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OPINIÃO

Star Wars Squadrons: testamos os lados Rebelde e Império do game espacial

Star Wars: Squadrons - Divulgação/EA
Star Wars: Squadrons
Imagem: Divulgação/EA

Bruno Izidro e Makson Lima

Do START e Colaboração para o START

11/10/2020 04h00

Toda história tem, pelo menos, dois lados e Star Wars: Squadrons segue isso à risca ao apresentar uma campanha que mostra a guerra nas estrelas não só pela visão dos Rebeldes (que agora formam a Nova República) como também do Império.

Essa é a característica que mais se destaca no novo game de batalhas espaciais. Sendo assim, vamos seguir a mesma linha para analisarmos o jogo, com perspectivas diferentes e cada uma focada em um dos lados de Star Wars: Squadrons.

Há muito tempo atrás etc

Star Wars: Squadrons não dá a liberdade de escolher entre Império ou Nova República na campanha, que mostra eventos pouco depois do fim da trilogia original do cinema, com a morte do Imperador e de Darth Vader.

A narrativa do game intercala as missões entre as duas facções, mas aqui, dividimos essas duas visões, e meio que literalmente, já que serão analisadas também por pessoas diferentes. Tudo para destacar ainda mais os contrastes que um mesmo jogo pode causar em diversos fãs de Star Wars.

Será que o game fica tão diferente assim?

Fica também o aviso de que Star Wars: Squadrons possui suporte para realidade virtual, mas que será analisado em outro momento.

Nova República

Star Wars: Squadrons lado rebelde - Reprodução/START - Reprodução/START
Imagem: Reprodução/START

Se eu soubesse que Hera Syndulla estaria em Star Wars: Squadrons eu teria ficado um pouco mais empolgado com o jogo. Mas só um pouco.

Os fãs mais assíduos conhecem a personagem da animação Rebels, uma das melhores obras recentes baseada em Star Wars, e o novo game a mostra como uma figura importante na recém-formada Nova República.

Star Wars Squadrons Hera Syndulla - Reprodução/START - Reprodução/START
Personagem da animção Rebels retorna em Squadrons
Imagem: Reprodução/START

Já como nova integrante do Esquadrão Vanguarda, um dos melhores times de pilotos que você nunca ouviu falar porque surgiu recentemente no cânone de Star Wars, minha missão é ajudar Syndulla em uma arma secreta que pretende acabar de vez com o que resta do Império, que ainda está firme, mas não mais tão forte, mesmo depois da morte do Imperador Palpatine.

Essa é a premissa do lado dos "mocinhos" na campanha de Star Wars: Squadrons. Só que nem a presença de Syndulla se sobressai em um jogo que parece entregar menos do que poderia.

Homenagens espaciais

Verdade seja dita, um dos melhores aspectos de Squadrons é de, muitas vezes, passar a sensação de estarmos jogando um Star Fox 64, mas com roupagem de Star Wars.

Squadrons é um Star Fox 64 moderno com roupagem de Star Wars

O "barrel roll" é feito com uma X-Wing e em vez de um sapo ou coelho falando ao comunicador, tem um Trandoshan e uma Mimbanese (raças alienígenas de Star Wars) - seus companheiros de esquadrão.

Acontece até mesmo uma homenagem ao jogo da Nintendo com um objetivo opcional: em uma das fases, é preciso salvar um aliado que está sendo perseguido por naves inimigas, igualzinho a primeira fase de Star Fox.

O jogo conta também, claro, com o fator Star Wars: destruir Tie-Fighters, os sons dos lasers e dar um rasante em um Star Destroyer sempre contam pontos, ainda mais com a qualidade visual que Squadrons tem.

Por esses fatores que a missão em que é preciso "roubar" uma Star Destroyer é um dos pontos altos do game. É o tipo de interação em videogame que todo fã de Star Wars quer.

O problema é que só isso não chega a ser suficiente para sustentar todo o game. Pior, quanto mais o jogo passa, mas se percebe que ele também é, de certa forma, limitado.

O maior exemplo disso está na visão em primeira pessoa, de dentro do cockpit, ser a única disponível para se jogar.

Não que ela atrapalhe, tudo é questão de costume, mas pelo menos uma opção de visão também de fora da nave cairia bem.

star wars squadrons cockpit - Reprodução/START - Reprodução/START
Imagem: Reprodução/START

A cada nova fase da campanha eu também esperava algo que me surpreenderia, que fosse criativo para além de um gameplay de atirar em naves do Império, mas isso nunca veio.

Squadrons joga no seguro, o que faz dele tecnicamente impecável, mas também deixa um gostinho de que ele poderia ser muito mais de que entrega.

Sem chance pra brilhar

Star Wars: Squadrons também tem muitas oportunidades perdidas na narrativa. As mais sentidas estão nos companheiros de esquadrão: Gunny, Grace, Frisk e Keo.

Star Wars Squadrons pilotos - Divulgação/EA - Divulgação/EA
O Esquadrão Vanguarda
Imagem: Divulgação/EA

A interação com eles acontece entre uma missão e outra, no hangar na nave, mas elas sempre parecem estranhas e pouco naturais.

Keo, que é sensitiva à Força (mas não é uma Jedi) e Frisk, uma espécie de Han Solo genérico, até tinham potencial, mas nenhum deles é realmente bem trabalhado e, no final, não se destacam.

Ah, e para os fãs de Rebels, não vão esperando a participação de outros personagens da animação. Não é agora que saberemos o que acontece com Ezra ou Sabine.

