Crash Bandicoot 4: It's About Time (PS4/Xbox One) veio em boa hora para os fãs da franquia que aguardavam novas aventuras do marsupial. Jogar a continuação não só me surpreendeu com novidades, mas também me fez lembrar da trilogia clássica.
O critério de avaliação será um dos itens icônicos da franquia: a Wumpa, fruta fictícia que coletamos no jogo. Qual o sabor desse jogo? Será que está maduro o suficiente para ser consumido?
CRONOLOGIA EM WUMPAS
Crash Bandicoot fez parte da infância de muitas pessoas e não estou de fora. Jogar a trilogia clássica, desenvolvida e criada pela Naughty Dog nos anos 90, era um dos meus passatempos preferidos no período de férias escolares.
Acompanhar as aventuras de Crash e Coco enquanto coletam cristais e desviam de caixas de nitroglicerina se tornou um dos meus "games conforto", assim como aquela comida de infância feita pela avó. Sempre que volto a jogar sou levada àquela nostalgia de criança.
Naquele tempo, as Wumpa tinham uma aparência que lembrava uma mistura de pêssego e manga. Uma fruta no ponto certo de ser colhida, textura firme, um aroma de frescor. Ao morder, ela derretia na boca e tinha um sabor doce como infância.
O bandicoot viveu a época de ouro. Além do sucesso, era considerado mascote da PlayStation e disputava seu espaço contra Sonic (Sega) e Mario (Nintendo) na guerra dos consoles.
Após a venda dos direitos para outras desenvolvedoras, alguns games de corrida e "party" até foram empolgantes no começo, mas o marsupial sofreu tantas mudanças de visual e roteiro que a franquia foi perdendo a força.
Essas alterações afetaram também a wumpa, que passou do ponto, já murcha. Ao desfrutar até senti um pouco daquele doce de antes, mas terminava com um amargo na boca, difícil de engolir.
Em 2017, a notícia de um remaster da trilogia N. Sanity me deixou com um pé atrás, mas ao jogar fiquei feliz de estar errada.
A Activision, Toys For Bob e Vicarious Visions conseguiram trabalhar num remaster de respeito ao trazer Crash, Coco e Aku Aku repaginados em um cenário iluminado, deslumbrante sem esquecer as raízes.
Degustar as wumpas remasterizadas foi uma volta à infância com um extra de terem deixado a fruta mais reluzente, provando que era possível fazer um remaster de respeito e que o legado dos bandicoots estava em boas mãos.
Ao anunciarem It's About Time como uma nova história, fiquei empolgada para ver se a Activision saberia, além de criar um remaster de qualidade e uma boa campanha de marketing com a Carreta Furacão, fazer uma boa continuação.
UMA AVENTURA ALÉM DO TEMPO
Nessa nova continuação, Crash e Coco vivem suas vidas tranquilas na ilha após derrotarem Dr Neo Cortex mais uma vez, mas a paz acaba após serem abertas fendas espaciais, o que possibilita uma infinidade de novos universos para os irmãos explorarem.
Quem acompanha a saga Bandicoot já está acostumado com os variados cenários e épocas, mas It's About Time consegue trazer mais desafios com detalhes e obstáculos que brincam com as direções: verticalidade, horizontalidade e até deslocamentos na diagonal como as mecânicas de deslizar em um cabo e andando pelas paredes.
Também conhecemos outras máscaras além de Aku Aku e Uka Uka, que simbolizam o bem e o mal do enredo. Ao abrir essas fendas descobrimos que há quatros máscaras quânticas essenciais tanto para roteiro (por serem objetos de interesse de Crash e Cortex) como jogabilidade.
Crash Bandicoot It's About Time é uma ode aos fãs antigos que ansiavam por muito tempo uma continuação digna de Crash e, ao mesmo tempo, uma ótima forma de atrair os jogadores mais novos
NOVA HISTÓRIA, VELHOS CONHECIDOS
Além das máscaras, a história abre espaço para outros personagens conhecidos da franquia, como Doutor Nefarious Tropy, o cérebro por trás de Cortex. Nessa saga, Tropy coloca o cientista de escanteio para ocupar seu posto como antagonista maligno.
