Intel desenvolve aplicativo para censurar palavrões e racismo em games
A Intel promete ainda para 2021 o lançamento de um aplicativo que irá censurar, em tempo real, xingamentos, palavras e expressões com conotações preconceituosas em chats de voz de games online.
Batizado como Bleep (a onomatopeia em inglês para aquele som que substitui uma palavra censurada), o programa usa de inteligência artificial para identificar e retirar termos polêmicos ou previamente definidos pelo usuário. Ele está sendo desenvolvido há dois anos em parceria coma empresa Spirit IA e já está em fase beta.
A missão do Bleep não é nada fácil, mas caso dê certo, pode diminuir um dos principais problemas nos ambientes de jogos online: a toxicidade. Palavrões aqui e ali no calor de uma partida são normais, mas muitas vezes eles ultrapassam os limites, virando xingamentos racistas e misóginos.
Streamers, por exemplo, poderão ser bastante beneficiados pelo Bleep, reduzindo o risco de assédio ou situações constrangedoras em suas lives. Vicky SM, que faz parte do Wakanda Streamers, vê com entusiasmo a novidade:
Esse recurso pode ajudar muitos streamers, visto que as transmissões são um trabalho sério e esses incidentes tiram totalmente o foco, fazendo com que muitos fechem as lives ou se sintam vulneráveis com os incidentes. Eu já passei por situações como essa sendo uma mulher preta, sei como machuca e desmotiva o trabalho. Bleep pode ser uma grande opção para nós.
Vicky, Streamer
Tales "TalixXGamer" Porphirio, também do Wakanda Streamers, também vê a iniciativa com bons olhos.
O impulsionamento da Bleep é essencial para higienizar o convívio virtual, dando à própria pessoa a escolha e controle sobre o filtro. Acredito ser um caminho que nos levará a ambientes mais saudáveis. A longo prazo, perceberemos os impactos positivos disso na nossa cultura.
TalixX, Streamer
Controvérsia
A Intel apresentou oficialmente o aplicativo durante um painel na GDC, a Game Developers Conference, em março, demonstrando como o programa funciona.
Porém, o que mais chamou a atenção foi a possibilidade dos jogadores filtrarem o nível de censura em categorias como misoginia, LGBTQ+fobia e racismo: de nenhuma até tudo.
Isso gerou uma estranheza. Afinal, quem iria querer filtrar só "um pouco" de racismo? Ou eliminar totalmente o racismo, mas não todo tipo de misoginia? No twitter, alguns usuários também apontaram o mesmo.
"Essa é facilmente umas das imagens mais engraçadas que já vi em algum tempo. A Intel está fazendo um programa automatizado de censura e eu tô gritando com isso"
"Computador, eu quero que você simule um lobby inteiro da Xbox Live no multiplayer do jogo de 2009 Call of Duty: Modern Warfare 2. Habilite misoginia, palavrão, racismo, xenofobia, linguagem sexual explicita e xingamentos... ah, e computador? Deixe todos os proibidores de "N-words... desligados."
Ao START, a Intel esclareceu que os filtros têm o objetivo de informar os limites de cada usuário para que o algoritmo da plataforma detectem as palavras bloqueadas, e que, nessa fase beta, vai permitir entender melhor as opções dos jogadores para aprimorar a tecnologia no futuro.
A fase beta do Bleep, por enquanto, está restrita a notebooks e desktops da própria Intel com processadores da décima primeira geração e somente em inglês.
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