A família de consoles mais bem-sucedida da história dos videogames apaga mais uma velinha. Se trata do Game Boy Advance, o último representante de uma linha que somada as vendas de todas as suas versões, pode encher o território do Brasil. O Game Boy Advance fechou com chave de ouro a saga dos consoles Game Boy entregando grandes games originais, ótimos remakes de jogos originalmente 16-bits e deixando um excelente momento para o sucessor Nintendo DS.
Além disso, o console portátil ajudou a Nintendo a atravessar um período difícil de transição de consoles de mesa, no caso o Nintendo 64, que apesar do bom desempenho comercial perdeu a liderança de mercado para o rival PlayStation, e o GameCube, console que nunca empolgou o grande público a despeito de ter deixado uma robusta biblioteca de jogos após sua passagem.
Nas águas de Atlântida
Embora o Game Boy Advance tenha sido lançado em 2001, a origem do console portátil data de bem antes, provavelmente 7 anos antes de sua chegada de fato ao mercado. Algumas informações sobre um suposto sucessor do Game Boy começaram a aparecer na imprensa especializada por volta de 1995, incluindo o nome "Project Atlantis", que seria uma referência às Olimpíadas de Verão de Atlanta, ocorrida em 1996, e que seria a data projetada para o lançamento do novo console portátil. Rumores da época apontavam para um aparelho poderoso, que contaria com processador 32-bits e especificações similares a que viríamos encontrar no Game Boy Advance real.
Mas o projeto sofreu uma série de atrasos e os protótipos teriam apresentado problemas para casar desempenho satisfatório com baixo consumo de energia (um dos pilares do sucesso do Game Boy original), além de serem muito grandes para o padrão desejado pela Nintendo. No fim das contas, o projeto deu errado, poucas informações vieram à público em anos recentes, e o fato é que o fim do Project Atlantis atrasou o planejamento da Nintendo, consequentemente fazendo o Game Boy Advance ser lançado 11 anos depois do modelo original 8-bits.
Por conta do naufrágio do Atlantis, mas ao mesmo tempo confortável pela liderança incontestável do Game Boy, a Nintendo lançou um modelo melhorado, o Game Boy Color, em 1999. Com processador com o dobro de velocidade do modelo anterior e mais memória, o Game Boy Color conseguiu preencher o vazio da ausência de um verdadeiro sucessor ao mesmo tempo em que respondeu a antigas demandas dos fãs, como a presença de tela colorida. A Nintendo ainda precisou de mais dois anos de pesquisa e desenvolvimento para poder lançar o novo modelo do Game Boy.
Je suis la Game Boy Advance, ça va?
Um dos maiores desafios durante a fase de desenvolvimento do Game Boy Advance foi seu design. Os engenheiros da Nintendo tinham dúvidas se manteriam o design "em retrato"(do inglês portrait), isso é, com o corpo vertical do Game Boy e Game Boy Color, ou partiriam para outra solução. Curiosamente, uma das soluções descartadas foi a de adotar um corpo com "flip" (clamshell), ou seja, com tampa dobrável, que acabou sendo utilizado posteriormente na primeira revisão do Game Boy Advance, o Game Boy Advance SP. O desenho final do Game Boy Advance acabou saindo das mãos do designer francês Gwenael Nicolas, dono do estúdio Curiosity, sediado em Tóquio.
O fato de um estúdio externo - e sobretudo um designer ocidental - ter sido contratado para desenhar um console da Nintendo foi surpreendente, considerando-se que o Game Boy original foi desenhado por Gumpei Yokoi, e todos os consoles da companhia, tanto de mesa quanto portáteis, haviam sido desenhados internamente. De qualquer forma, o desenho de Nicolas se mostrou excelente, com ótima ergonomia e posicionamento de botões ideal, além do visual com mais cara de console e menos de brinquedo, em comparação com o Game Boy Color.
Sistema de jogo avançado
Do ponto de vista técnico, a Nintendo tinha dois focos com o Game Boy Advance, sendo o primeiro, projetar um aparelho capaz de rodar jogos com qualidade comparável, ou mesmo superior, ao Super Nintendo. O console 16-bits foi uma inspiração tão grande, que o kit de desenvolvimento do Game Boy Advance tinha um controle de Super Nintendo ligado ao circuito do GBA.
O segundo foco foi garantir total retrocompatibilidade do Game Boy Advance com os jogos do Game Boy e Game boy Color. A Nintendo tinha tanta preocupação em fazer o Game Boy Advance compatível com todos os jogos do GB/GBC que Ryuji Umezu, hardware designer da Nintendo, disse em uma entrevista que funcionários da companhia testaram todos os jogos do GameBoy e do Game Boy Color, de forma a assegurar a compatibilidade. Esta funcionava através de um interruptor físico na entrada de cartucho, que detectava se um jogo era do GBA ou GB/GBC, isso porque os engenheiros não conseguiram implementar um código para esse fim. Ainda sobre compatibilidade, como o Game Boy Micro, o último modelo do Game Boy Advance, perdeu esse interruptor, esse modelo terminou não sendo compatível com os jogos do GB/GBC.
Assim, o Game Boy Advance foi lançado em 11 de junho de 2001, com enorme sucesso. Contando com uma linha inicial de 15 títulos e excelente suporte da Nintendo desde o primeiro dia, o Game Boy Advance vendeu mais 80 milhões de unidades durante seu ciclo, até ser substituído pelo Nintendo DS, no final de 2004.
Acessórios avançados
Além de ser suportado por centenas de jogos, o Game Boy Advance também recebeu toda sorte de acessórios, dos mais anódinos até alguns bastante curiosos. Destaco três aqui:
Visteon Dockable Entertainment
A Visteon, uma empresa especializada em fabricar aparelhos eletrônicos para carros, lançou o Visteon Dockable Entertainment, um tocador de DVD portátil e o único do aparelho do mundo 100% compatível com o Game Boy Advance. Caro e de distribuição limitada, o Visteon Dockable Entertainment só era encontrado em algumas concessionárias de veículos e atualmente é um item para colecionadores.
Wide Boy 64
Assim como o Super Game Boy rodava jogos do Game Boy original via Super Nintendo, o Wide Boy 64 tocava jogos do Game Boy Advance na TV através do Nintendo 64. Mas ao contrário do Super Game Boy, o Wide Boy 64 nunca foi lançado comercialmente, cujo uso era destinado apenas para desenvolvedores e imprensa. O Wide Boy 64 foi desenvolvido pela Intelligent Systems, a mesma empresa famosa pelos jogos da franquia Kirby, e também é compatível com os jogos do Game Boy e Game Boy Color.
Glucoboy
Paul Wessel, dono da empresa Guidance Interactive resolveu desenvolver o Glucoboy, um acessório que monitora o nível de açúcar no sangue ao mesmo tempo que contém mini-games. Wessel se inspirou na experiência com seu filho diabético, que era fã do Game Boy Advance e carregava o console consigo para todo lado. As primeiras notícias sobre o acessório datam de 2004, e o Glucoboy chegou a ser lançado na Austrália, mesmo sem nunca ter sido licenciado pela Nintendo.
SIGA O START NAS REDES SOCIAIS
Twitter: https://twitter.com/start_uol
Instagram: https://www.instagram.com/start_uol/
Facebook: https://www.facebook.com/startuol/
TikTok: http://vm.tiktok.com/Rqwe2g/
Twitch: https://www.twitch.tv/start_uol
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.