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ANÁLISE

Dying Light 2: com Rosario Dawson e 500 horas, jogo demora para empolgar

Dying Light 2 Imagem: Reprodução/START

Bruno Izidro

De START, em São Paulo

04/02/2022 04h00

"Quanto mais tempo, maior a diversão". Essa parecia ser a mensagem que o estúdio Techland queria passar quando afirmou que Dying Light 2: Stay Human demoraria 500 horas para ser completamente finalizado.

Mas será que é preciso isso tudo mesmo para aproveitar bem o jogo? Foi com essa pergunta que embarguei em Dying Light 2, cronometrando cada hora em busca dessa tal diversão.

HORA 1: Bem-vindo a Villedor

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Dying Light 2 acontece mais de 20 anos depois dos acontecimentos do primeiro jogo e 15 depois do evento conhecido como A Queda, uma pandemia que transfomou boa parte da humanidade em zumbi.

Nessa primeira hora, o game mostra qual é a de Aiden. O novo protagonista é um peregrino (Pilgrim, no original) - uma espécie de funcionário dos Correios pós-apocalíptico, que viaja o mundo destruído realizando entregas.

Além disso, somos apresentados à nova ambientação do jogo: Villedor - uma das últimas cidades com um resquício de civilização. Aiden vai até lá atrás da irmã desaparecida.

HORA 5: Parkour burocrático

Dying Light 2 ainda é muito sobre parkour Imagem: Reprodução/START

Com cinco horas de jogo eu percebi que havia algo de errado.

Dying Light é essencialmente um jogo sobre fazer parkour em um cenário aberto cheio de zumbis. É isso que fez o primeiro jogo fazer sucesso, mas a continuação conseguiu "burocratizar" um dos aspectos mais divertidos do gameplay.

Como? Foi só adicionar uma barra de vigor que dificulta a movimentação ao tentar subir os prédios, porque agora todo grande jogo precisa copiar Zelda: Breath of the Wild de alguma forma.

O vigor é um dos aspectos do personagem que devem ser evoluídos, consequência de Dying Light 2 deixar mais evidente que é um RPG (com direito a diferentes classes de acordo com a peça de roupa usada), o que se encaixou bem na maior parte da jogabilidade.

O problema é que isso teve um custo alto demais na movimentação vertical, deixando-a mais contida e, no final das contas, não tão legal quanto o primeiro game.

HORA 6: A noite cai

Ficar em lugares escuros faz você começar o processo de virar zumbi também Imagem: Reprodução/START

Outra "burocratização" está na exploração à noite. Esses são os momentos mais tensos para quem joga Dying Light, porque é quando os zumbis mais fortes aparecem.

Agora, o personagem começa a ficar infectado aos poucos quando a noite cai. Na prática, isso coloca um relógio no centro da tela com um limite de tempo, que só é zerado em lugares com luz ultravioleta.

Aiden inicia o game com cinco minutos para se aventurar a noite sem morrer, algo que também pode ser prolongado quanto mais se evolui o personagem. Nesse caso, o nível de imunização.

A ideia faz sentido para a narrativa do jogo e até deixa as viagens à noite ainda mais tensas, só que é difícil não ver todas essas limitações com bons olhos, principalmente nas primeiras horas do jogo.

HORA 15: Harran 2.0

Villedor é a cidade em que Dying Light 2 acontece Imagem: Reprodução/START

Assim como o Dying Light 1, o novo game possui dois mapas, apresentando regiões diferentes da cidade.

A área inicial, Velha Villedor, serve como um grande e longo tutorial dos principais aspectos que o game tem a oferecer. A experiência ainda é bastante parecida com o game anterior, acrescentado, aos poucos, as novidades da sequência.

Até por isso, a sensação é de estarmos em uma Harran 2.0, mas com a Velha Vileddor sem chegar nem perto dos cenários que davam personalidade à cidade do primeiro jogo.

Mas o que me preocupava mesmo era saber quanto mais demoraria para me empolgar realmente com Dying Light 2. A resposta só veio algumas horas depois.

HORA 18: Dying Light 2 começa agora

Parapente é um dos equipamentos que melhoram a movimentação pela cidade Imagem: Reprodução/START

O segundo mapa do jogo, Central Loop, é quando Dying Light 2 finalmente entrega todo seu potencial. É aqui que os melhores momentos do jogo acontecem.

Essa é a área com grandes arranha-céus, palco perfeito para mais desafios de parkour que dão a adrenalina necessária para se empolgar com o gameplay.

Para essas acrobacias acontecerem, são liberados dois novos equipamentos que mudam bastante a movimentação pelos cenários: o parapente e o gancho. São eles que fazem com que as limitações impostas lá no início da aventura parem de ser um incômodo.

