Quer fazer carreira criando games? Confira 10 conselhos de profissionais
O mercado nacional de games está a todo vapor. O faturamento anual passa de US$ 2 bilhões e representa mais de 1% do lucro mundial, de acordo com consultoria de mercado Newzoo. Além disso, 72% da população brasileira joga, segundo a oitava edição da Pesquisa Game Brasil. Portanto, sim, há muito espaço para quem quer fazer dos games uma carreira.
"A cada ano, essa indústria se consolida mais. Vivemos um grande momento e, se nos encontrarmos daqui a quatro anos, vou falar a mesma coisa", garante Igor La Luz, head of education and product da Escola SAGA, de desenvolvimento de jogos, computação gráfica, arte e animação.
"A área de jogos é cada vez mais reconhecida como uma possibilidade de carreira", continua. "Habilidades fundamentais para ela, como pensamento lógico e desenvolvimento criativo, que antes não eram reforçadas no ensino tradicional, agora já são mais valorizadas."
Estúdios nacionais estão com vagas abertas e buscam profissionais em todos os níveis de carreira, inclusive os iniciais. Prepare-se para começar a trabalhar.
1) Tem que fazer faculdade?
É sempre bom, especialmente para desenvolver e estimular habilidades artísticas e analíticas. Há vários cursos superiores de jogos no país, que costumam apresentar abordagens gerais de temas como programação, design e sistemas de jogos.
Mas você não precisa cursar nada específico na área. A maioria dos profissionais com carreira consolidada veio de outros segmentos - afinal, esses cursos são relativamente recentes.
Como o desenvolvimento de um jogo é multidisciplinar e abrange mídias diferentes, há espaço para engenheiros, administradores, designers de som, roteiristas, ilustradores, programadores e profissionais de marketing, entre outros.
"O bom disso é que você pode correr atrás do seu sonho acadêmico e, ao mesmo tempo, conseguir entrar num mercado que é interessante e dinâmico", encoraja Matheus Funfas, coordenador de game design da Tapps Games.
2) Escolha sua função
Se você ainda não sabe exatamente o que quer fazer na indústria, é legal pesquisar e descobrir melhor qual área tem mais a ver com o seu perfil: design de games (criar como o jogo é jogado: sistema, regras, personagens, mundos), programação (materializar o design com códigos), arte (desenvolver modelagem 3D, ilustrações de cenários, conceitos de personagens, efeitos especiais). Conheça mais opções.
3) Busque as ferramentas
Com a sua área de atuação mais definida, procure cursos indicados para ela. Muitos deles são gratuitos.
Por exemplo, cursos de modelagem 3D aplicada para jogos, ou de motores gráficos como a Unity, que é uma das mais acessíveis para ingressar no mercado brasileiro.
Não desanime se você se deparar com dificuldade em algum tema. "Toda habilidade que você não tem e deseja adquirir será desenvolvida com a prática e o exercício recorrente", diz La Luz.
4) Colecione experiências
"O que importa mais são as experiências", acredita Ana Costa, diretora-geral para o game Tennis Clash na desenvolvedora Wildlife. "Envolva-se com projetos por fora, como fóruns e hackathons [maratonas de programação] promovidos por empresas."
"Tente se engajar com a produção de um jogo, mesmo que não seja superelaborado ou AAA, mas que faça você aprender os princípios básicos que acabam sendo boa parte do nosso dia-a-dia", recomenda.
5) Monte seu portfólio
Na área de ames, o portfólio é o seu currículo, apresentando visualmente suas habilidades.
"Aproveite bastante enquanto você não está produzindo para o mercado e produza as coisas que, em teoria, você faz apenas para você mesmo, sem cobrança ou prazo de entrega", recomenda La Luz. "Quanto mais múltiplo você conseguir ser nessas entregas visuais, mais rico seu portfólio será."
Outra dica importante é fazer perfil em redes sociais mais profissionais, como o LinkedIn. As empresas de games realmente buscam profissionais ali. "E mete a cara!", sugere Funfas.
6) Absorva tudo que puder no primeiro emprego
O mercado de games tem muita entrada para profissionais jovens. As empresas investem bastante em treinamento e qualificação. Nos primeiros meses, provavelmente você vai aprender a usar as ferramentas e a metodologia da empresa.
Uma das primeiras funções mais comuns é realizar testes de qualidade, em que você basicamente joga e testa possíveis erros. Também é comum entrar por programas de estágio e trainee ou, para quem acabou de se formar, como júnior. Uma vez dentro da empresa, é bem comum migrar para uma outra área.
7) Entenda e planeje o desenvolvimento da carreira
Em game design, por exemplo, você vai começar a dominar as ferramentas de trabalho, usar planilhas para balanceamento numérico e canvas (painéis visuais com explicação de fluxos e de ideias). Em seguida, vai se dedicar a identificar a viabilidade da ideia dentro do mercado.
De acordo com Funfas, só aí você poderá ter um pouco mais de autonomia e tomada de decisão dentro da equipe para, finalmente, assumir a responsabilidade pelo projeto como um todo.
8) Invista na apresentação
Ideias, todo mundo tem. O que os profissionais mais seniores esperam que você saiba é explicá-las com propriedade, sejam elas mais cruas ou um jogo já materializado. Na hora de fazer seu pitch (como esse tipo de apresentação é chamada), invista tempo e cuidado nos materiais de apoio e, principalmente, comunique-se com clareza.
"Precisamos ter uma tese forte de porque esse jogo é divertido em comparação com outros que já existem no mercado", afirma Ana. "Foque nos diferenciais e em quem é o público-alvo."
Explique exatamente qual é sua parte naquela ideia (é comum dividir o trabalho com amigos e colegas de faculdade), quais foram os pontos de acerto e os de aprendizado.
E revise o material: comunicação escrita bem-feita é fundamental.
9) Use o dólar a seu favor
A indústria de games é cada vez mais globalizada e isso amplia as possibilidades de atuação. É comum que os grandes estúdios tenham artistas-chaves que desenvolvam os pontos principais dentro do jogo e "terceirizem" as outras áreas de desenvolvimento para o Brasil ou outros países. Existem estúdios especializados em assets, que permitem que você trabalhe para a indústria externa (e ganhando em dólares) aqui de dentro.
10) Encontre sua turma
A indústria indie também oferece uma boa chance para você apresentar suas ideias. Procure e participe de eventos de desenvolvedores indies, que costumam ser bastante abertos. É também uma boa oportunidade de se conectar com outras pessoas.
Depois de muitos problemas ao longo de anos, a indústria de games também tem se mostrado lentamente mais aberta a mulheres e minorias.
"Socialmente, nós, mulheres, não recebemos exemplos suficientes para saber que podemos, sim, trabalhar com jogos e tecnologia. Mas, uma vez que as empresas percebem que existe um problema sistêmico de desigualdade, elas apostam em iniciativas mais intencionais pra reverter essa diferença", acredita Ana.
"Quando eu entrei na Wildlife, nas áreas técnicas, éramos só eu e mais uma menina. Hoje, quatro anos e meio depois, fico feliz em dizer que o Tennis Clash tem um squad que é quase inteiro de mulheres."
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