Ok! Eu sei que ao ler título, você provavelmente já está com pelo menos duas pedras nas mãos: uma por Cyberpunk 2077 e outra por Final Fantasy VII Remake. Você está certo, eles são os principais destaques de 2020, mas eu quero chamar a atenção para quem está correndo por fora: Baldur's Gate III.
O mais novo representante da série nascida em 1998 é desenvolvido pelo estúdio belga Larian Studios e deve chegar aos PCs ainda em 2020. Se você não sabe por que deveria ficar ligado, eu vou explicar.
Raízes no RPG de mesa
Se você nunca jogou RPG de mesa, pelo menos já viu mais ou menos como ele funciona em séries como The Stranger Things, Community ou The Big Bang Theory: os amigos em volta de uma mesa, criando seus personagens em fichas de papel e rolando dados com muito mais de 6 faces para sobreviver a uma aventura proposta por um mestre.
Nos anos 80, dezenas de sistemas de RPG disputavam o mercado, mas o mais famoso deles é o Dungeons & Dragons, que não só inspira e diverte uma legião de fãs há décadas, mas também é a fonte de inspiração para diversas obras em várias mídias.
Dungeons & Dragons na cultura pop
Algumas das crianças que cresceram com D&D foram trabalhar com jogos eletrônicos, como uma equipe jovem em um estúdio ainda pequeno chamado Bioware. Com financiamento da histórica Interplay, esses desenvolvedores ousaram tentar e conseguiram transpor as regras do Dungeons & Dragons para um jogo digital no momento em que as primeiras placas 3D chegavam no mercado de computadores. Esse sucesso, que ainda influencia os RPGs modernos e finalmente vai receber o seu terceiro capítulo, se chamava Baldur's Gate.
Baldur's Gate (1998)
Quase vinte anos de hiato
Se você desconsiderar as expansões e spin-offs que não foram desenvolvidos pela Bioware, faz quase vinte anos desde Baldur's Gate 2: Throne of Baal. Esse hiato foi sentido pelos fãs da franquia, que pedem por um novo capítulo há muito tempo.
Na época em que foi lançado o primeiro jogo da série, os CRPGs estavam encontrando dificuldades para continuar em alta. Jogos excelentes, como o primeiro Fallout, tinham sucesso de crítica, mas vendiam bem menos que o esperado. Com o uso do popular Dungeon's & Dragons, um gameplay envolvente, personagens bem desenvolvidos e escolhas que importavam, o jogo deu uma nova vida para o gênero e impulsionou outros clássicos atemporais, como Icewind Dale e Planescape Torment.
Era o final dos anos 90 e, no Brasil, computadores ainda eram um luxo para poucos. Isso fez com que por aqui, os dois primeiros Baldur's Gate não atingiram um grande público, tendo um impacto reduzido.
A própria CD Projekt Red, que vai lançar nesse ano o Cyberpunk 2077, outro grande e esperado RPG, surgiu distribuindo edições localizadas dos dois primeiros Baldur's Gate na Polônia. O jogo era uma febre por lá. O primeiro Witcher foi desenvolvido em uma variação da Aurora Engine, que seria utilizada para um projeto cancelado do Baldur's Gate 3 muitos anos atrás.
Se você quer saber mais sobre a história dos CRPGs e conhecer jogos fantásticos que passaram longe do radar de muita gente, uma boa indicação que deixo é o livro The CRPG Book, editado pelo brasileiro Felipe Pepe, que dedicou quatro anos a esse projeto colaborativo fantástico. A versão digital do livro está disponível gratuitamente para download, apenas em inglês, mas você pode importar a versão física, que destina todos os lucros para uma instituição de caridade brasileira chamada Vocação.
Desenvolvido pela Larian
Com o ressurgimento dos clássicos RPGs de computador (CRPGs) através dos financiamentos coletivos, vários estúdios se destacaram no gênero. A Inxile foi muito bem com o Wasteland 2 e planeja lançar o terceiro ainda este ano. A Obsidian também foi muito competente com os dois ótimos Pillar's of Eternity. Mas quem fez mais bonito e se deu melhor foi a Larian, especialmente com o segundo Divinity: Original Sin.
Divinity: Original Sin 2 foi um sucesso estrondoso de crítica e vendas e é um dos jogos mais bem avaliados da geração, tanto por sites especializados quanto no Steam, onde é amado pelos jogadores. Tudo isso se deve a um cuidado ímpar no desenvolvimento, com uma qualidade rara em jogos modernos desse gênero, que inclusive elevou a barra para os seguintes.
Divinity: Original Sin II (2017)
Todo esse sucesso do jogo anterior garantiu a atenção da Wizards of the Coast, que já tinha sido procurada pela própria Larian anos antes e detém a licença do Baldur's Gate. Além disso, também possibilitou investir mais pesado no projeto, trazendo elementos de jogos de orçamentos maiores, como cutscenes bem trabalhadas e animações faciais de alto nível para os personagens.
