Wolfstride: como o daltonismo do criador ajudou no visual estiloso do game
Robôs gigantes e estilo anime. O jogo brasileiro Wolfstride logo chama a atenção por essas características. Porém, o visual em preto e branco do jogo tem uma explicação que vai além de sua inspiração na cultura pop japonesa.
Otávio Imon, artista gráfico e principal responsável pelo game é daltônico, um distúrbio de visão que faz com que a pessoa seja incapaz de distinguir certas cores, como o vermelho do verde.
Em entrevista ao START, Otávio contou que só percebeu a condição quando estava cursando a faculdade de Design de Games.
"Meu daltonismo não é tão severo, foi bem difícil perceber. Chegou num ponto na faculdade que eu tava pintando de verde personagens que deveriam ter um tom de pele mais humano, de roxo o céu que deveria ser azul e por aí vai".
Para um artista gráfico, que trabalha constantemente com cores, isso poderia ser um problema. E dos grandes. Mesmo assim, ele conseguiu superar essa dificuldade para procurar um emprego na área.
Em 2016, após cinco anos trabalhando como artista gráfico em uma desenvolvedora, resolveu que era a hora de investir em um game para chamar de seu.
Corona
Assim nasceu Corona Black, um projeto que quase foi engavetado antes de atrair a atenção da publisher sueca Raw Fury ("Dandara", "Night Call", "West of Dead").
Só que como não iria pegar bem o nome Corona em plena pandemia em 2020, o time teve que alterar o título.
"Tem todo nosso amor pelo nome, mas não valia a pena ficar atrelado a um acontecimento tão sério. Decidimos mudar, e agora o nome tem muito mais significado, mais a ver com o jogo em si", explica o desenvolvedor.
Por isso, o jogo agora é Wolfstride.
Um mundo sem cor
Mas o que exatamente é Wolfstride?
O protagonista do game é um ex-mafioso chamado Shade, que é descrito como um lobo solitário. Ele se junta a um piloto de robô iniciante e um time de mecânicos para competir no Ultimate Mech Tournament.
Como o próprio Imon faz questão de notar, "Wolfstride" ainda não está finalizado. Mas já tem um rumo definido.
Além do sistema de batalha por turnos, o game promete algumas mecânicas secundárias, como a manutenção dos robôs gigantes, a gestão de relacionamento e os banhos em gatos - por mais estranho que possa parecer.
No quesito visual, a principal referência para o estilo do game foi a animação "Redline", do diretor Takeshi Koike:
"Descobri esse anime em 2015 e fiquei louco. Falei: 'é isso que eu quero'. Pegar um pouco desse estilo, fazer uns personagens meio deformados, essas sombras pretas. Absorvi o máximo que eu podia. E outra [referência] foi 'Cowboy Bebop', que eu vi de novo há algum tempo e finalmente consegui me identificar com os personagens; tem aquela vibe meio deprê mesmo", conta o artista gráfico.
Eu sempre gostei mais de JRPGs porque sou muito ruim em qualquer outro tipo de jogo
Otávio Imon, criador de Wolfstride
Enquanto não pode dar mais detalhes sobre o lançamento, o desenvolvedor comemora a superação de uma das principais barreiras para um dev independente: investimento. E essa jornada vale a pena ser contada.
Indie games: preto no branco
Pouco depois de "jogar tudo para o alto", o designer percebeu que a vida de desenvolvedor independente não é tão colorida assim.
Além de precisar se manter como freelancer, o artista gráfico se acostumou com a gaveta cheia de projetos cancelados. "Tentei durante um ano fazer o projeto sozinho, só que ele não andou. Na verdade, a gente está há quatro anos na luta para emplacar o jogo", conta Imon.
Foi depois de encontrar o produtor Marcelo de Barros que a ideia finalmente saiu da gaveta. Com a ajuda inesperada, o Ota Imon conseguiu um contrato com a Raw Fury.
Começou aí a próxima fase: "achar uma galera louca o suficiente" para acompanhá-lo no projeto. Atualmente, sete pessoas e deve contratar mais duas antes do lançamento.
Se você faz arte (ou jogos) e não sabe como arrumar um investidor, fazer isso se tornar insustentável
Otávio Imon, criador de Wolfstride
Ainda sem data de lançamento, o jogo pode ser colocado na lista de desejos da plataforma Steam.
Ainda não é possível saber se a mistura de banhos de gato, robôs gigantes e artistas gráficos com uma percepção diferente das cores rende um bom videogame, mas com toda certeza estaremos lá para tirar a prova.
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