Do outro lado, Crash e Coco acabam encontrando um rosto familiar na jornada: a Tawna, mas diferente de como estão acostumados. Em vez da cabeleira loira e shorts curto, a bandicoot usa moicano colorido, um hookshot e tem uma personalidade marcante.
Em vez de esperar Crash para ser salva, a Tawna do universo alternativo está em busca de tentar derrotar a Dra N Tropy (a versão feminina) de seu universo. Eles acertaram em cheio ao mudar totalmente uma personagem quase esquecida da franquia.
Em It's About Time recebemos uma gama maior de personagens jogáveis. Além dos irmãos marsupiais podemos jogar com Tawna, que tem seu gancho como arma e meio de transporte para outros lugares da fase. Jogar com ela é uma experiência, boa pois quebra um pouco da rotina "girar e pular", e traz maior diversidade em desafios com seu hookshot.
Também é possível desbloquear Dingodile, ex-capanga de Cortex. Aposentado do mundo do crime, o híbrido vivia em paz em seu pântano e acaba entrando na história por acidente.
Dingo usa uma arma de sugar e arremessar objetos, e também serve como uma espécie de "pulo" para lugares mais afastados.
Mais adiante, é possível jogar com o vilão Neo Cortex, que se junta à equipe após ser expulso. Aqui a tarefa é mais difícil, já que o "ex-vilão" tem movimentos limitados comparado ao restante.
Sem pulo duplo, o cientista precisa passar pelas fases apenas usando sua pistola, que transforma inimigos em plataformas sólidas ou gelatinosas (que vão ajudar a saltos maiores). Além de poder dar uma "cabeçada" como uma espécie de dash pelo cenário.
Por mais que Tawna, Dingodile e Cortex joguem separados, suas fases ajudam indiretamente Crash e Coco, o que mostra que seus caminhos vão se encontrar constantemente.
Em se tratando de personagens e roteiro, Tawna, Dingo, Coco e Dr Neo Cortex são os personagens que brilham tendo mais diálogos e até como opções jogáveis na história. Poder saber um pouco mais sobre cada um deles foi uma ótima forma de enriquecer a história, sem esquecer dos momentos de humor e galhofa que o game carrega.
O quarto jogo também consegue trazer um resgate para algumas lacunas na história de Crash, e além das fases normais é possível desbloquear as fitas flashbacks (para isso é preciso não morrer até um ponto da fase, o que é um grande desafio).
Essas fitas desbloqueiam as filmagens jogáveis de quando Crash e Coco eram experimentos de Cortex. Posso dizer que jogar as fases flashback seriam como as fases bônus do primeiro game elevadas à enésima potência de dificuldade
Assim como todo o game, o jogador vai precisar ser sagaz para achar o momento certo de pular e desviar das diversas caixas de nitro e TNT sem explodir pelos ares. Além da dificuldade, entendemos um pouco mais sobre a origem de outros personagens como N. Gin, Dr Brio e até sabemos o porquê de Crash usar aquela bermuda jeans.
É QUESTÃO DE TEMPO
O título recebe esse nome não apenas por tratar de viagens no tempos e outras dimensões, mas como um paralelo com a jogabilidade: para conseguir passar de fases será preciso acertar o timing de cada ação (além de ter muita paciência).
Ao longo da jornada de Crash e sua turma, os mundos ficarão mais complicados de superar. O game tem ritmo, e quanto mais você morre, mais entende que é preciso saber a hora certa de pular, atacar e esperar para não levar dano.
Por mais que chegue a ser humilhante morrer mais de cinquenta vezes numa fase, eu ficava aliviada ao chegar ao fim e queria jogar novamente para desbloquear os visuais de Crash e Coco ao coletar um número específico de cristais.
E fiquei feliz em saber que não era a única penando com Crash 4.