Além de toda a fama positiva no que diz respeito ao desenvolvimento, a Larian também é conhecida por suas medidas pró-consumidor. Nos jogos anteriores, por exemplo, as versões definitivas, com adições de peso como dublagem de voz para todas as falas da campanha, foram dadas sem custo adicional para quem já tinha as versões base. Os patchs de melhorias e adições são constantes, o próprio Divinity: Original Sin 2 ainda recebe novos conteúdos de história sem custo adicional anos depois de ser lançado. Muitos dizem que é a "CD Projekt Red da Bélgica".
Se Baldur's Gate 3 é tão esperado, um dos principais motivos é por estar sendo desenvolvido por um estúdio que fez alguns dos melhores jogos dessa geração, com muito carinho pelos seus fãs.
Adaptado para novas gerações
Embora os jogos originais da franquia sejam sensacionais, não da para negar que o gameplay é um pouco datado para as novas gerações. Além disso, os jogos originais eram tão fieis às regras do D&D que para quem nunca jogou o RPG de mesa fica até difícil entender qual armadura é melhor que a outra.
Com o sucesso de Divinity: Original Sin 2, a Larian resolveu manter o combate por turnos que deu certo, o que, embora seja uma aposta segura e a garantia de um bom gameplay, também modifica um aspecto muito marcante dos primeiros jogos, que era o combate em tempo real que permitia pausar a ação de forma tática.
Muitos fãs das antigas não gostaram, mas há de se entender que esse é um caminho mais seguro que permite que a Larian foque em outras frentes, como desenvolver mais outros sistemas do jogo e, especialmente, polir ao máximo a história.
Segundo Sven Winkle, presidente do estúdio, o jogo vai utilizar a quinta versão do D&D como base no gameplay, mas vai fazer algumas alterações para que o jogo fique mais divertido no ambiente onde será criado, o digital. Isso também inclui um entendimento muito maior das regras desse terceiro jogo por quem for jogador antigo de D&D.
Se por um lado as diferenças podem fazer o jogo não parecer uma sequência direta do terceiro jogo para alguns, esse formato dá mais segurança de que teremos um bom jogo e que o legado de Baldur's Gate chegue em mais pessoas, atingindo uma nova geração de jogadores.
Mind Flayers e Lore
Os caras malvados da vez são os Mind Flayers, inimigos poderosos, que controlam a mente dos seus adversários e escravizam seres por onde passam. Em entrevista para a PC Gamer, Sven Winkle detalhou a trama: "Os Mind Flayers redescobriram o segredo dos Nautiloids e esse é um grande problema! Se você conhece a lore de D&D, especialmente o Volo's Guide, saberá que eles costumavam governar o Plano Astral, mas perderam tudo e tiveram que fugir para o Subterrâneo ou seriam exterminados por outra raça alienígena, os Githyanki. Eles querem restaurar seu império, então vemos os esfoladores mentais invadindo uma cidade, com um nautalóide, para que você possa imaginar o que pode acontecer. Mas não é o que você espera! "
Nessa perseguição dos Githyanki aos Mind Flayers, seu personagem, que inclusive pode ser um Githyanki, e companheiros vão se ver na jornada mais importante e perigosa das suas vidas. Se você quer acompanhar o progresso do jogo e descobrir mais sobre a história que será contada, pode acompanhar o canal da Larian Studios no Youtube, onde eles postam updates constantes para a comunidade.
Ser quem você quiser, com os seus amigos ao lado
Um dos marcos da série Baldur's Gate, do D&D e do próprio Divinity Original Sin é permitir uma criação robusta do seu personagem, dos atributos em combate à aparência. Nessa tão esperada continuação não seria diferente.
Assim como em Divinity: Original Sin 2, será possível customizar um personagem do zero, com tudo o que você planeja para ele, ou escolher um personagem já montado, com todo um passado e dublagem de voz própria, onde você escolhe somente a classe e algumas mudanças simples de aparência, que geralmente é uma escolha indicada para uma primeira jornada pelo game.
As classes confirmadas até agora são:
- Guerreiro - Mestre de Batalha, Cavaleiro Arcano
- Mago - Evocação, Abjuração
- Patrulheiro - Caçador, Mestre das Bestas
- Ladino - Trapaceiro Arcano, Ladrão
- Clérigo - da Vida, Luz, Enganação
- Bruxo - Corruptor, O Grande Antigo
Após montar o seu personagem, você ainda pode convidar seus amigos para jogar juntos, uma marca dos últimos jogos da Larian que rendem experiências muito divertidas, se você jogar com pessoas comprometidas.
Baldur's Gate 3 (2020)
E quando sai?
O jogo ainda não tem uma data de lançamento revelada, mas vai entrar em Acesso Antecipado no Steam em breve. Segundo Swen Wincle, se nada for atrapalhado pela pandemia, poderemos embarcar nessa versão inicial em agosto.
Se você é um fã de longa de D&D, Baldur's Gate, Divinity Original Sin ou somente quer um RPG de primeira nos moldes clássicos, esse é o jogo para você.
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