Com o adiamento de Halo Infinite para 2021, uma coisa é certa: o grande "jogo" no lançamento do Xbox Series X será o Game Pass, que não é bem um jogo, e sim um serviço de assinatura que oferece um catálogo de jogos para quem tem um Xbox, incluindo os da própria Microsoft.
Agora, mais do que nunca, ficou claro que essa é a grande aposta da Microsoft para nova geração, muito mais do jogos exclusivos, pelo menos nesses primeiros anos do novo console. E a empresa está bem certa em seguir esse caminho.
Passe quase de mágica
Por um modesto valor mensal, o assinante do Game Pass tem mais de uma centena de jogos disponíveis para baixar no Xbox. Em 2019 o serviço também chegou ao PC, no Windows 10, com uma biblioteca própria de jogos.
Todos os meses jogos entram e saem do serviço, como no catálogo de filmes de Netflix. E não são jogos desconhecidos não: The Outer Worlds, Red Dead Redemption 2, Devil May Cry V, a série Yakuza, lançamentos indies como Carrion e Streets of Rage 4. Todos são jogos que estão ou já estiveram disponíveis para quem assina.
Os únicos jogos fixos no catálogo são os dos estúdios da própria Microsoft, que são lançados no serviço no primeiro dia, inclusive, e em ambas as plataformas: PC e Xbox.
Foi assim com Gears 5 e Ori and the Will of the Wisps, por exemplo. Será assim com Battletoads e Flight Simulator este mês de agosto e também quando Halo Infinite for lançado em 2021. Tudo isso sem custo adicional para os assinantes.
Em termos práticos, se você tem um Xbox One, é quase um desperdício não assina o Game Pass junto.
E não para por aí: o Xcloud, serviço de Streaming da Microsoft que ainda está em fase de testes, também será incorporado no serviço sem custos adicionais. Isso significa poder jogar os games da próxima geração em celulares, TVs e qualquer outro dispositivo que receber o suporte do aplicativo. Essa função, por enquanto, ainda não está disponível no Brasil.
Nova geração, novos caminhos
O modelo de negócios é totalmente diferente do que estamos acostumados. Durante todas as gerações de consoles que vimos até agora, as empresas criam o seu hardware e desenvolvem jogos exclusivos que os faça vender.
O lucro não vem da venda do hardware em um primeiro momento, mas dos jogos que esse consumidor vai adquirir depois. A empresa criadora do console fica com uma porcentagem em cima de cada jogo vendido para a sua plataforma.
No caso do Game Pass, a ideia é outra. O foco é conseguir o máximo de assinantes possíveis, o que significa estar presente no máximo de plataformas possíveis. Vender o hardware não é mais o foco, mas um meio adicional de trazer assinantes para o serviço.
Isso ficou bem claro na apresentação Xbox Games Showcase que aconteceu recentemente, em julho, em que os executivos enfatizaram que todos os jogos mostrados ali estariam disponíveis no Game Pass quando lançados.
A ideia soa desafiadora e confusa, mas abre um mercado de possibilidades muito mais amplo para a Microsoft. Segundo números da Superdata, em 2019 o mercado de consoles foi o de menor faturamento dentro da indústria de games, "apenas" 19 bilhões de dólares dos 120 que formam o todo.
A maior fatia fica no ambiente Mobile, com o PC logo atrás. O analista senior da Niko Partners, Daniel Ahmad, dissecou a estratégia da Microsoft em uma de suas threads no Twitter.
Ele mostrou que, com o Xcloud incluso no serviço, o Game Pass estará ao alcance de mais de dois bilhões de pessoas, um número inimaginável para o ambiente dos consoles, especialmente se olharmos só para o hardware de nova geração.
Com conteúdo de qualidade e um custo benefício enorme para o consumidor, o serviço já vem acumulando números expressivos ainda nessa geração.
Já são mais de dez milhões de assinantes do Game Pass e, de acordo com o balanço do último trimestre da Microsoft, o serviço é um dos grandes responsáveis pelo aumento de mais de 60% no faturamento da divisão Xbox nos últimos três meses.
