Sabe aquela vez em que você se meteu em um tremendo "rolê errado" com o seu melhor amigo, e vocês tiveram uma noite absurdamente desastrosa, mas ao mesmo tempo tão memorável que vocês falam dela até hoje? Afterparty é a versão em videogame dessa noite.
A desenvolvedora independente Night School, responsável também pelo jogo de terror teen Oxenfree, lançou Afterparty há quase um ano, mas eu só fui me deparar com ele agora. Mesmo meses depois, a "ressaca" que ele deixa ao jogar é bastante divertida.
A história do jogo imediatamente desperta a curiosidade: Milo e Lola, universitários prestes a se formar e amigos de longa data, morreram e foram parar, juntos... No inferno? Mas o inferno não é tão ruim assim.
Afinal, depois das seis da tarde, demônios de todos os tipos e tamanhos se misturam com humanos em bares e baladas que, sem exceção, cultivam aquele tipo de ambiente em que tudo parece sempre prestes a dar muito, muito errado.
A piada toda da premissa é certeira e a alcunha de "inferninho" que damos para certos lugares é muito bem justificada aqui.
O rolê nem precisa ser ruim, no entanto: embrenhar-se em uma noitada em qualquer balada por aí, bebendo drinks suspeitos e interagindo com completos desconhecidos, no fundo sempre tem um elemento de perigo.
Jogando hoje, dá até aquela pontada de nostalgia pelo mundo pré-coronavírus.
Afterparty entende também o quão divertida é a sensação de correr certos riscos na vida (apesar dos protagonistas estarem mortos, mas você entendeu).
Por exemplo: várias das missões do jogo separam os personagens ou os obrigam a "pular" de um bar para o outro a fim de conhecer alguém ou completar uma tarefa.
A dinâmica do jogo é mesmo parecida com uma madrugada de sábado em alguma metrópole por aí, com suas idas e vindas, brigas e pazes, conversas paralelas pelo celular e até posts sem sentido nas redes sociais — tudo em um espírito divertido e aparentemente (mas só aparentemente) inconsequente.
"O cão foi quem botou pra nós beber"
Uma boa ideia é só o primeiro passo para uma boa história, no entanto, e a Night School parece saber disso, porque leva a trama de Afterparty a lugares inesperados conforme a noitada de Milo e Lola se desenvolve.
O jogo faz, muito habilmente, paralelos entre a história de Milo e Lola e a de Lucifer. E sim, eu estou falando de Lucifer como se fosse uma pessoa qualquer, capaz notavelmente de ser amado por outras pessoas, porque é assim que Afterparty o constrói como personagem.
Através do Diabo, de fato, Afterparty demonstra uma tese que é também inteiramente conectada com o retrato da cultura da vida noturna que ele faz na superfície.
A alcunha de "inferninho" que damos para certos lugares é muito bem justificada em Afterparty
Ele propõe, em última instância, que o cinismo é consequência da solidão. Mostra como a nossa relação com os nossos irmãos (de sangue ou não) define a forma como olhamos para a vida em si, se consideramos que ela tem algum significado ou não, se entendemos que existe alguma moralidade pela qual devemos ajudar uns aos outros ou não.
E, óbvio, é muito mais fácil pensar que não exista — mas viver uma vida que valha a pena é mesmo difícil.
Isso tudo pode parecer papo de bêbado, e pode até ser que seja. Seria inteiramente adequado para o inferno na mesa de bar que Afterparty nos apresenta.
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