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ANÁLISE

Review: Gran Turismo 7 honra tradições da série - para o bem ou para o mal

Gran Turismo 7: excelência no visual e no conteúdo, mas com pontos a melhorar - Divulgação/Sony Interactive Entertainment
Gran Turismo 7: excelência no visual e no conteúdo, mas com pontos a melhorar Imagem: Divulgação/Sony Interactive Entertainment

Por Rodrigo Lara

Colaboração para START

02/03/2022 08h01

Minha ansiedade com Gran Turismo 7 era alta. Desde as primeiras imagens divulgadas, tudo indicava que o game, exclusivo para PlayStation 4 e PlayStation 5, retornaria às iterações clássicas da série, deixando para trás o foco competitivo de Gran Turismo Sport.

Bastaram algumas horas com o jogo para confirmar essa impressão. Sim, Gran Turismo 7 é um retorno ao formato tradicional da franquia e, mais do que isso, remete a tudo que foi feito entre o primeiro game, de 1997, e o quarto, lançado para PlayStation 2 em 2004.

O resultado é uma experiência que deve agradar aos fãs mais antigos da franquia. E também traz diversas opções para conquistar novos adeptos.

Gran Turismo 7, ficha de review - Arte/UOL - Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

Tire o pé do acelerador

Gran Turismo 7 - Divulgação/Sony Interactive Entertainment - Divulgação/Sony Interactive Entertainment
Imagem: Divulgação/Sony Interactive Entertainment

Pode parecer incoerente por se tratar de um game de corrida, mas a melhor forma de curtir Gran Turismo 7 é com muita calma. E isso vai além da trilha sonora, que passa um ar de refinamento - (em contraste com títulos como Forza Motorsport, que reforça a adrenalina).

A própria progressão pelo novo game da Polyphony Digital é lenta, como se ele falasse o tempo todo para o jogador aproveitar a experiência sem pressa.

Você começa em uma partida de Rali Musical, um novo modo que lembra games clássicos como Out Run. Há um contador regressivo de batidas da música que está tocando e você deve restabelecer a contagem passando por checkpoints. A meta, claro, é percorrer o máximo de distância antes da música acabar.

Passada essa introdução, somos apresentados ao mapa, que bebe muito da fonte dos games clássicos da franquia (e que havia sido abandonada de Gran Turismo 5 em diante).

Gran Turismo 7 - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Um dos pontos principais é o Café. Lá, você recebe missões que permitem avançar no jogo. A maioria envolve conquistar determinados modelos de carros como recompensa de certas corridas.

É uma forma guiada de jogar, mas não obrigatória. Não há qualquer tipo de "parede" impedindo o progresso do jogador, então, você pode simplesmente juntar dinheiro repetindo algumas provas, comprar os carros que desejar e, eventualmente, completará os objetivos propostos no Café.

Por outro lado, seguir o script transforma o jogo numa espécie de aula deliciosa sobre a história do automóvel. Esse caráter didático é bem marcante e reforça a intenção do produtor Kazunori Yamauchi de que Gran Turismo 7 deve valorizar a cultura automotiva para um público que não se interessa tanto por carros.

Além das corridas

Gran Turismo 7 - Divulgação/Sony - Divulgação/Sony
Imagem: Divulgação/Sony

A vastidão de conteúdo merece elogios. Além das informações sobre os carros e dicas de ajustes, há modos de jogo muito interessantes, que vão além das simples corridas.

No modo de licenças, o jogador precisa cumprir determinadas demandas para conseguir ter acesso a corridas e campeonatos mais avançados.

Em geral, é fácil conseguir pelo menos o bronze nessas provas. Ainda mais porque Gran Turismo 7se mostra especialmente adaptado ao DualSense do PlayStation 5. Gatilhos têm a sensibilidade correta e feedback háptico se mostra bem útil para comunicar o que está acontecendo com o carro. Não substitui, porém, a experiência com um conjunto de volante e pedais, que tende a ser mais precisa e imersiva.