A própria Syndulla, no final das contas, acaba só servindo como fan service em uma história que se enrola em conflitos pessoais e vingança e acaba indo do nada para lugar nenhum.

Squadrons é mais um game de Star Wars que fica com cara de saga filler de anime, assim como aconteceu com Battlefront II e Jedi: Fallen Order.

Ainda assim, é um bom divertimento de fim de semana, tempo suficiente para terminar a campanha de história, de cerca de oito horas, jogar uma dúzia de partidas online (divertidas, mas nada de mais) e devolver segunda-feira na locadora, como fazia na época de Star Fox 64.

Star Wars Squadrons - Nova República

Império Galáctico

Star Wars: Squadrons lado império - Reprodução/START - Reprodução/START
Imagem: Reprodução/START

Uma narrativa pelo viés do Império não chega a ser completamente inédita, mas é ainda um tanto raro nas representações em videogame do universo criado por George Lucas.

A campanha de Battlefront II é um exemplo. O time responsável pelo single player do jogo de 2017, Motive, também está por trás de Squadrons, que volta todas as suas atenções às Caças TIEs versus X-Wings.

Em Squadrons, controlamos um piloto prodígio, o novo membro do Esquadrão Titã.

Ele (ou ela) é um mero avatar de uma força impulsionada pela raiva espumante de seus superiores cegos por ódio, em especial da Capitã Terisa Kerrill, que embarca em uma vingança contra seu antigo mentor, Lindon Javes, uma figura importante na outra campanha, pelo lado da Nova República.

Star Wars Squadrons império - Divulgação/EA - Divulgação/EA
Kerrill dando ordens para o Esquadrão Titã
Imagem: Divulgação/EA

Assim, como um mero peão nesse eterno jogo de Dejarik, o piloto ganhará destaque e patente conforme obedece cegamente às ordens de sua capitã, o que inclui, eventualmente, acabar com a vida de civis em fuga, meras casualidades de guerra. Pesado.

Um mero titã

Na zona cinza entre as facilidades de um esquema mais arcade de ser ou algo voltado a simulação, é bom discernir o que aguardar para não ter as expectativas postas em cheques.

A começar pela visão de dentro do cockpit.

A falta de opções quanto a perspectivas de sua nave durante os embates espaciais é uma decepção.

Só que Squadrons foi concebido como um produto de realidade virtual e daí essa falta.

Star Wars Squadrons visão cockpit - Reprodução/START - Reprodução/START
Imagem: Reprodução/START

Como um piloto prodígio, é relativamente tranquilo pilotar seja lá qual TIE, do Fighter ao Interceptor, mas não me entenda mal, afinidades surgirão com essa ou aquela espaçonave.

Ao contrário das naves dos Rebeldes, não é possível direcionar a energia das TIEs para seus escudos, o que faz parte da filosofia imperial de de manter a morte sempre por perto, já que isso estimula pilotos melhores.

No fim, saí-me melhor pilotando TIEs a Wings, mesmo sentindo falta da energização dos escudos.

Star Wars Squadrons: X-Wings vs. Tie-Fighters

E ainda que haja alguns poucos espaços para modificação nas naves, o resultado final é relativamente próximo, até porque contamos sempre com outros membros do esquadrão, cuja IA é bem competente.

Eu e mais quatro

Star Wars Squadrons império - Divulgação/EA - Divulgação/EA
O Esquadrão Titã
Imagem: Divulgação/EA

Você pode até ser um piloto prodígio subindo nas hierarquias de um império fragmentado, mas não está sozinho na luta contra os rebeldes.

Cada membro do Esquadrão Titã tem sua própria história: do líder Grey à esquentada Vonberg.

Inclusive, a animação de sete minutos feita para promover Squadrons e que com foco em Grey, consegue desenvolver até melhor o personagem do que no game.

E antes que esqueça, tem também o jogador, Titã Três, que só consente e obedece.

É, no mínimo, decepcionante quando estamos cercados de personagens interessantes enquanto o nosso não passa de um mero avatar, depósito de fúria, frustrações, confabulações e ordens de todo resto.

Talvez a crítica se perca por não estarmos tratando de um jogo de RPG e nem nada próximo a isso, mas não pude deixar de imaginar esse elenco enriquecendo o fraco roteiro de Jedi: Fallen Order, por exemplo.

Por trás das linhas inimigas

Quem dispensou horas e horas em qualquer um dos Battlefront, novos ou antigos, ou tem até mesmo algum tipo de memória afetiva de Star Wars passados e totalmente dedicados aos confrontos em aeronaves, como Rogue Squadron, por exemplo, se sentirá à vontade no multiplayer de Squadrons.

Star Wars: Squadrons multiplayer - Reprodução/START - Reprodução/START
Imagem: Reprodução/START

Ação no multiplayer é direta e sem meias palavras em qualquer um dos dois modos e o que conta mesmo é a afinidade adquirida seja lá com qual nave for durante a campanha ou treino.

Ação no multiplayer é direta e sem meias palavras

Alterar as peças da nave soa mais como uma forma de se adequar a sua forma de jogar do que conseguir algum tipo de vantagem.

E para ter um gosto ainda mais positivo do multiplayer, ele é crossplay entre plataformas. Esse é o caminho.

Star Wars Squadrons: Império

Lançamento: 02/10/2020
Plataforma: PC (Steam), PS4 e Xbox One
Preço Sugerido: R$ 199
Classificação Indicativa: 10 anos (violência)
Desenvolvimento: Motive
Publicação: Electronic Arts
Jogue Também: Battlefront II, Jedi: Fallen Order

*Parte da análise feita com cópia do jogo cedida pela EA ao START

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