"Sifu" é o termo para mestres-professores do kung fu. No jogo homônimo, você vai aprender isso da maneira mais trágica possível: com um sifu sendo assassinado, sem piedade, por um ex-pupilo que havia abandonado o treinamento. Pior: o filho do sifu assiste ao crime sem poder reagir e ainda recebe um ferimento que só não é letal por causa de um talismã mágico.
Oito anos e muito treino depois, é hora da vingança. Agora com 20 anos de idade, aquela criança que viu seu pai e amigos serem massacrados virou uma máquina de distribuir socos, chutes e múltiplos golpes que Sifu vai te fazer dominar rapidinho - o jogo, não o professor!
No final, é isso que sobressai: o roteiro clichê elaborado pela desenvolvedora francesa Sloclap é só uma desculpa para um beat'em up divertido, com jogabilidade precisa e visual estiloso. O game chega para PC, PlayStation 4 e PlayStation 5 na terça (8).
Confira abaixo os primeiros 12 minutos de gameplay. A crítica continua logo em seguida.
O peso da idade
Todo esse prelúdio é só o tutorial (onde você também pode escolher o gênero do personagem principal). Daí em diante, é só pancadaria.
Sifu é, em essência, linear. São cinco "fases": cenários temáticos nos quais você avança após derrotar ondas de inimigos. Ao final de cada uma delas, é hora de enfrentar um dos líderes do massacre.
Vencer os inimigos gera experiência, que serve para aprender habilidades. Há também um marcador de pontuação, que ganha multiplicadores cumulativos se você bate nos adversários sem ser atingido; e, inversamente, diminuem cada vez que leva um golpe.
Um ponto bastante inovador é como ele lida com as derrotas. Cada vez que sua barra de energia é zerada, entra uma espécie de "tela de continue". Nela, você pode usar a experiência adquirida para aprender novos golpes e decidir se quer continuar ou recomeçar.
Da primeira vez que você opta por continuar, o protagonista envelhece um ano. A partir daí, a quantidade de anos envelhecidos depende da quantidade de mortes que você acumulou até então. Por exemplo: se você tem cinco mortes acumuladas, vai envelhecer cinco anos no próximo "continue".
A cada dez anos a mais na idade, o personagem perde parte da barra de energia, mas aumenta o dano de seus golpes.
Mas a quantidade de "continues" é limitada: depende do número restante de contas no seu amuleto mágico. Derrotar inimigos difíceis faz o contador de mortes regredir uma unidade - mas não é possível fazer o protagonista rejuvenescer.
E mesmo o aprendizado de novos golpes não é tão fácil assim. Tem um toque de roguelite: depois de liberar determinado movimento, você precisa gastar mais experiência para que ele seja destravado em definitivo. Do contrário, se você morrer ou recomeçar a fase, vai perder esse desbloqueio.
Conforme as fases são abertas, é possível avançar para a próxima ou revisitar uma já terminada, para descobrir novas áreas. Esse vai-e-vem é importante: sempre que começar um novo nível, você terá a idade com a qual terminou o anterior. E sempre que recomeçar uma fase já completada, terá a menor idade com a qual começou aquele nível pela primeira vez.
Então, uma boa estratégia é ir abrindo as fases "sem compromisso", recolhendo experiência e destravando habilidades em definitivo. Só então você passa a "jogar sério", indo do início ao fim de um nível, ganhando a menor quantidade possível de anos.
O melhor ataque é a defesa... e outro ataque
Essa progressão "linear, mas nem tanto" não fica maçante graças à jogabilidade de Sifu.
De modo geral, as lutas são baseadas em quatro elementos: ataque, defesa, defesa perfeita e esquiva.
Você pode vencer os inimigos de duas formas: acabando com a barra de energia ou enchendo a barra de resistência deles. No segundo caso, eles ficam abertos para um golpe de finalização que, geralmente, é bem violento e legal de se ver.
Também é possível usar itens do cenário, caso de tacos de beisebol, bastões, garrafas, tijolos etc.
Saber se defender é tão (ou até mais) importante do que atacar. A defesa normal bloqueia ataques, mas faz a barra de resistência do seu personagem encher, Uma vez cheia, você fica aberto a golpes.
Já a defesa perfeita tem efeito contrário: se você conseguir aparar um golpe prestes a te acertar, é a barra de resistência do atacante que enche. É um movimento difícil, mas dominá-lo garantirá uma progressão muito mais tranquila pelo game.
Por fim, há o movimento defensivo mais importante: a esquiva. Ela é feita ao segurar a defesa e movimentar o direcional analógico esquerdo de acordo com o tipo de golpe que está vindo em sua direção.
Sempre que você consegue se esquivar corretamente, a barra de resistência do seu personagem diminui e, de quebra, você fica em posição de contra-atacar. É um movimento fundamental na hora de encarar os chefões do jogo.
Os confrontos são animados de maneira sublime, com movimentos naturais e fluidos. É bonito de se ver e dá aquela satisfação conforme você aprimora habilidades. Isso, somado aos controles precisos, compensa o nível de dificuldade relativamente elevado do jogo.
Ou seja, prepare-se para "sifu", no sentido brasileiro da gíria: morrer bastante.
Visual estiloso
Sifu adota um estilo visual levemente cartunizado, afastando-se dos gráficos fotorrealistas. Inicialmente, ele parece simples, mas os efeitos são caprichados e o resultado final é surpreendentemente bom.
O teste de Start foi em um PlayStation 5 e não houve momentos de lentidão, controles que não respondem ou qualquer problema que afetasse a experiência em geral do game. Apenas um travamento, mas isso é comum em games jogados antes do lançamento.
Por envolver um ciclo de tentativas, mortes, aprimoramento do personagem e novas tentativas, além de incentivar o retorno a cenários já abertos, é difícil considerá-lo um game curto. Apenas jogadores "prodígios" deverão ir do início ao fim sem ter que refazer nenhuma fase para aprimorar suas habilidades.
Sifu se revelou uma das primeiras boas surpresas de 2022. É bastante recomendado para quem curte games de pancadaria que exigem reflexos e boa coordenação.
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