Gael Mota: o professor que ensina geografia com gameplays no YouTube
E se o seu professor de geografia fosse gamer e transformasse a gameplay em uma experiência didática? Essa é a proposta de Gael Mota, geólogo formado pela Universidade Federal do Paraná, mestre em geografia pela federal do Rio Grande e doutorando em Geografia Física pela Universidade de São Paulo.
Desde as salas de aula até o canal TERRA001, Gael sempre se focou em uma abordagem mais pop para a disciplina, unindo referências de filmes e livros de ficção com conceitos científicos.
Durante a quarentena, porém, surgiu a ideia de transformar o seu canal em um perfil de gameplay que ensina geologia. "Descobrir o uso de jogos na educação, sejam eles de tabuleiro, RPG de mesa ou videogames, foi uma das mais gratas surpresas que tive como educador e acredito que o motivo do sucesso está no fato de dar aos alunos o papel de protagonistas do seu aprendizado", ele explica.
Jogando para ensinar
Engana-se quem pensa que esse tipo de abordagem fica reservado apenas às escolas. Gael diz que levar os jogos à sala de aula também pode beneficiar estudantes da graduação, por exemplo, através da criação de projetos interdisciplinares em turmas de Engenharia.
"Em qualquer área ou nível de ensino você pode explorar o uso de jogos, basta adaptar a proposta e orientar sua aplicação", comenta o professor que, ainda, defende que o "ensino das ciências não pode ser mais tratado como uma coletânea de curiosidades soltas, mas sim como um conhecimento que você vivencia todos os dias."
Mesmo durante o desenvolvimento de um jogo, há profissionais dedicados a incorporar as leis da física e os conhecimentos geológicos na hora de construir paisagens, por exemplo. É por isso que empresas como a ASTRUM TERRA prestam consultorias para ajudar desenvolvedores na hora de criar cenários mais cientificamente corretos e críveis.
Nesse ponto, Gael afirma que os jogos não precisam ser sempre realistas, afinal, cada título tem a sua proposta e mesmo quando há uma identidade visual mais artística, como em Firewatch, Sea of Thieves ou até mesmo Crash Bandicoot, ainda assim é possível de encontrar elementos a serem trabalhados em sala de aula.
Em qualquer área ou nível de ensino você pode explorar o uso de jogos, basta adaptar a proposta e orientar sua aplicação
Gael Mota, professor
Explorador de mundos virtuais
Por ser um jogador com perfil de quem passeia pelos mapas, Gael acabou encontrando essa intersecção entre o trabalho de campo exercido pelos profissionais das geociências e a maneira como os mundos virtuais se desenvolvem.
"Gosto de tentar entender quais são as referências que os desenvolvedores usaram para chegar naquilo que estou vivenciando no jogo. Qual é a história que essa paisagem natural e cultural quer me contar?", ele revela e ainda diz que sua maior frustração, enquanto geólogo e gamer, é ver paisagens sendo tratadas como elementos genéricos, com texturas repetitivas.
"A paisagem ao nosso redor é riquíssima em cores, texturas, formas e vivências. A diversidade é regra na Terra e podemos usar isso a favor da criatividade. Mas, pra isso, não tem jeito: é preciso conhecer."
Nesse caso, títulos como No Man's Sky e demais jogos baseados em exploração e cenários generativos são um prato cheio para Gael. "A variedade de situações que esses jogos propiciam sempre me encantou. É divertido nos deparar com coisas novas ou aquele sentimento de não saber o que virá pela frente", ele conta, revelando que No Man's Sky é o título que mais contabiliza horas em seu Xbox One S, por onde grava as gameplays.
Sempre que sai uma atualização nova, me sinto instigado a revisitar planetas, catalogar a nova fauna e traçar paralelos com a história natural do mundo real
Gael Mota, sobre No Man's Sky
Próxima parada
Assim como muita gente, Gael também está ansioso pelo lançamento de Cyberpunk 2077. Antes mesmo de poder testá-lo, o professor já sabe que escolherá a história de origem do "Nômade" para poder conhecer a cidade e seus entornos. Afinal, para ele, estes são os verdadeiros personagens principais do jogo.
Gael conta que seus pais sempre foram fãs de ficção científica, então logo ele também começou a conectar suas paixões ao traçar paralelos entre as ciências ambientais e sociais.
Admirador do gênero cyberpunk, Gael diz que "a distopia funciona como uma espécie de caricatura do nosso presente e futuro, destacando todos os nossos erros como sociedade", por isso, a maneira como o universo de Cyberpunk 2077 está sendo construído poderá levantar muitos tópicos sobre impactos socioambientais.
Mundos abertos e completos
Perguntamos também ao Gael qual foi o jogo que mais o surpreendeu em termos de realismo e complexidade na criação das paisagens virtuais. A resposta foi Red Dead Redemption 2, game que inaugurou essa nova fase do seu canal no YouTube recheada de gameplays educativas. "Sempre fui curioso pela franquia, mas ainda não havia tido a oportunidade de jogá-la. Quando tive, o deslumbre foi imediato", ele conta.
E não é de se surpreender quando pensamos nos títulos da Rockstar Games, conhecidos por seus mundos abertos e minuciosos, desde a Los Santos de GTA V (baseado em Los Angeles) até a nova versão detalhista da geomorfologia e biodiversidade do oeste norte-americano em RDR2.
É nesse tipo de representação da natureza e dos entornos que Gael acredita que conseguimos ampliar nossa visão da cidade grande para os habitats que, em tempos de colapso ambiental, podem vir a se resumir apenas aos pixels.
Confira a lista de games para geólogos feita pelo Gael:
Red Dead Redemption 2
Destaque para as paisagens dinâmicas e vivas, bem como uma das melhores representações dos ambientes terrestres dessa geração.
Firewatch
Além da ótima história, Gael considera este o melhor jogo para explorar o seu senso de orientação espacial. A dica é: desligue a indicação automática de localização e oriente-se apenas com a bússola, o mapa e os elementos da paisagem. É como estar em um trabalho de campo.
Abzu
Dos criadores de Journey, este jogo é uma oportunidade única para quem quer nadar com animais incríveis, muitos deles extintos há milhões de anos. Se você gosta de biologia e paleontologia, é sua chance de passear com esses seres incríveis.
No Man's Sky
Fã de carteirinha, Gael considera esse o jogo que trará a experiência como explorador definitiva! Para ele, "não há nada como ser o primeiro a pisar em um planeta nunca antes descoberto por ninguém, com sua fauna, flora e recursos minerais únicos" e cada nova atualização apenas enriquece ainda mais o universo do jogo.
Minecraft
Mesmo não sendo especialista no game, Gael reconhece o título como um fenômeno educacional e como ótimas pesquisas e metodologias de ensino têm se utilizado dele como ferramenta. Se você é educador, Gael reforça que precisa conhecer essas iniciativas.
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