Os Vingadores podem ter dado um tempo nos cinemas depois de Ultimato (2019), mas nos games eles acabaram de estrear com Marvel's Avengers (PC, PS4, XONE), lançado em setembro. Apesar de não ser ligado ao Universo Cinematográfico da Marvel (MCU, na sigla em inglês), o game tem gosto, cheiro e aparência dos filmes de super-heróis.
Por isso, a melhor forma de entender Marvel's Avengers é por meio desses filmes. Para deixar tudo mais claro e simples, só vamos usar as produções que fazem parte do MCU, ou seja: nada dos filmes dos X-Men, Wolverine, Deadpool etc.
Estranho e familiar como "O Incrível Hulk" (2008)
Aí está um filme peculiar. A ação e o monstrão verde até marcam presença, mas todo o clima dramático e sério destoa bastante do que os filmes da Marvel se tornaram depois.
Assistir ao filme solo do Hulk, hoje em dia, é ter uma sensação ao mesmo tempo familiar e estranha. O mesmo acontece em Marvel's Avengers.
A desenvolvedora Crystal Dynamics e a produtora Square Enix optaram por um visual mais realista para o jogo, o que faz com que a comparação com os filmes seja ainda mais forte —mesmo que os criadores afirmem que se inspiraram mais nos quadrinhos... pura besteira.
O jogo tem os heróis que conhecemos, mas as fisionomias deles já estão tão atreladas em nossa memória aos atores de Hollywood, que os personagens do game quase parecem uns desconhecidos.
Não tem como não achar estranho olhar para o Tony Stark e ele não ter a aparência do Robert Downey Jr., ou da Viúva Negra sem ser a Scarlett Johansson.
É como se Bruce Banner dos filmes, do nada, não fosse mais interpretado por Mark Ruffalo e sim por Edward Norton, assim como acontece em O Incrível Hulk.
Alguns até se esforçam para criar uma autenticidade nos personagens, como o próprio Tony Stark, dublado, na versão em inglês, pelo ótimo ator Nolan North (o Nathan Drake, de Uncharted).
É claro que, com o tempo, acostuma-se com o visual e, no final da campanha de história do jogo, essa estranheza passa.
Jogar Marvel's Avengers é como assistir a um falso Vingadores: mesmos uniformes, mesmos nomes, mas com muito menos carisma
A sensação de poder de "Vingadores: The Avengers/Vingadores: Era de Ultron" (2012/2015)
Bem óbvio, né? Um jogo dos Vingadores tem que lembrar um filme dos Vingadores. Só que esses dois filmes, em específico, são os que melhor passam a sensação de jogar Marvel's Avengers.
Primeiro, porque o jogo tem quase a mesma formação da equipe original que é vista nesses longas: Hulk, Thor, Viúva Negra, Capitão América e Homem de Ferro. Todos podem ser controlados.
Só faltou o Gavião Arqueiro, mas já foi confirmado que ele virá futuramente como conteúdo adicional.
Segundo, é que o game consegue traduzir muito bem para a linguagem interativa as lutas que vemos nos filmes. Os combates dão a sensação de estarmos na batalha de Nova York de The Avengers ou na cena de abertura de Era de Ultron, por exemplo.
Essa talvez seja a maior qualidade do jogo: é legal poder jogar o escudo do Capitão e vê-lo ricocheteando entre os inimigos ou bater com tudo no chão com o martelo do Thor; controlar o Hulk é se sentir poderoso o suficiente para tirar pedaços do chão pra jogar com fúria.
Isso tudo não só é muito legal, como o jogo ainda faz questão de exaltar esses aspectos no combate, com cada personagem executando seus golpes especiais próprios.
Marvel's Avengers
Se você estiver junto de outras três pessoas no modo cooperativo online do game, seu time particular de Vingadores vai proporcionar boas partidas. Mesmo sozinho, com parceiros controlados pelo computador, vai ser uma boa experiência.
Era de Ultron também vem à mente em Marvel's Avengers pelos inimigos serem, em sua maioria, robôs. Não, o vilão do game não é Ultron, e sim M.O.D.O.K, que nunca apareceu no cinema, mas quem jogou Marvel vs. Capcom 3 talvez o reconheça.
O vilão controla o grupo AIM (que nos cinemas aparece em Homem de Ferro 3, mas vamos esquecer esse filme) e não chega a ser um Thanos. Ele está mais para um antagonista padrão de quadrinhos mesmo.
Cativante como "Homem-Aranha: De Volta ao Lar" (2017)
O novo Homem-Aranha introduzido no MCU (o terceiro diferente nos cinemas) representa a nova geração de heróis: um Peter Parker adolescente, aprendendo sobre os poderes e com o Homem de Ferro sendo modelo, literalmente, de super-herói.
Esse é o equivalente no jogo para a jovem Kamala Khan, a Ms. Marvel. Mas não confunda com a Capitã Marvel, que é outra personagem e até tem um filme, enquanto Kamala até agora ainda estava só nos quadrinhos.
Em Marvel's Avengers, Kamala é a protagonista e uma das melhores coisas do game.
