Mulheres na ciência

As brasileiras por trás do sequenciamento genético do coronavirus no Brasil

Arquivo pessoal
A ciência brasileira ganhou os holofotes após sequenciar em tempo recorde o genoma do novo coronavírus.

Um grupo de pesquisadoras da USP usou uma metodologia mais barata e conseguiu o feito em apenas 48 horas, enquanto outros países levaram em média 15 dias.

Celebrando o Dia Internacional da Mulher, nada mais justo do apresentarmos quem são as brasileiras por trás de tudo.
Reprodução

Dra. Ester Sabino

Médica formada pela USP, fez residência em pediatria. Posteriormente, fez doutorado em imunologia, com foco em estudos sobre o vírus HIV. É professora da USP desde 2007 e participa de pesquisas envolvendo doenças como zika, dengue, chikungunya e doença de Chagas
Divulgação

A gente não imaginava que fosse ter tanta repercussão. Mas é uma oportunidade de popularizar a ciência no Brasil. Me formei na universidade pública e tem essa necessidade de retorno [de mostrar os avanços]. Quem for fazer ciência no Brasil tem que saber que é uma carreira difícil. É difícil conseguir se manter, ter verba para os alunos. Mas tem gente, como eu, que não conseguiria fazer outra coisa.

Dra. Ester Sabino
Médica coordenadora da pesquisa de sequenciamento do novo coronavírus pelo Instituto de Medicina Tropical de São Paulo

Jaqueline Goes de Jesus

Biomédica graduada pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, mestre em biotecnologia e doutora em patologia. Atualmente, faz pós-doutorado no Instituto de Medicina Tropical da USP. É integrante do Zibra Project, que mapeia a epidemia de Zika no Brasil. Também possui experiências em pesquisas sobre zika, dengue e chikungunya
Divulgação/IMT

Erika Manuli

Farmacêutica formada pela Universidade Paulista, se especializou em pesquisa clínica. Atualmente, é mestranda da Faculdade de Medicina da USP. Já participou de pesquisas sobre a doença de Chagas e os vírus dengue, Zika e Chikungunya
Arquivo pessoal

Acredito que a perseverança e a insistência contribuem para a mulher conquistar seu espaço nesta área [da ciência]. Mas falta incentivo para mantermos projetos de extrema importância na saúde pública. É necessário aumentarmos o investimento na pesquisa, educação e saúde em nosso país.

Erika Manuli
Farmacêutica que participou do sequenciamento genético

Flávia Cristina da Silva Sales

Biomédica graduada pelo Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas, se especializou em parasitologia médica no Hospital das Clínicas de São Paulo. É mestranda no departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da USP. Possui experiências nas áreas de análises clínicas e biologia molecular
Arquivo pessoal

A inclusão e o respeito são importantes para a presença de mulheres em qualquer área da ciência. No grupo de pesquisa no qual faço parte, 80% são mulheres. Não tive experiências ruins. Mas sabe-se que isso não é uma realidade em outros grupos. O incentivo para pesquisa também é importante. Pós-graduandos são profissionais sem direito a leis trabalhistas. Muitos desistem porque não têm condições de se manter, é triste

Flávia Cristina da Silva Sales
Biomédica que participou das pesquisas

Ingra Morales Claro

Biomédica formada pela Universidade Federal de Alfenas. Atualmente é doutoranda na Faculdade de Medicina USP, onde trabalha com sequenciamento dos vírus da dengue, do zika, da febre amarela e chikungunya. Foi a responsável por conseguir sequenciar o novo coronavírus de um modo mais barato
Arquivo pessoal

Quando vimos que tinha dado certo, ficamos muito felizes. Foi muito bom para mostrar que temos muitos cientistas brasileiros bons, que podem fazer esse tipo de trabalho

Ingra Morales Claro, pesquisadora que ajudou a baratear os testes
Publicado em 08 de março de 2020.
Entrevistas: Bruna Souza Cruz
Edição: Márcio Padrão

Agradecimentos:
CADDE (Centro Conjunto Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus), rede de pesquisadores responsável pela análise genética do novo coronavírus;
Instituto Adolfo Lutz;
Universidade de Oxford.