Gran Turismo 7 - Divulgação/Polyphony Digital - Divulgação/Polyphony Digital
Imagem: Divulgação/Polyphony Digital

No modo dedicado a missões, você precisa cumprir desafios como ultrapassar todos os adversários em uma volta ou atingir determinada velocidade. No modo foto, as possibilidades são imensas, com centenas de cenários para você estacionar o carro e fazer cliques dignos de virar quadro. Excelente para quem busca variação na jogabilidade.

Mas o mais interessante em Gran Turismo 7 (aliás, outra marca clássica da série), é que o jogador pode progredir bem com o carro que desejar (exceto em corridas de categorias ou carros específicos, claro). Para isso, basta melhorar o desempenho adquirindo upgrades na loja de tuning. É uma forma interessante de fazer aquele carro que você pagou baratinho virar um monstro no asfalto, deixando os carrões de milhões de créditos para trás.

Para jogar online, há o modo Sport, com partidas em horários pré-determinados, e o multiplayer convencional, onde os jogadores se encontram e se organizam em lobbie. Em ambos, o game endurece as regras: há penalidades por bater, cortar caminho etc.

Visual de milhões

Gran Turismo 7 - Divulgação/Sony Interactive Entertainment - Divulgação/Sony Interactive Entertainment
Imagem: Divulgação/Sony Interactive Entertainment

A Polyphony Digital sempre foi vítima de um perfeccionismo intransigente com o visual dos games. Esse é um dos motivos pelos quais eles demoram tanto tempo em produção. Por outro lado, o resultado é arrebatador - não só nas corridas, mas até nos menus, em que você pode ver o interior dos veículos.

Como nem tudo pode ser perfeito, somos deparados com a lamentável escolha entre utilizar Ray Tracing ou manter uma taxa de quadros mais elevadas. Porém, mesmo com o efeito desligado, Gran Turismo 7 é extremamente bonito e fotorrealista a ponto de, em algumas situações, confundir se a imagem na TV é game ou realidade.

Gran Turismo 7 - Divulgação/Polyphony Digital - Divulgação/Polyphony Digital
Imagem: Divulgação/Polyphony Digital

O design de áudio também se tornou mais fidedigno, driblando as críticas que Gran Turismo Sport havia recebido, com carros que simplesmente não soavam de maneira natural.

Esse detalhismo também é visto em elementos que se relacionam diretamente e indiretamente à jogabilidade, como a passagem de tempo e o estado da pista.

Aliás, as pistas mesclam circuitos reais e fictícios (inclusive vários clássicos da franquia). Nessa segunda categoria, há traçados que são verdadeiras obras de arte, tanto no traçado quanto no cenário.

Idiossincrasias clássicas

Gran Turismo 7 - Divulgação/Sony Interactive Entertainment - Divulgação/Sony Interactive Entertainment
Imagem: Divulgação/Sony Interactive Entertainment

Por outro lado, Gran Turismo 7 repete diversas características da série, para bem ou para mal. Chamá-lo de "simulador", por exemplo, é exagero, já que ele é bem permissivo em diversos aspectos, em especial na aderência de carros mais rápidos e nos efeitos das colisões. É uma jogabilidade típica de GT, batizada popularmente como "simcade", misto de simulador e arcade.

O game ainda não implementou um sistema convincente de danos nos carros ou uma inteligência artificial que os distiribua na pista de maneira mais orgânica - eles seguem andando quase em fila indiana. Em certas pistas, nas disputas contra a IA, dá para ganhar tempo apoiando-se nos guard rails nas curvas ou simplesmente tirando os adversários do caminho.

Portanto, este sétimo jogo mostra que GT mostra que é capaz de evoluir em questões técnicas, mas ainda sofre para deixar a experiência ainda mais realista. Mas nada disso é suficiente para macular a imagem do game. (Até porque que quem curte Gran Turismo meio que "passa pano" para esses detalhes.)

Detalhado, abrangente, acessível e com muito conteúdo: se a ideia de Gran Turismo 7 era honrar o legado da franquia e agradar quem acompanha a série desde os primeiros games, a missão foi cumprida com êxito.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL