Quem jogou Resident Evil Village não tem como negar que a Casa Beneviento é o momento mais marcante de todo o jogo.
Esse é o trecho mais assustador, tenso e com sustos que nenhum outro game da série ousou em fazer, mas não é só o aspecto de terror que o faz tão especial.
Donna Beneviento é a segunda dos quatro lordes que devemos enfrentar em Village, e tudo o que acontece ali causa impacto por ser tão diferente do que acabamos de passar com Dimitrescu, no Castelo.
É possível destacar três aspectos que tornam essa área memorável: o clima, os puzzles e a narrativa.
Clima
O jogo é excepcional em construir um clima tenso e opressor que só aumenta quanto mais entramos no território de Beneviento: o caminho da floresta cheio de neblina, as bonecas e o simbolismo de pureza violada que elas possuem no contexto do terror (fora representarem bebês como a filha de Ethan, Rose), o casarão com corredores estreitos e claustrofóbicos...
Quando o clímax acontece, a tensão acumulada já está no talo e a perseguição pelo bebê gigante se torna uma catarse de pavor e desespero maior por causa disso.
O que mais me surpreendeu foi o maldito "bebê" gigante! Até o momento em que estava resolvendo o puzzle, ainda pensava de forma mais racional. Quando aquela coisa apareceu, só pensava em "TENHO QUE SAIR DAQUI, AGORA"!
MaxMRM, YouTuber e Streamer
Há também um aspecto essencial que faz esse trecho tão apavorante: Qualquer que seja a Magnum ou Shotgun de munição infinita que esteja carregando, tudo desaparece.
Ao forçar o elemento de protagonista indefeso, em que a única solução é fugir e se esconder (até embaixo da cama), Resident Evil vai para um lado do terror que até já tinha explorado antes, mas nunca na mesma intensidade.
A experiência te deixa meio desnorteado, confuso, e é exatamente isso que o jogo quer para passar a sensação de medo.
Puzzles
Sem uma arma em mãos, Village tira também a principal ferramenta de interação dos jogadores com o game. Não há inimigos, não há "pew pew pew". O que resta?
A ausência é proposital para deixar os holofotes nos quebra-cabeças, normalmente deixados tão de lado, e é por isso que a Casa Beneviento também se torna um momento único do game.
Eu adoro os quebra-cabeças no Residente Evil. Nessa área eles são legais porque você os resolve com medo e muita emoção, queria que tivesse mais.
Elson Shookito, Streamer
Vamos combinar que os puzzles não são nada complexos e envolvem mais memorização do que astúcia, mas a forma como cada um está conectado é bem satisfatório.
No fim das contas, resolver esses enigmas funciona mais para nos guiar pelos ambientes da casa e nos deixar mais imerso naquele cenário.
Narrativa
Algo curioso sobre esse trecho do game é que ele não é sobre a vilã, Donna Beneviento, e sim sobre Ethan e Mia, ou melhor, sobre luto.
Até então, a aventura nos joga de um lado para outro do vilarejo quase sem respiro. Só ali é que nós temos um tempo de luto pela morte da Mia, algo que aconteceu nos primeiros minutos do game.
A manequim que representa a personagem serve para esse propósito, e de uma forma bem mórbida. É quando nos damos conta de que ela realmente morreu, um baque forte, principalmente para quem jogou Resident Evil 7 e passou pelo inferno para salvá-la.
Mais do que isso, ainda joga um mistério de que ela tinha um segredo que nem mesmo Ethan sabia qual era (e que só seria revelado nos últimos momentos do game).
Tudo isso enquanto fazemos uma "autópsia" na boneca Mia em forma de puzzle, e ficamos tensos por estarmos completamente indefesos naquele lugar.
A intenção e a execução não poderiam ser mais certeiras.
Resident Evil tem diversos momentos marcantes de terror e sustos, dos cachorros pulando na janela do primeiro game ao recente Mr. X do remake de RE 2.
A Casa Beneviento de Village certamente entra para a lista, e até se sobressai, por misturar tantos elementos para criar algo realmente único, ousado em termos de terror para a série e que já é um dos momentos que criar maior "cagaço" na história dos videogames.
Resident Evil Village: Casa Beneviento
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