Flatland Vol. 2 e a arte de criar um game de plataforma em 2020
Jogos de plataforma estavam entre os mais populares nos videogames nos anos 1980 e começo dos 90: Super Mario Bros., Mega Man, Sonic The Hedgehog. Depois de 20 anos, o gênero agora está restrito a um nicho, mas ainda sobrevive.
Mas como um jogo desse gênero tão "básico" vai se destacar em pleno 2020, em meio a fenômenos como Fortnite ou grandes produções como Cyberpunk 2077? Para isso, o START conversou com o desenvolvedor Felipe "Kyuu" Fujisaki, que criou o ótimo Flatland Vol. 2.
Mercado disputado
Para um desenvolvedor, é sempre importante separar seu lado jogador do profissional. Como jogador, Kyuu é um apaixonado por games de plataformas, mas, como um desenvolvedor de jogos, ele sabe que essa área está saturada faz tempo.
"Apenas séries famosas ou jogos que estão muito fora da curva em relação à sua proposta conseguem ganhar visibilidade no mercado ao meio de tantos lançamentos", comenta.
É aí que entra sua criação: Flatland Vol. 2, um jogo de plataforma com neon colorido e toques futuristas. O protagonista é um pequeno bloco quadrado que deve vencer fases cheias de perigosos típicos de jogos do gênero: espinhos, plataforma que desaparecem e chão de lava.
As principais qualidades de Flatland Vol. 2 podem ser divididas em três aspectos:
- Dificuldade
- Controles
- Trilha Sonora
É explorando cada uma delas, junto de Kyuu, que vamos dissecando essa arte da criação de jogos.
Dificuldade
Olhando em retrospecto na história dos videogames, temos algumas lições. Space Invaders era difícil porque tinha como objetivo "engolir" a maior quantidade possível de fichas nas máquinas de fliperamas. Já Battletoads, queriam mesmo apenas estender sua duração.
Já Flatland Vol. 2 se encaixa em uma categoria cada vez mais rara: ser verdadeiramente desafiador por seus próprios méritos, sem cair na armadilha de "ser ou não ser Dark Souls".
Kyuu diz que "tentamos levar esse 'diferencial' apenas para a estética", mas acredito que sua criação vá ainda além por dois motivos: controles e trilha sonora.
Tudo sobre controle
As primeiras fases de Super Mario Bros. e Mega Man X podem ser consideradas as bíblias interativas do game design de plataformas.
Ambas já foram estudadas e serviram de fonte de vídeos de YouTube sobre o assunto por anos. E elas ensinam, até hoje, como fazer o básico para um bom jogo do gênero.
Ainda que o jogos de plataforma tenha virado um senso comum para muitos jogadores das antigas, Kyuu diz que "alguns pontos, como posicionamento de câmera, apresentação de mecânicas/inimigos e a tentativa de se fazer tudo isso de forma coerente sempre são obstáculos que são superados através de muitas sessões de playtest".
São desses fundamentos básicos que que geminam os aspectos mais avançados e de toques mais originais modernos, como acontece em Flatland Vol. 2
"O maior desafio foi criar algo que fosse preciso e, ao mesmo tempo, rápido, fazendo com que o jogador aprenda e consiga se expressar através das mecânicas".
Na batida da plataforma
Em Ninja Gaiden, de NES, você percebe a importância da trilha sonora num jogo verdadeiramente difícil.
A música funciona em igual medida como incentivo e atrativo, mantendo o clima do jogo, evitando frustração, impulsionando cada salto e cada espadada.
Pulando algumas décadas adiante, Hotline Miami funciona da mesmíssima forma. A trilha sonora em Flatland é crucial assim.
Para Flatland Vol. 2, Kyuu diz que as músicas foram as últimas etapas na criação: "Meu principal objetivo com a trilha sonora foi criar peças que ajudassem o jogador a se concentrar".
Todas as 67 músicas no game são assinadas pelo desenvolvedor com seu pseudônimo musical: Matsune Hikku (uma piada com a artista virtual Hatsune Miku) e os sons, em sua maioria, de batidas eletrônicas.
O desenvolvedor confessa até mesmo uma inspiração inusitada: "Também me inspirei em jogos como Tony Hawk Pro Skater, em que você escolhe AQUELA música que te deixa em um estado quase que meditativo E VAI."
Foi exatamente o que senti enquanto jogava. Essa ideia do "VAI! Só mais uma vez". Seja "fritando" ao som dos sintetizadores da faixa "Reanu Keeves" ou do sax comendo em "One More Try".
Um bom game de plataforma versão 2020
Quando todos esses elementos funcionam em perfeita harmonia: dificuldade, controles e música, algo vem à mente rapidinho: speedrunners!
Tem gente obcecada em destrinchar jogos, olhando além da matrix para terminar cada fase o mais rápido possível.
E nos últimos anos, com eventos como a Games Done Quick e a brasileira Brazilians Against Time, muitos jogos, entre eles de plataforma, ganham uma nova vida, ou uma sobrevida, sendo apresentados para uma nova audiência.
A Hat in Time, 20XX, The End is Night entre outros.
Com isso em mente, alguns desenvolvedores começaram a criar seus jogos com modos de speedrun.
Com Flatland Vol. 2 não foi diferente: "Durante a criação do level design, tentei sempre deixar um jeito de se completar os levels de uma forma mais rápida", revela Kyuu.
O game também possui o modo 'Faster than Light', que nada mais é do que uma speedrun do game feito pelo próprio Kyuu com um tempo a ser batidos pelos jogadores.
O recorde não durou nem 24 horas: "UM DIA DEPOIS DO LANÇAMENTO DO JOGO alguém já postou um vídeo ME DESTRUINDO no 'Faster than Light' (risos). Ainda não superei o trauma".
Flatland Vol. 2 está disponível para PC, no Steam, e em breve terá versões para PS4 e Nintendo Switch.
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