Free Fire: campeonatos não-oficiais abrem portas para equipes novatas
A comunidade do Free Fire é enorme: são cerca de 80 milhões de usuários ativos diariamente no Battle Royale da Garena, que tem visto um crescimento exponencial aqui no Brasil.
O que chama a atenção também é como o competitivo tem ganhado cada vez mais espaço no mundo dos esportes eletrônicos, com campeonatos oficiais como a Liga Brasileira, C.O.P.A. e Gigantes atraindo milhares de espectadores nas transmissões.
A maioria dos jogadores iniciam suas carreiras nos campeonatos amadores/não-oficiais, que também têm ganhado cada vez mais força dentre a galera que sonha em um dia disputar a LBFF.
Conversamos com os organizadores da Liga das Estrelas, Proelium e Stay Strong sobre a importância de dar espaço para quem está começando e deixar os novatos brilharem para que conquistem o sucesso que almejam.
Todo mundo começa do zero
Para quem acha que ser organizador de eventos relacionados ao Free Fire é necessário investir uma montanha de dinheiro, pense de novo. "O jogo dá acessibilidade e oportunidade para todos", comenta Élio "Xeki", fundador da Proelium.
Para organizar campeonatos, ele afirma, é necessário possuir outras habilidades além do investimento: "não passe a mão na cabeça de ninguém na hora de aplicar regras, seja justo e único. Se você não prejudicar ninguém e focar no seu, o sucesso vem."
O sentimento ecoa também em Caio Rafael, responsável pelos campeonatos Stay Strong, voltados para o público feminino. Com um trabalho fixo fora do competitivo, ele sempre se organiza para reinvestir o dinheiro arrecadado com as inscrições para melhorar a próxima edição.
Mas, infelizmente, não é todo mundo que é honesto: "tem muita gente fazendo camps pequenos, diários ou semanais. Na primeira edição a pessoa faz tudo certo para ganhar confiança dos participantes, chega na segunda edição a pessoa some com o dinheiro."
Justamente por casos como o mencionado por Caio, o recomendado é que qualquer equipe que queira participar de camps amadores verifique antes se aquele organizador é honesto e se outras edições já aconteceram sem problemas.
Uma dica que Caio dá é sempre ver as redes sociais, principalmente o instagram, onde o pessoal costuma divulgar os torneios. Na dúvida, pergunte para ex-participantes se deu tudo certo em edições anteriores.
Ganhar a confiança dos jogadores exige trabalho. Muito trabalho. Reinaldo "Zé Lima" Salomão, organizador da Liga das Estrelas, fala que para um torneio de sucesso, como a LDE, é necessário ter pé no chão desde o início.
"Não adianta você iniciar querendo gerenciar 500 equipes e cobrar R$ 60 de inscrição. Faça um planejamento pré-campeonato e entenda o quanto você consegue abraçar."
"Quanto você tem de dinheiro e de tempo? A partir disso você entende o que consegue fazer bem feito. É melhor começar pequeno e sair tudo perfeito."
Reinaldo fala por experiência própria: assim como Caio, ele possui uma profissão fora do competitivo, e teve início no Free Fire já organizando torneios.
"Meu primeiro foi para 76 equipes, depois fiz um maior. O importante é pegar equipes, juntar dinheiro e com o lucro depois fazer algo já mais profissional. E assim vai indo", explica.
A Liga das Estrelas serve como exemplo: hoje são mais de 200 mil seguidores no instagram. Tendo começado com campeonatos mobile, hoje a LDE foca nos emuladores e já realizou duas edições em 2020.
A chave para o crescimento
Para crescer e fortalecer o nome na comunidade, todos os entrevistados concordam que ser organizado faz a diferença. De lidar com o dinheiro das inscrições a montar uma transmissão de qualidade, o importante é fazer tudo da melhor forma possível.
"Qualidade de imagem e narração é uma coisa que agrega muito valor aos torneios. O planejamento com antecedência também, porque são muitos jogadores envolvidos e você tem que saber lidar com todo mundo e ter paciência."
