Há 22 anos, em 31 de julho de 1998, chegava ao fim uma pioneira e importante experiência que mudaria para sempre o mundo dos videogames: foi o último dia de serviço do Sega Channel, uma ideia revolucionária para a sua época.
A proposta do Sega Channel era permitir ao usuário baixar, instalar e jogar (até versões mais pesadas e demos) de forma completamente digital. Coisa óbvia hoje, mas que ninguém imaginava ser possível nos anos 90.
O serviço de jogos e conteúdos exclusivos da empresa japonesa seria o embrião para todos os serviços de games digitais que temos atualmente, como o Xbox Live, da Microsoft, a PlayStation Network, da Sony, o Nintendo Switch Online, e do lado dos computadores, Steam, Origin e correlatos.
Começo do fim
Em 1994, o mercado dos videogames passava por uma fase de transição entre os já velhos consoles 16-bits e os novos consoles 32-bits, que traziam consigo um pacote de novidades como mídia óptica, som de alta qualidade, filmes pré-renderizados e gráficos tridimensionais. Do lado dos computadores, além desses recursos, cada vez mais jogos usavam conexão por modem para permitir partidas online.
A Sega, por seu lado, ao mesmo tempo em que promovia o início de ciclo do Sega Saturn, tinha que lidar com o final do Mega Drive e seus periféricos, como o Sega-CD e o 32X. Como era comum naquele tempo, a matriz japonesa e sua principal subsidiária, a Sega of America, bateram cabeças e acabaram seguindo abordagens diferentes para o mesmo desafio de aposentar a velha guarda de consoles e promover a nova.
No Japão não houve dúvida: a Sega encerrou o suporte ao Mega Drive e aos antigos consoles 8-bits para concentrar seus esforços no Saturn.
Nos Estados Unidos, por outro lado, a Sega of America resolveu dar uma última chance ao Sega Genesis, aproveitando sua boa base instalada e a popularidade que console ainda detinha.
Sega: o canal dos jogos
Foi então que em dezembro de 1994, a Sega lança nos Estados Unidos o Sega Channel, seu inédito e pioneiro serviço de games. Para que isso fosse possível, a Sega fechou parcerias com as principais empresas de Televisão à cabo dos Estados Unidos da época, a Time Warner Cable e a TCI, que então ofereciam a seus clientes a assinatura mensal do Sega Channel por US$ 15, mais US$ 25 (valores da época) de instalação e equipamento.
Isso tudo porque o Sega Channel era acessado por um adaptador plugado na entrada de cartuchos do Sega Genesis, que por sua vez tinha uma entrada para cabo coaxial, por onde o "canal da Sega" era transmitido até o console, que por sua vez transmitia as imagens e sons à televisão.
Assim, o Sega Channel foi realmente um "Netflix" dos games, ao oferecer um catálogo variado com cerca de 50 títulos, que era atualizado mensalmente, e que continha jogos de diversos gêneros, como arcade, tiro, RPG, etc. O jogador podia então escolher um game de sua preferência e baixar do Sega Channel e jogar em seu console, operação que demorava alguns minutos.
Havia apenas duas limitações: como a memória presente no adaptador era RAM, os jogos baixados eram apagados assim que console era desligado, o que não chegava a ser um problema, pois o download não era demorado e os games podiam ser baixados novamente quantas vezes o jogador quisesse.
As versões dos games presentes no Sega Channel eram as mesmas dos cartuchos, apenas com alguns games posteriores do Genesis sendo disponibilizados em partes, devido a memória destes ser maior que a disponível no adaptador. Mas a maior limitação do serviço era a impossibilidade de jogar multiplayer online, sendo possível apenas o modo local (caso o jogador tivesse dois controles em seu console).
Ainda assim, o Sega Channel era completo e variado, pois além do catálogo com constantes atualizações de jogos do Genesis, o serviço ainda disponibilizava versões demo de lançamentos da época, uma newsletter e ainda realizava concursos com prêmios como cartuchos e bicicletas. Mas o grande diferencial do Sega Channel foi o lançamento de games que não eram disponíveis no mercado americano, o que fez com que fosse uma plataforma com seus games exclusivos.
Títulos como Mega Man: The Wily Wars, Golden Axe III, Alien Soldier, Maui Mallard in Cold Shadow e Pulseman - este produzido pela Game Freak, sim, a mesma da franquia Pokémon - somente puderam ser jogados via Sega Channel, pois não receberam lançamento físico no mercado norte-americano.
O Sega Channel durou aproximadamente três anos e meio, funcionando de dezembro de 1994 e sendo encerrado em 31 de julho de 1998, mesmo ano aliás em que o Sega Genesis foi encerrado nos Estados Unidos.
Segundo o site IGN.com, o Sega Channel chegou a possuir 250.000 assinantes em seu auge, um número extraordinário, considerando-se que o serviço disponível para o velho Sega Genesis competiu com consoles mais modernos e atraentes, como o PlayStation, o Nintendo 64 e Saturn, da própria Sega.
Um canal para o futuro
A Sega em 1994 já ofereceu aos jogadores de video game o que hoje, serviços como Xbox Live e PSN têm por padrão, ou seja, um portal com jogos e conteúdos próprios de cada marca. O Sega Channel foi mais um exemplo (e um bem-sucedido) do pioneirismo e da visão avançada que a Sega tinha nos anos 1990, já antevendo a importância de componentes online à experiência do video game.
Uma pena apenas que o Sega Channel não pode ter continuado com o Saturn, que contou apenas com quatro títulos com modo online, mas sem qualquer infraestrutura como a do serviço presente no Genesis. Ainda assim, a experiência do Sega Channel serviu de aprendizado para o lançamento do Seganet, presente no Dreamcast, duas gerações depois do Genesis.
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