterior, as franquias são mais comuns, sobretudo nos Estados Unidos: a NBA, do basquete, e a NFL, de futebol americano, têm as maiores audiências.
Como são as franquias nos eSports?
O League of Legends possui franquias em outras ligas regionais: nos Estados Unidos, na Europa, na Turquia e na China. A Coreia do Sul, referência nos eSports e no LoL, também terá uma liga com franquia a partir da próxima temporada.
No Counter-Strike: Global Offensive (CS:GO), cujo cenário competitivo é aberto, com diversas competições, houve a criação da Flashpoint, no modelo de franquia, da qual a brasileira Made in Brazil (MiBR) é participante.
Outro exemplo de franquia é a Overwatch League, que tem as divisões Atlântico e Pacífico, com 10 equipes cada.
Quais as vantagens de uma franquia?
Em uma franquia esportiva, o principal benefício é a estabilidade. Como os clubes franqueados têm vaga garantida na competição, podem fazer planejamento a longo prazo: acordos com patrocinadores, contratos de jogadores profissionais, investimento na revelação de talentos. O campeonato em si pode trabalhar as marcas de seus participantes de uma maneira mais sustentável.
No modelo atual do CBLoL, há rebaixamento entre etapas de uma temporada. Por que uma empresa irá investir pesado se a equipe patrocinada pode, pelo desempenho ruim no jogo, ser rebaixada e, com isso, perder visibilidade? Como um clube irá trabalhar na revelação de novos jogadores se há o risco de não dar certo e a aposta resultar em rebaixamento?
Como será o início da franquia no CBLoL?
Organizações interessadas em fazer parte do CBLoL no sistema de franquias devem se candidatar, atendendo aos critérios mínimos requisitados pela Riot Games Brasil e tendo o dinheiro necessário para aquisição da vaga.
Na primeira etapa do processo de seleção, os clubes interessados têm de se inscrever até 28 de junho. Inicialmente, são requisitadas quatro informações: a identificação das lideranças da equipe, a lista de investidores, o histórico nos eSports ou nos esportes e a visão de negócio de médio a longo prazo.
A Riot Games Brasil pedirá que a direção do clube assine um contrato de confidencialidade. A organização, por sua vez, apresentará seu plano de negócios, na segunda fase da seleção.
Na terceira etapa, a desenvolvedora irá analisar os candidatos e as respectivas apresentações para definir, com base em critérios pré-estabelecidos, quais serão os participantes. A expectativa é que o resultado saia em novembro.
Quanto custará uma vaga?
Uma vaga na franquia custará R$ 4 milhões aos clubes que participam do CBLoL ou do Circuito Desafiante, o torneio da 2ª divisão. Outras organizações deverão pagar R$ 4,4 milhões. Os valores foram revelados pelo blog do Chandy Teixeira, do Globo Esporte, e confirmados pela Riot Games Brasil.
Este montante terá de ser quitado em três parcelas anuais, com a primeira delas em novembro de 2020, para efetivação da entrada no CBLoL.
Vai demorar ainda para o negócio ser lucrativo, o nosso foco é que fique sustentável. Uma das razões para estabelecer a taxa de adesão é gerar caixa para conseguirmos gerir a liga enquanto as receitas ficam totalmente sustentáveis
Carlos Antunes, diretor de eSports da Riot Games
O CBLoL terá clubes estrangeiros?
Com o dólar na casa dos R$ 5,00, há uma expectativa de que clubes estrangeiros tenham maior poder aquisitivo para comprar uma vaga no CBLoL. A Riot Games Brasil admite que isso pode acontecer, mas destaca que outros critérios para seleção acabam privilegiando equipes brasileiras, como o engajamento da comunidade no País.
"Uma organização alavancada por uma moeda mais forte terá dificuldade em outros critérios, porque possui zero presença no Brasil", contextualizou o diretor de eSports da desenvolvedora. "O ideal seria que fontes de capital internacional buscassem equipes locais para investir, viabilizando a musculatura de uma organização que já construiu um histórico no cenário".
