Streamer aos 50 anos: "Faço live para me imortalizar para meus netos"
Bruno Izidro
De START, em São Paulo
08/03/2022 04h00
No início de 2020, Lucilene Montanha estava em busca de um emprego, mas ela se viu em uma dura realidade: "eu passava nas entrevistas, mas não conseguia a vaga por causa da minha idade", contou ela em entrevista ao START.
Foi então que ela arranjou uma ocupação que não depende de idade: aos 50 anos, a Tia Lu (como é conhecida hoje) virou streamer e joga League of Legends quase todos os dias.
Nós de START conversamos com Tia Lu para saber mais do motivo que a fez começar a fazer lives, e também do 'hate' que já recebeu online. Acompanhe a história dela no vídeo no início do post e também na matéria abaixo.
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Da Lan House para as lives
Games não são uma novidade na vida da Tia Lu: por dez anos ela foi dona de uma Lan House em Manaus, capital do Amazonas, onde tomou gosto por jogos online, como o MMORPG Lineage, o FPS Point Blank e, claro, o Lolzinho.
Lan House da Tia Lu
Infelizmente a Lan House fechou com o início da pandemia causada pela Covid-19. Sem mais a principal renda da família, ela se viu também rejeitada pelo mercado de trabalho por conta da idade.
Foi quando ela aproveitou um dos computadores que sobraram da Lan House para fazer lives - um desejo que já sentia há algum tempo. A motivação dela, porém, era bem diferente do que costumamos ver:
No primeiro momento eu vi naquilo algo para me imortalizar. Não pras pessoas, mas pra minha família, pros meus netos e pros meus filhos
Mãe de três filhos e recentemente avó, Lucilene começou a assistir tutoriais na internet e estudar os programas necessários para fazer lives, e foi no Facebook que ela achou a plataforma mais amigável e estável para fazer as transmissões.
Assim nascia a página da Tia Lu in Game, onde ela tenta jogar de tudo um pouco (ou o que o computador aguenta): de experiências mais narrativas, como The Walking Dead da Telltale, até jogos do momento, como Dead By Daylight.
Só que a atração principal fica mesmo para League of Legends, não só por Tia Lu já estar acostumada a jogar desde a época da Lan House, mas também por ser um game menos pesado de rodar e transmitir ao mesmo tempo no PC que possui.
Hate online
Os cabelos grisalhos e a forma mais maternal de falar de Tia Lu atraiu pessoas curiosas por ver alguém dessa idade que gosta tanto assim de games.
Por outro lado, a streamer não escapou de comentários maldosos: um deles aconteceu logo quando começou a fazer lives e alguém começou a xingar no chat da transmissão, apontando a idade dela.
Nesse dia eu comecei a chorar e só desliguei a câmera. Eu falei que não queria mais [fazer live] e fiquei um tempo sem streamar
O que a fez voltar foram as mensagens que chegaram em sua página, todas dizendo que estavam sentindo a falta das lives. Eram depoimentos de pessoas que encontraram um conforto em suas transmissões. Foi então que Tia Lu soube o quanto seu trabalho impactava as pessoas.
Já recentemente a streamer viralizou com uma imagem dela jogando Detroit: Become Human, e mais uma vez por causa de comentários sem noção.
Dessa vez, mais experiente na vida como streamer, Tia Lu soube se proteger melhor do 'hate' e, hoje, ela se sente mais preparada para enfrentar esse tipo de situação:
Fazer lives mudou muita coisa pra mim, até mesmo com os meus sentimentos, a minha relação com o que as pessoas dizem, que eu sei que vai me machucar. Então, hoje eu tento brincar, eu tento fazer com que eu não foque muito naquilo
Aos 50 anos, Tia Lu mostra não só como conseguimos nos renovar, fazer aquilo que gostamos, e ainda quebrar paradigmas. Tudo isso enquanto se diverte com videogames da melhor maneira que pode.
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