"Outra coisa que chama a atenção da galera é uma arte bem feita, porque é a melhor forma de divulgação. O pessoal vê no instagram, compartilha no WhatsApp, então isso é um ponto importante", explica Reinaldo.
Caio concorda: fazer algo bonito e organizado é meio caminho andado. Mesmo com o trabalho ocupando a maior parte do seu dia, ele dedica parte do tempo para ele mesmo criar as artes do Stay Strong.
Essa é uma dica que, de acordo com ele, pode ajudar bastante quem está começando a organizar campeonatos agora: "eu economizo a grana que eu teria que pagar um designer de fora e faço eu mesmo a arte. Dessa forma consigo investir em outros quesitos."
Já para Xeki, o perfeccionismo não pode ser esquecido. "Eu crio grupos separados no Discord para cada campeonato, divulgo as regras sempre no mesmo formato e criei uma planilha automatizada para atualizar a pontuação em menos de um minuto."
"Eu faço as artes, toco o instagram, tiro as dúvidas da galera. Tem que botar a mão na massa, mas é muito bom quando você vê o retorno esperado, com elogios e equipes voltando para participar de outras edições", afirma.
Garena, dá um help aqui
Se tem uma coisa que os organizadores reclamam é da falta de suporte da Garena. Mesmo tendo criado campeonatos semiprofissionais, os organizadores ainda sofrem com coisas básicas, como encontrar sala para receber os torneios.
"Você consegue uma sala por semana, todo mundo usa quatro, cinco. Para isso, eu faço parcerias com as guildas. Se pudéssemos comprar seria ótimo. Ter um pouco mais de apoio da Garena para esses problemas menores já ajudaria muito", comenta Xeki.
Outra sugestão que o organizador da Proelium dá é se a Garena firmasse parcerias com campeonatos pequeno e ajudasse na divulgação ou premiação, por exemplo.
Para Caio, um dos detalhes que poderia mudar bastante o cenário competitivo amador é se Garena liberasse as equipes para usarem os mesmos nomes que usam nos camps oficiais.
"Eles fazerem isso é a mesma coisa que dizerem que os camps amadores não possuem valor, não merecem receber as equipes com os nomes que elas usam normalmente. A Garena tinha que dar valor para nós, porque a gente corre atrás, dá oportunidade para a comunidade e não é reconhecido pelo próprio jogo."
Já Reinaldo apresenta o contraponto dessa discussão: "eu não tiro a razão da Garena. Se eu trabalhasse lá, eu também não ia querer competição de outros camps que poderiam ofuscar os oficiais."
"Ter vários torneios ao mesmo tempo pode atrapalhar na questão de visualizações, público, entre outros. Não acho que a Garena faça isso de propósito, mas eles têm que pensar na estratégia deles também", analisa.
Case de sucesso
A Liga NFA é, dentre os campeonatos não-oficiais, o mais famoso. São quase quatro milhões de seguidores no instagram e outros 800 mil inscritos no Youtube.
Atualmente em sua quarta temporada, o torneio já recebeu três edições voltadas para equipes femininas e realiza outros campeonatos além da Liga principal, como NFA Stars, NFA Challenge e Copa NFA.
Alguns nomes como Jordan Silva, da LOUD, e Williton "Since" Silva, da paiN, tiveram seus inícios na NFA. O destaque que a organização dá para as mulheres também é significativo: hoje a versão feminina do campeonato é o maior voltado para o público feminino.
A última edição, que acabou em julho, teve a equipe New Girls como campeãs. Dentre as mulheres, Tamires "Tami" Letícia", que está competindo a Série A da LBFF com a SS, também começou na NFA, quando ainda representava a Los Grandes.
Mesmo não sendo um campeonato oficial da Garena, a Liga conseguiu um marco importante nesse ano: se tornou parceira oficial da BOOYAH!, plataforma de streaming de Free Fire, e hoje transmite seus campeonatos por lá, onde possui mais de 900 mil seguidores.
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