Quais serão os critérios de seleção?
Na avaliação das equipes interessadas, a Riot Games Brasil irá analisar os seguintes aspectos, de acordo com o blog do Chandy Teixeira, do Globo Esporte: modelo de governança, visão sobre o cenário competitivo, cultura organizacional, plano de negócios, sustentabilidade financeira, operação de marketing e de marca, infraestrutura, planejamento da equipe esportiva e modelos de contratação de jogadores e estafe.
Haverá quantas equipes participantes?
O CBLoL 2021 está desenhado para contar com dez equipes participantes, mas poderá ter oito, como é hoje, a depender da quantidade e da qualidade das candidaturas a serem apresentadas à Riot Games Brasil. O número exato, portanto, ainda está indefinido.
O que acontecerá com o Circuito Desafiante?
Com a implantação do modelo de franquia, o Circuito Desafiante deixará de existir em 2021. Haverá uma divisão de acesso com a participação das equipes B dos clubes participantes do CBLoL, destinada a revelar e desenvolver talentos.
Ou seja, as organizações terão uma equipe principal para o CBLoL e outra equipe para a 2ª divisão.
"Nosso objetivo é oferecer aos times campeonato, palco, premiação para que os novos talentos consigam treinar e se desenvolver mais rapidamente", explicou o diretor de eSports da Riot Games Brasil, destacando que haverá a possibilidade de pro-players das equipes B disputarem partidas no CBLoL.
Como se dará o acesso de novos jogadores ao competitivo?
Pelo modelo atual, qualquer equipe pode se inscrever para os campeonatos da 3ª divisão e lutar pela classificação para o Circuito Desafiante. Como na franquia a competição será fechada, a Riot Games Brasil diz estar estudando outro sistema de acesso para os jogadores.
"Estamos conversando com parceiros e desenhando o projeto de tier 3. Uma competição semiprofissional, porque a ideia é formar atletas, e sólida o suficiente para não ser uma coisa que acontece sem divulgação nem nada. Os organizadores precisam de sustentabilidade para montar o produto e que os profissionais sejam atraídos", adiantou Carlos Antunes.
A empresa também está estudando como fazer a conexão entre as competições semiprofissionais da 3ª divisão e a franquia.
Como a franquia será gerida?
A Riot Games Brasil será a administradora da liga ao lado dos clubes sócios. Haverá a formação do Comitê da Liga, com representantes da empresa e dirigentes de todas as equipes. Este colegiado tomará decisões administrativas.
Como será o modelo financeiro?
Os clubes participantes da franquia receberão partes da receita obtida com patrocínios ao CBLoL e direitos de transmissão.
A longo prazo, há projeto de licenciamento conjunto das marcas do campeonato e das equipes para produtos digitais e físicos.
Os clubes também serão remunerados de acordo com a posição na classificação final de cada competição e com a performance fora do jogo, como engajamento da audiência.
"Vai demorar ainda para o negócio ser lucrativo, o nosso foco é que fique sustentável. Uma das razões para estabelecer a taxa de adesão é gerar caixa para conseguirmos gerir a liga enquanto as receitas ficam totalmente sustentáveis", detalhou o diretor de eSports da Riot Games.
E os patrocínios individuais das equipes?
Os clubes poderão continuar tendo os patrocinadores individuais, sem restrições por eventuais conflitos com empresas que patrocinem o CBLoL.
"Criamos uma divisão de propriedades de conteúdo muito clara. Os patrocinadores da liga sabem que os times podem ter patrocinadores e vice-versa", disse Carlos Antunes.
As únicas proibições, que já existem há tempos, são os patrocínios de empresas de certos segmentos, como serviços de aposta, bebidas alcoólicas e outras desenvolvedoras de jogos.
Os clubes também poderão utilizar naming rights. RED Canids Kalunga e Vivo Keyd são exemplos de equipes que atualmente usam patrocinador no nome.
Quais serão os direitos dos pro-players?