Um passo para o consumidor
Segundo o chefe da divisão Xbox, Phil Spencer, o objetivo da Microsoft é colocar o consumidor no centro da estratégia e dar a escolha de onde ele prefere jogar.
Se quer uma experiência clássica de console, eles oferecem o poderoso Series X. Se a escolha for pelo PC, você pode acessar o Game Pass por lá também.
Com o Xcloud, o serviço se expande ainda mais para outros dispositivos. A Samsung, por exemplo, já anunciou que suas próximas Smart TVs virão com o aplicativo para o serviço da Microsoft. Celulares devem fazer o mesmo em breve.
Além disso, tudo indica que mais modelos de consoles serão lançados. O objetivo é realmente chegar ao máximo de pessoas possíveis.
Para o serviço funcionar, é preciso que ele receba conteúdo constante e de qualidade. A Microsoft conta hoje com 15 estúdios para produzir jogos exclusivos para o serviço e vários deles mostraram seus planos Xbox Games Showcase.
Além disso, várias parcerias são fechadas constantemente com estúdios terceiros. Jogos promissores como o The Medium, desenvolvido pela Bloober Team, estarão no Game Pass já no seu lançamento.
Segundo o Phil Spencer, o objetivo é ter um catálogo diverso e que conte com jogos para todos os gostos.
Nem tudo é perfeito, claro
Se por um lado o modelo parece muito promissor, na prática ainda há várias arestas para serem aparadas. Um dos problemas no momento é o conteúdo e qualidade do Game Pass PC.
Para quem tem o computador como plataforma principal para jogar, a assinatura é um pouco mais barata, mas disponibiliza um conteúdo muito menos atrativo.
Em entrevista após o evento do dia 23, Aaron Greenberg, chefe de Marketing da divisão Xbox, disse que nem todos os jogos de estúdios terceiros mostrados no evento têm licença disponível para o Game Pass PC, o que mostra que a diferença vai perdurar.
Para quem opta pela assinatura Ultimate, que une o Game Pass do Console, PC e mais a Xbox Live Gold (para jogar Online) em um único pacote, e joga apenas no PC, a situação fica ainda menos atrativa.
Além dos problemas de conteúdo, o aplicativo do Game Pass no PC ainda está longe de ser aceitável, especialmente se comparado com as outras lojas digitais disponíveis na plataforma, como a Steam.
Atrelado à Microsoft Store, ele não permite acessar as pastas dos jogos, utilizar Mods e por vezes gera muitos problemas com instalações e acessos a jogos online.
Por conta dessa série de problemas, é possível ver jogos da Microsoft que estão disponíveis no Game Pass PC terem muito mais público no Steam, que os vende pelo preço cheio.
O Xcloud pode ser a salvação para quem quer o conteúdo do console no PC, mas também está longe do ideal ainda. Embora bem a frente dos concorrentes no mercado de streaming, como o Stadia do Google, o Xcloud também conta com problemas de input lag (quando o comando do controle não responde imediatamente na tela).
Além disso, já foi confirmado que em um primeiro momento ele vai estar restrito a poucos países. Conhecendo a Microsoft, o serviço deve chegar ao Brasil, mas fica a dúvida de como ele vai funcionar com a nossa baixa qualidade de internet.
Essa é uma preocupação também para outros países com uma estrutura de internet ainda em desenvolvimento e que são parte importantíssima da estratégia do serviço.
Também há o temor dos estúdios proprietários da Microsoft focarem demais em jogos como serviço para atrair mais gente para a plataforma. Os jogadores mais tradicionais, que gostam de experiências para um jogador e são os primeiros a assinarem o serviço, acabariam ficando sem muitas opções "first party" da Microsoft.
Há muito o que ser melhorado e melhor explicado, mas o caminho parece promissor e acertado após o fraco desempenho do console Xbox nessa geração.
Nesse momento, a Microsoft está sendo pioneira em um caminho que soa como o futuro e pode se colocar em uma posição muito vantajosa em relação aos concorrentes.
Vale lembrar também que estamos falando de uma empresa de 1,6 trilhões de dólares, com faturamentos diários na casa dos milhões. A medida que a "Netflix dos jogos" avançar, Satya Nadella e seus comandados podem trazer canhões para uma briga de facas.
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