CBLoL 2021: diretor do Cruzeiro eSports promete "excelência desportiva"
O Cruzeiro entrou para o cenário competitivo de League of Legends (LoL), e a empresa que administra a divisão de eSports do clube mineiro almeja replicar o sucesso esportivo do Free Fire no Campeonato Brasileiro (CBLoL) a partir de 2021.
Mesmo sem fazer parte do LoL, que tem nove anos de presença competitiva no país, o Cruzeiro superou concorrentes históricos da modalidade no processo seletivo dos franqueados do CBLoL. A Riot Games Brasil anunciou ontem (2) a lista das dez equipes selecionadas.
O START conversou com Marcelo Fadul, cofundador e diretor-executivo da E-Flix eSports, empresa responsável pela administração da divisão de eSports do Cruzeiro, para saber da operação do projeto e dos planos.
Cruzeiro nos eSports
O Cruzeiro entrou para os eSports em agosto de 2019, por meio de uma parceria de licenciamento de marca com a E-Flix, primeiro no FIFA e no Pro Evolution Soccer (PES) e depois no jogo de celular da Garena. O modelo de negócio é o mesmo, por exemplo, do Flamengo eSports, gerenciado pela Simplicity One.
Fundada em junho de 2016, a E-Flix possui no portfólio a administração de carreiras de cyber-atletas, da equipe Netshoes E-sports e da eSeleção, a seleção brasileira de FIFA, em parceria com a CBF. Entre os nomes mais conhecidos estão Rafifa e Senna do Boné, ambos de FIFA.
Nosso trabalho é mostrar que, para além dos jogadores, nós somos Cruzeiro, uma história desde os anos 1940 (...) O Cruzeiro do Tostão, do Raul Plassmann. Queremos incentivar a torcerem pelo seu time, pelo time do seu pai
Marcelo Fadul, da E-flix eSports
Em março deste ano, o Cruzeiro contratou uma equipe de Free Fire na Série C da LBFF e logo chegou à Série B. Com a exclusão de outras equipes da Série A, a Raposa herdou a vaga na competição de elite.
Atualmente, o time está entre os primeiros colocados da 3ª Etapa da LBFF, disputada pela internet com 18 participantes.
Há também influenciadores de Free Fire contratados pela organização.
Planos
O Cruzeiro quer replicar, no LoL, o trabalho que resultou no bom desempenho em tão pouco tempo de Free Fire.
"Uma coisa que a E-Flix preza é a excelência desportiva", defende Marcelo Fadul. "Óbvio que isso não está ligado a títulos [necessariamente]. Se eu prometesse títulos, estaria sendo leviano. Tem só uma campeã entre milhares, neste caso entre dez. Podemos dizer que excelência desportiva é estar atento ao mercado".
O diretor-executivo da E-Flix conta que, no Free Fire, o Cruzeiro identificou, entre 1,2 mil participantes da Série C da LBFF, uma equipe que tinha chances de se destacar. Deu certo! "Queremos replicar este modelo, não prometendo títulos, mas prometendo entrega em excelência".
Para entrar no LoL e montar uma equipe competitiva, o Cruzeiro terá de fazer investimentos. Só a aquisição da vaga na franquia do CBLoL custará R$ 4,4 milhões. Clubes que já faziam parte do cenário competitivo de LoL e foram selecionados pagarão R$ 4 milhões.
Desde o dia zero, o dinheiro para FIFA e Free Fire é dos envolvidos com a E-Flix e seus parceiros, sejam comerciais ou internos, de investidores sócios
Marcelo Fadul, sobre os investimentos em eSports
Questionado sobre o aspecto econômico, Marcelo faz questão de ressaltar que o dinheiro dos eSports vem inteiramente dos patrocinadores e dos próprios investidores da E-Flix.
O Cruzeiro tem vivido, no futebol, profundas crises financeira, administrativa e esportiva. Torcedores criticam os eSports por acreditarem que o clube, mesmo em situação delicadíssima, repassa dinheiro para os jogos eletrônicos, o que não é verdade, de acordo com Marcelo.
"O Cruzeiro não tem investido. Desde o dia zero, o dinheiro para FIFA e Free Fire é dos envolvidos com a E-Flix e seus parceiros, sejam comerciais ou internos, de investidores sócios", explica o executivo.
Já a receita obtida é compartilhada com o clube mineiro, em razão da exploração da marca.
O time de LoL, ainda a ser montado nesta janela de transferência, ficará baseado em São Paulo, onde são disputadas as partidas do CBLoL. Mas o Cruzeiro está estudando possibilidades de interação com a sede em Belo Horizonte (MG).
Ligação com o futebol
Marcelo admite, é claro, que os acontecimentos do futebol têm reflexo nos eSports. Dias de derrota nos gramados ou de notícias ruins sobre a administração do clube são mais complicados para a o trabalho nas redes sociais.
Aliás, a comunicação tem sido uma preocupação da E-Flix na gestão do Cruzeiro eSports.
"Estamos conseguindo fazer uma comunicação muito separada, mas, na hora certa, sendo conjunta. O Cruzeiro eSports tem tido bons resultados no Free Fire e no FIFA, e é isso que o torcedor cruzeirense quer", comenta o diretor-executivo da E-Flix. "Independente dos acontecimentos, o Cruzeiro eSports continua entregando conteúdo".
Ele acredita que, com o Cruzeiro, é possível modificar uma característica da audiência nos eSports: parte das pessoas torce por cyber-atletas e os acompanha em qualquer equipe que representem. No futebol, os torcedores têm clubes do coração e muito raramente trocam de time, independente dos jogadores contratados.
"Nosso trabalho é mostrar que, para além dos jogadores, nós somos Cruzeiro, uma história desde os anos 1940, antes era Palestra Itália. O Cruzeiro do Tostão, do Raul Plassmann. Queremos incentivar a torcerem pelo seu time, pelo time do seu pai. Não há dúvidas de que, neste ponto, o futebol é importante", exalta Marcelo, sem descartar novos públicos.
Movimento natural
De acordo com o executivo, a entrada para o LoL é um movimento natural dentro dos eSports, devido à relevância da modalidade.
"Talvez seja a modalidade número 1, não em público, porque tem o Free Fire, mas em estrutura combinada com o público e em alcance. O League of Legends é muito relevante e a torcida clama por isso mesmo antes da franquia, desde o primeiro dia nosso", diz Marcelo.
Para o diretor-executivo da E-Flix, o modelo de trabalho no LoL não será uma inovação, já que o sucesso do Free Fire será replicado, mas a responsabilidade cresce em razão da associação à Riot Games e a outras importantes equipes brasileiras.
Em nota publicada em seu site, o Cruzeiro exaltou: "O mercado de jogos eletrônicos está em crescimento acelerado por todo o globo, alavancando cifras exponenciais e com níveis de audiência online superiores aos esportes tradicionais, atingindo diretamente o público mais jovem. E assim o Cruzeiro promove o engajamento com esta nova geração".
É hora, portanto, de levar o Cruzeiro para outras arenas de disputa.
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