O piso do salário dos pro-players, tanto do CBLoL quanto da 2ª divisão, estará tabelado: R$ 2,5 mil em 2021 e R$ 3 mil em 2022. A partir de 2023, a remuneração mínima será definida pela Riot Games Brasil e pelo clubes participantes. Os salários, principalmente dos melhores e mais famosos jogadores, costumam ser mais altos do que isso.
Segundo Carlos Antunes, todas as contratações deverão seguir a legislação trabalhista. Informações sobre os modelos de contratos com cyber-atletas, estafe e outros profissionais serão cobradas no processo de inscrição.
Além do piso salarial, o Comitê da Liga também se debruçará sobre todos os aspectos das contratações, como os benefícios mínimos a serem oferecidos aos jogadores, conforme as leis trabalhistas.
Ele explicou que haverá penalidades a eventuais descumprimentos das leis trabalhistas, como atraso no pagamento de salários.
Como será a fiscalização?
Com as equipes como sócias do CBLoL, a Riot Games Brasil pretende avaliar rotineiramente a operação delas para detectar eventuais irregularidades e trabalhar para resolvê-las rapidamente.
Pode pintar uma associação de jogadores?
Na LCS, a competição norte-americana de LoL, há uma associação defendendo os direitos e os interesses dos jogadores profissionais.
Perguntado sobre o assunto, o representante da Riot Games Brasil explicou que, nos Estados Unidos, a legislação de franquias determina que haja uma associação dos profissionais. No Brasil, não é assim.
Ele disse que a criação de uma associação não partirá da desenvolvedora, mas que, se uma entidade do tipo for fundada, o Comitê da Liga poderá abrir uma vaga para o representante dela. Assim, os pro-players também teriam voz nas tomadas de decisão sobre o CBLoL.
O CBLoL terá torcida presencial?
Hoje em dia, só as finais do CBLoL contam com torcida. Mas o diretor de eSports da Riot Games Brasil admitiu que a empresa está "pensando seriamente em trazer torcida" para todos os jogos da competição, realizados presencialmente em estúdio em São Paulo. "Se isso vai ser logo na entrada, no 1º Split ou mais para a frente, estamos avaliando".
Como garantir a competitividade?
A principal preocupação do público quando se fala em franquia é a competitividade. Se uma equipe tem participação garantida na competição e receitas asseguradas, qual é a motivação para vencer e/ou não ser rebaixada?
Segundo a Riot Games Brasil, há uma série de mecanismos para incentivar a competitividade.
Um deles é a remuneração conforme a posição na classificação final —os times que tiverem desempenho melhor receberão premiações maiores. Outro incentivo é a possibilidade de classificação para competições internacionais: o Mid-Season Invitational (MSI), o torneio de meio de temporada, e o Campeonato Mundial.
Um projeto a ser implantado é a remuneração bônus por desempenho nos campeonatos internacionais, adicional à premiação do próprio torneio. Times brasileiros que forem competir no exterior receberão prêmios de acordo com os resultados que obtiverem. "Queremos dar um grande incentivo para isso, com a ideia de que o incentivo gere transformação na preparação dos times", justificou o diretor de eSports da desenvolvedora.
Há ainda uma restrição: equipes que terminarem sucessivos campeonatos nas duas últimas colocações por certo período de tempo passarão por uma reavaliação e, em último caso, poderão ser excluídas do CBLoL se não houver plano de recuperação esportiva. É uma maneira de evitar que os times se acomodem.
Uma equipe poderá sair do CBLoL e vender a vaga?
Sim, uma equipe poderá vender sua vaga no CBLoL e ficar com o dinheiro da transação, desde que certas taxas previstas em contrato sejam pagas. O clube comprador, que deseja entrar na competição, também passará por um processo de análise, semelhante ao imposto às organizações que hoje estão se candidatando para o início do campeonato.
Por quanto tempo é o contrato?
O contrato entre os clubes e a Riot Games Brasil será de no mínimo quatro anos, podendo ser renovado sem necessidade de pagamento de nova taxa de adesão, conforme o blog do Chandy Teixeira, do Globo Esporte.
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