Além disso, cada fase possui a sua versão N. Verted, que seria de um universo alternativo. Os cenários são espelhados e estão repletos de Bumpas (a fruta alternativa). Cada mundo tem uma aparência diferente, que vai desde uso de cores negativas até em estilo pixelado, deixando tudo mais interessante.
Além de cenários e inimigos, as máscaras quânticas dão um gosto a mais para os desafios em plataforma.
Cada máscara tem um poder diferente que ajuda Crash e Coco nas fases, aumentando o leque de possibilidades além de um simples plataforma. Dentre as quatro máscaras estão Lani Loli (faz aparecerem e desaparecerem itens dimensionais), Arkano (super giro que destrói inimigos específicos) Kupuna-Wa (desacelera o tempo) e Ika-Ika (alterna a gravidade).
Jogar com cada uma delas trouxe novos ares ao estilo plataforma, carregando maior dificuldade e mais riqueza em gameplay. Principalmente as que alteram o tempo e gravidade: confesso que em alguns momentos eu tive dificuldade de resolver os puzzles.
SEM TEMPO, IRMÃO
Além do modo história, o quarto game libera o clássico modo do cronômetro após passar de fase, que está presente desde a época da Naughty Dog.
Para a alegria dos speedrunners ou quem achou o jogo pouco desafiador, é a opção perfeita. Além de conseguir as cruzes, é possível ver também seu desempenho no ranking mundial com outros jogadores.
Uma novidade de It's About Time é "Batalha Bandicoot", uma versão moderna do "morreu, passa o controle" para quem curte um co-op de sofá.
Neste modo é possível jogar com dois a quatro jogadores, que revezam entre si para ver quem chega mais rápido na linha de chegada. Uma proposta interessante para jogar com parceiro, amigos, irmão ou primos.
JOVENS MESMO COM O PASSAR DO TEMPO
Em comparação com a trilogia de 2017, a dupla de marsupiais teve outra repaginada no visual, são mais cartunescos e brilhantes (o que não me incomodou e senti estar de acordo com a nova proposta da desenvolvedora).
Fiquei surpresa em como conseguiram se superar nos detalhes e beleza gráfica, tanto nos cenários —que vão de mistura de natureza com ilhas e pântanos a cidades futurísticas e espaço— quanto nos personagens, sem tirar seus traços mais marcantes. O que era bonito ficou mais lindo e radiante, atingindo outro patamar.
Outro ponto positivo para essa nova versão é a localização para o português, sendo mais acessível para o público infantil ou que não manja de inglês. Os dubladores conseguiram entregar interpretação e tradução à altura que é a qualidade do novo game.
Vale destacar Luiza Caspary (conhecida como a Ellie, de The Last of Us), que deu a voz a Coco Bandicoot, Ricardo Rossatto, como Dr. Neo Cortex, e Michelle Giudice, como Tawna, a namorada de Crash nos primeiros games.
O quarto game da nova franquia consegue trazer inovações em sentido de história e gameplay, mas sem esquecer suas origens com a antiga trilogia. Crash Bandicoot It's About Time é uma ode aos fãs antigos que ansiavam por muito tempo uma continuação digna de Crash e, ao mesmo tempo, uma ótima forma de atrair os jogadores mais novos.
Para combinar com essa repaginação, a wumpa sofreu boas alterações. Com um aspecto mais colorido e firme, a fruta ainda continua com o mesmo sabor doce, ao mesmo tempo com um toque azedo pela dificuldade, mas sem deixar de ser uma ótima fruta de saborear.
Pude também experimentar a Bumpa: com uma aparência que lembra uma mistura de uva e amora, ela tem um toque delicado e diferente pelo seu aspecto único, mas carrega um doce semelhante às Wumpas.
E ambas estão no ponto certo de serem colhidas, afinal: já estava na hora.
Lançamento: 2/10/2020
Plataforma: PlayStation 4 e Xbox One
Preço sugerido: R$ 249,90
Classificação indicativa: Livre (violência fantasiosa)
Desenvolvimento: Toys For Bob
Publicação: Activision
Jogue também: Crash Bandicoot N. Sane Trilogy, Spyro Reignited Trilogy e Ratchet & Clank
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