Pular do alto dos prédios e planar pela cidade, ganhar altitude com sopros de ar para continuar com os parkour pelos telhados é o que faz Dying Light 2 valer a pena... só demorou 18 horas pra isso.

HORA 20: Rosario Dawson é a estrela

Rosario Dawson faz a personagem Lawan Imagem: Reprodução/START

A segunda metade do jogo também introduz Lawan, personagem interpretada pela atriz Rosario Dawson, que muitos podem conhecer da série do Demolidor, da Netflix, ou do recente Mandalorian, de Start Wars.

Lawan é a melhor personagem de Dying Light 2, e praticamente divide o protagonismo com Aiden assim que aparece. Muito disso vem da força da interpretação da atriz, que entrega alguém atormentada pela passado e em busca de vingança, mas que também tem o carisma necessário para se destacar.

A história de Dying Light 2 também ganha muito assim que ela surge, dando motivações interessantes para continuarmos a acompanhar a narrativa até ali.

Ainda restavam 480 horas para completar totalmente o jogo. Será que a partir de agora é só diversão mesmo?

HORA 25: Bugou geral

Imagem: Reprodução/START

Dying Light 2 teve um longo ciclo de desenvolvimento, com alguns adiamentos e dificuldades internas, e é possível notar esses problemas em muitos bugs no game.

Foi um desses bugs que me fez começar tudo do zero, por não me deixar acessar mais o segundo mapa depois de mais de 20 horas de jogo.

É bom ressaltar que eu estava jogando uma versão que não era a final de lançamento, então alguns desses bugs podem nem apareçam após o patch de atualização.

Da minha parte, eu transformei o contratempo em oportunidade para verificar o sistema de escolhas na narrativa do jogo, uma característica que sempre foi alardeada pelos criadores por mudar completamente a história.

HORA 30: Escolhas que realmente importam

A minha segunda jogatina só ficou mais interessante por ver, ali na minha frente, as mudanças que acontecem por fazer escolhas diferentes na narrativa.

Algumas delas têm impacto na jogabilidade, em o que será adicionado na ambientação para se locomover melhor ou diferentes meios para enfrentar as ordas de infectados.

Pacificadores (Peacekeepers) e Sobreviventes são as duas fações que querem o controle da cidade Imagem: Reprodução/START

O que realmente me impressionou foram as mudanças na trama. Escolher entre as duas facções em guerra na cidade faz com que missões de história deixem de serem feitas, liberando outras completamente diferentes no lugar.

Um exemplo: se aliar aos Sobreviventes faz com que Aiden tenha que explodir um moinho de vento.

Se a escolha for se aliar aos Pacificadores, o moinho ainda é destruído, mas sem nenhuma participação do jogador. A missão é substituída por outra em que devemos explorar os túneis abandonados do metrô.

Imagem: Reprodução/START

Alguns personagens podem viver ou morrer como consequências das suas escolhas. Outros só dão a cara na história se Aiden de aliar a um dos lados. Para um jogo com elementos tão fortes no RPG, esse é um aspecto que conseguiu ser bem feito.

Pena que nem isso a salva o rumo que o enredo toma ao final. E não falo aqui de escolhas boas ou ruins, mas sim de momentos clichês e situações jogadas convenientemente para empurrar a trama adiante.

De um potencial interessante pelas escolhas narrativas, a história de Dying Light 2 se torna um dos seus piores defeitos.

HORA 55: falta quanto pra acabar?

Imagem: Reprodução/START

Ainda estamos muito longe de chegar sequer a um terço das 500 horas prometidas de Dying Light 2, e o jogo já mostrava sinais de cansaço.

Por mais que ainda continue sendo legal fatiar inimigos humanos e infectados com uma Katana modificada para dar choque, e haja atividades paralelas interessantes no mundo aberto do jogo, como as instalações médicas que são verdadeiras dungeons de RPG, uma hora acaba enchendo o saco.

Ao final da campanha principal, o saldo de tempo ficou para mais 445 horas restantes, um tempo que com certeza será preenchido por quem já adora o primeiro jogo, já que a Dying Light 2 é a continuação que muitos esperam.

Já o saldo de diversão ficou só ligeiramente positivo, porque o maior problema é Dying Light 2 ser uma experiência irregular. Ora maçante com uma história péssima, ora empolgante com com as decisões narrativas e a jogabilidade.

Imagem: Divulgação/Techland

Lançamentos: 04/02/2022
Plataformas: PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X e S e PC
Preço: R$ 249 (PC) e R$ 260 (consoles)
Classificação Indicativa: 18 anos (Violência extrema e temas sensíveis)
Português: Sim (legendas e dublagem)
Desenvolvimento: Techland
Publicação: Techland

*Um código para a expansão foi enviado pela Techland ao START
** O Xbox Series X usado para jogar foi enviado pela Microsoft ao START

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