É pela visão dela que boa parte da campanha de história do game acontece, por ser a responsável por reunir os heróis cinco anos depois que eles se separaram, considerados culpados por um acidente que destruiu a cidade de São Francisco.
Kamala também é a típica fangirl, daquelas que pagariam R$ 250 por um jogo dos Vingadores no lançamento, e é essa conexão com os heróis que a faz também se conectar com quem joga.
Muito da jornada dela na campanha do game se assemelha à de Peter Parker no filme, incluindo as burradas típicas de adolescentes que querem se provar.
Como uma heroína jogável, Kamala tem poderes que não são tão legais assim (ela pode esticar braços e pernas), mas isso é compensado pela desenvoltura dela como personagem, com um carisma instantâneo.
Marvel's Avengers é o "De Volta ao Lar" de Kamala: uma excelente maneira de apresentar uma personagem tão boa para um novo público.
Forçando a barra igual "Doutor Estranho" (2016)
Uma das principais críticas aos filmes da Marvel é que eles parecem todos iguais, presos a uma fórmula em que alguma piada ou situação cômica precisa acontecer a cada 20 minutos.
O longa do Doutor Estranho é um dos mais fracos do MCU justamente porque tenta se encaixar nesse formato, mas se leva a sério demais e acaba não fazendo bem nem uma coisa nem outra —assim como Marvel's Avengers.
Um game que tenta se encaixar em um formato, mas que acaba se enfraquecendo por conta disso.
O formato, no caso, são dois: o sistema de loot e o de jogo como serviço. Grosso modo, o jogo dos Vingadores é um Destiny, ou tenta ser um Destiny, mas falha.
Ser um jogo como serviço significa que o game não acaba depois da campanha de história. Há toda uma série de missões que são abertas para serem completadas, e novas serão adicionadas com o tempo.
Já o sistema de loot é baseado em conseguir sempre melhores equipamentos e itens, que são classificados por tipos de raridade, igual Destiny.
A jogabilidade do game gira em torno dessa estrutura, criando uma justificativa para os jogadores voltarem ao game constantemente e aumentarem o nível de poder e liberar mais habilidades para o seu Thor, Hulk, Kamala e demais heróis.
E como conseguir itens melhores? Repetindo missões. Sim, as mesmas missões, nas mesmas quatro ou cinco variações de cenários que você já visitou. Chato, né? Enjoa bem rápido também.
Não há razão ou incentivo muito forte para continuar jogando Marvel's Avengers por muito tempo depois de completar a campanha
Assim como no filme do Doutor Estranho há um desperdício de ótimos atores, como Tilda Swinton (Anciã) e Mads Mikkelsen (Kaecilius), Marvel's Avengers joga fora algumas oportunidades para se focar nesses formatos que em nenhum momento parecem se encaixar bem no jogo.
Por exemplo, não faz nenhum sentido um representante da S.H.I.E.L.D vender equipamentos para os heróis em troca de uns recursos que pipocam em roxo, amarelo e verde de inimigos derrotados ou em baús escondidos pelas fases, e que são qualquer coisa no jogo.
Esse é o Manto da Levitação do Doutor Estranho como alívio cômico no filme: Não funciona, e acaba sendo um exemplo de como forçar a barra.
"Bugado" como os Erros de Gravação
Falas erradas, alguém que riu no meio da cena ou qualquer outro imprevisto durante as gravações são utilizadas depois como conteúdo extra no DVD/Blu-Ray.
Um erro de gravação de Vingadores: Era de Ultron ficou famoso entre os fãs por causa da emblemática frase "Avengers, assemble" (Avante, Vingadores!).
Em Marvel's Avengers, porém, os erros acabaram entrando na versão final do "filme", e não no extra.
O game é repleto de bugs, ao ponto de se tornar um aspecto tão presente e comum quanto o combate ou a trilha sonora.
Alguns desses bugs são até engraçados: fazem a física do jogo ficar maluca, ou personagens repetirem as mesmas frases cinco vezes seguidas. Outros só são chatos mesmo, por não ativarem algum comando ou botão necessários para avançar na fase, obrigando você a recomeçar a missão.
Só que existem os bugs mais graves também, do nível de travar o jogo, além de outros problemas técnicos nas versões base de PS4 e Xbox One, que fazem o game ser impossível de ser jogar por causa do frame rate baixo.
Mesmo no PS4 Pro, o jogo dá umas engasgadas. A promessa é que uma versão para PS5 e Xbox Series S/X chegará em algum momento, o que faz todo sentido: Marvel's Avengers dá todos os sinais de que foi lançado antes do que deveria.
Lançamento: 04/09/2020
Plataformas: PC (Steam), PS4 e Xbox One
Preço sugerido: R$ 199,00 (PC) e R$ 249,90 (consoles)
Classificação Indicativa: 14 anos (Violência, Linguagem Imprópria, Drogas Lícitas)
Desenvolvimento: Crystal Dynamics
Publicação: Square Enix
Jogue também: Marvel's Spider-Man, Destiny 2, Marvel Ultimate Alliance 3
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