O que Steve diria...

Sobre o Apple Watch?

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Olha como o tempo voa. Nos últimos dias, o Apple Watch completou cinco anos de existência. Vou aproveitar essa meia década de história para falar um pouco sobre a invenção.
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O Watch foi o primeiro produto Apple criado depois que eu parti. A ideia foi de Jony Ive, designer que imaginou a maioria das minhas criações. Imagino a pressão sobre o Jony, foi corajoso. Mas estive lá de alguma forma: o relógio foi apresentado no mesmo auditório em que revelei o primeiro Macintosh.
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O relógio conseguiu algo que não fui capaz: trazer Kevin Lynch, diretor de tecnologia da Adobe, para a Apple. A imprensa dizia que nos odiávamos por causa do uso do Flash. Mas ele é que havia negado o convite de trabalhar comigo. O projeto do Watch o convenceu; que bom, ele é ótimo.
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A grande vitória do Apple Watch é que ele criou um mercado. Já existiam relógios inteligentes antes do nosso. Mas já existiam também "smartphones" antes do iPhone, e eu achava todos uma porcaria. Acho a mesma coisa aqui: a concorrência melhorou depois que inventamos o nosso modelo.
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Nunca fui fã de relógios. Ive era apaixonado por eles, mas eu não usava. Mesmo assim, transformei um deles em peça de colecionador. O Seiko que usei em uma foto famosa, onde apareço com um Macintosh no colo, foi leiloado por nada menos que US$ 42 mil.
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Esse reloginho trouxe uma bolada. Cerca de US 14 bilhões só no ano passado. Hoje, a Apple vende mais (tanto em unidades, quando em montantes de dinheiro) do que todo o mercado relojoeiro suíço, o mais tradicional do planeta. Não dá para falar que não tem mérito nisso.
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Mas o produto ainda me irrita. Em cinco anos, ele praticamente não mudou. As alterações entre gerações costumam ser muito pequenas. Sempre fui contra isso. Sempre repetia para minha equipe: o design tem que ser inovador. Senão um dia a concorrência nos pegaria.
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A inovação, pelo menos, veio de algum jeito. Sempre procurei fazer a tecnologia se integrar a nossa vida da forma mais fluída possível. De fato, olhar para o pulso é menos invasivo do que tirar um celular do bolso. Gosto disso, é um uso inteligente do design.
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Também sou fã de como os aparelhos são controlados por movimentos. Nosso quarto iPod Nano mudava o visual quando virado na horizontal. Hoje isso é comum, mas foi revolucionário na época. O Apple Watch fez isso com os movimentos do nosso pulso. É interessante!
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Qual o veredito?

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Meu veredito, então, é um: eu gosto bastante do Apple Watch. Acho que foi um importante passo que a empresa deu sem mim. Trouxe dinheiro, criou uma nova indústria, é prático... mas precisa se reinventar urgentemente, e espero que isso ocorra antes que complete uma década.
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Publicado em 22 de Maio de 2020.
Texto: Felipe Germano

Arte: Gisele Pungan

Edição: Márcio Padrão

Aqui a gente faz um exercício de imaginação para saber o que Steve Jobs, sarcástico como só ele, acharia dos lançamentos atuais. Quinzenalmente em Tilt.

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